Depois de colocar todas as malas no porta-mala do carro, me despeço da minha tia, que tinha seus olhos marejados e depois de segundos me encarando, deixou algumas lágrimas caírem de seus lindos olhos castanhos, fazendo meu coração se apertar e quase desisti de ir e deixá-la novamente em sua casa enorme sozinha, mas, e o certo a se fazer e daqui a alguns meses vou ficar bastante tempo na casa da minha tia durante o resguardo para me recuperar.
Depois de alguns minutos dentro do táxi, sinto ele parar. Ao olhar para fora da janela, pude ver os vários prédios dos dormitórios em azul bebê e portões em branco. Retiro uma quantia em dinheiro da mochila, dada por minha tia minutos antes de sair de casa, e dou ao motorista. Não era uma quantia muito alta, mas daria para passar um mês ou dois economizando bastante. Saio do táxi, sendo seguida pelo motorista, que abre o porta-malas para tirar as malas e colocá-las na calçada. Depois, fecha o porta-malas e me encara.
— Obrigado, senhor. — Curvo-me para o homem de rosto jovial, corpo musculoso e cabelos escuros que cobriam parte de seus olhos.
— De nada, senhorita. Quer ajuda com as malas? — Aponta para as duas grandes malas ao meu lado que faziam conjunto com a pequena mala que carrego junto a uma mochila um pouco menor.
— Sim, por favor. — Abaixo-me um pouco e pego a alça da pequena mala ao meu lado e caminho junto ao motorista em direção à portaria do dormitório.
Ao abrir o portão principal do prédio, pude ver um grupo de alunos, alguns conversam encostados em uma parede da entrada e outros mexem em seus celulares, ignorando completamente a conversa de seus colegas de grupo, mas, param logo depois que um dos adolescentes faz um sinal com a cabeça apontando em minha direção, fazendo com que todos seus colegas tirassem as atenções da conversa e do celular para me encarar.
Ambos os adolescentes me encaram por breves instantes, logo em seguida voltam ao que faziam. Olho rapidamente todo o local de entrada, então percebo a escada de mármore cinza um pouco gasta pelo tempo a alguns metros à frente. Caminho em direção a mesma e começo a subir os primeiros degraus, segurando no suporte de ferro ao lado direito dela.
Já no terceiro andar, onde foi dito pelo diretor que seria o andar do quarto, paro no final da escada, agradecendo mentalmente por não precisar subir mais nenhuma escada por hoje, enquanto espero o motorista do táxi também chegar no final da escada. Aproveito para descansar um pouco, minhas pernas doem, chegando a parecer que acabei de correr uma maratona. Vejo o motorista de táxi parar ao meu lado com as malas nas mãos e sinto um pequeno desconforto ao ver que ele havia subido todos esses degraus, carregando todo o peso das malas.
— Desculpe por ter feito o senhor subir essa escada com todo esse peso. — Curvo-me para o homem que dá uma pequena gargalhada e balança a cabeça em negação.
— Não tem problema algum, senhorita. Eu que me sentiria muito mal se deixasse a senhorita com todas essas malas. — Coloca as duas malas no chão e puxa o suporte de ferro das duas, permitindo assim que pudessem ser arrastadas pelo chão sem nem um tipo de problema. — Aqui, senhorita. — Arrasta as duas malas até mim, colocando-as ao meu lado.
— Obrigada mais uma vez senhor. — Curvo-me mais uma vez e o homem faz o mesmo, logo após se vira e começa a descer os degraus da escada.
Me viro para o grande corredor inteiramente branco, onde as várias portas eram em marrom claro. Começo a caminhar pelo local, olhando para os números nas portas. Pego a chave que o diretor havia me dado, no bolso da calça jeans azul escuro que usava, e olho o número "09" bordado em preto no chaveiro que veio junto à chave, e no outro lado o nome e cores coerentes ao colégio.
Olho para mais algumas portas e enfim vejo o número "09" em uma. Coloco a chave no trinco da fechadura e giro, fazendo com que a porta abrisse logo depois de fazer o som de abertura e observo todo o quarto ainda da porta. Havia duas camas, uma um pouco bagunçada e outra arrumada, o que presumi ser a minha. Ao lado de ambas as camas havia um pequeno armário de madeira com quatro gavetas cada, e em cima dele um abajur.
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Parte do meu Destino
RomanceVocê acreditaria se alguém lhe dissesse que por um mero descuido, sua vida viraria de cabeça para baixo? Que sofreria uma onda de preconceito, junto a outra onda ainda maior de problemas que parecem não acabar nunca? Pois é, isso foi o que aconteceu...