Querido Namorado de Aluguel • jjk + pjm

Tenho um problema, então... cadê a solução?

Em determinadas situações, às vezes é necessário fingir-se de sonso.

Inclusive, é o que venho fazendo há quase duas horas.

Jogado no sofá de qualquer jeito, encaro o meu celular e leio as últimas mensagens do grupo de WhatsApp que me colocaram sem a minha autorização.

Claro, as catástrofes sempre ocorrem sem a nossa autorização. Isso não é novidade para ninguém.

Acontece que a minha antiga turma do terceiro ano está combinando um reencontro. Eu não os vejo há oito anos, embora, no último dia de aula, todos praticamente juraram que ninguém perderia o contato.

O inevitável aconteceu, é claro.

A vida muda, as responsabilidades aparecem, e não há nada que se possa fazer sobre isso. Algumas amizades possuem um prazo de validade. E, sendo sincero, a maioria das amizades da escola somem depois do último dia de aula. É assim que as coisas são.

Taehyung foi o único que permaneceu próximo de mim, embora eu nunca tivesse dúvidas de que isso aconteceria. Ele é o meu melhor amigo desde o primeiro ano do ensino médio. É a exceção.

Inclusive, ele já se manifestou no grupo: claro que irá aparecer. Ele jamais perderia a chance de relembrar os seus anos de popularidade, porque, segundo ele "eram tempos de glória, e ninguém deve ignorar tempos de glória". Não que ele não seja popular agora. Ele sempre saiu bastante e aparecia com uma garota diferente a cada semana, mas agora está num relacionamento sério com Irene, uma mulher incrível, afetuosa, educada e que realmente consegue deixar o meu melhor amigo com os olhos brilhando. Isto é inédito. Taehyung estar envolvido de verdade com alguém me deixa feliz também.

Taehyung sempre chamou atenção das pessoas. Ele é como um modelo, livre de qualquer defeito; geralmente é o alvo de olhares longos e, claro, já está acostumado com isso. Então, quando as pessoas viram o pescoço na rua para olhá-lo, ele nem se importa mais. Faz parte da rotina. Taehyung sempre foi muito disputado, mas Irene conseguiu fisgá-lo de vez.

Gosto de vê-los juntos. Penso que eles são a definição perfeita de um relacionamento saudável.

Todos parecem animados com a expectativa do reencontro. Engulo em seco. Algo se afunda em meu estômago e eu sei que a ansiedade está prestes a me devorar como não acontecia há tempos.

Então, Kim Jongin manda mensagem para o grupo. Ele nem pensa em esconder a empolgação para reencontrar todo mundo.

A ansiedade me toma por inteiro agora, e minhas costas se apoiam no encosto do sofá por completo. Sinto minha pele grudar contra o estofado. Está tão calor.

Eu deveria estar tomando a minha cerveja agora e assistindo a qualquer filme na Netflix para aproveitar a minha preciosa sexta, mas, após me colocarem no grupo, o meu cérebro se tornou uma máquina de formular desculpas.

Mas como dizer que não poderei comparecer ao evento se ainda não marcaram o dia?

Olho para Estrelino que permanece nadando na sua pacificidade. Invejo o meu próprio peixe por um momento. Se eu fosse um peixe, não precisaria me encontrar com a minha antiga turma, poderia continuar aproveitando a tranquilidade da água sem preocupações, o que, neste calor, parece tentador.

Encaro o celular por um bom tempo. É como se fosse uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento. Eu amo a tecnologia, mas agora estou detestando o fato de estar tão acessível. Se fosse como antigamente — no tempo dos meus avós em que só a ideia de ter um celular com internet soaria como uma alucinação impossível de acontecer —, tenho certeza de que não planejariam um reencontro.