Só pensei em tinta

28 1 0
                                    

Naquele instante não soube o que responder. Além de escritor, também sou pintor, mas pintar quadros nunca foi meu maior desejo, pinto por diversão. Lembro-me quando criança nas aulas de artes que fazia belos quadros. Meu primeiro retrato foi de minha mãe, que esta até hoje pendurada na parede da sala de casa. Assim que a dona Maria, nossa vizinha viu, ficou encantada, e me pediu para que fizesse um dela. Foi o primeiro dinheiro que ganhei de meu trabalho. Depois de um tempo, consegui ainda pintar outros quadros. Mas ser pintor profissional, nunca foi algo que eu almejava me tornar. Mas foi graças à pintura que conheci os livros. Elisa, uma das filhas de dona Maria, me apresentou um dos seus livros favorito "O conto das rosas", um livro encantador, logo após me presenteou com outros em troca de algumas pinturas de paisagens e pássaros que ela me pedia. Mergulhei de vez no mundo da leitura dos pés a cabeça, para nunca mais sair. E foi ali que me descobri escritor. Sou apaixonado por contar e criar histórias. E é por esse motivo que vim para o Brasil.

_Senhor Petruco. – diz Ayana ao perceber que demorei a responder.

_Perdão Ayana. Estava com o pensamento longe. – respondo _Podemos tentar sim. Alias já fui um bom pintor e foi através da pintura que descobri os livros. Minha grande paixão.

_Obrigado senhor Petruco. – diz Akin

_Nunca achei o certo a escravidão. A liberdade deve ser para todos. Todos nós temos sonhos e nenhum sonho deve ser impedido pela sua origem, orientação e cor. Aqui você vai estar seguro Akin. E eu lutarei contigo para que vosmicê seja um homem livre.

E ali pela primeira vez vejo o sorriso de Akin. Lindo, simplesmente lindo.

Pedi então para Ayana buscar alguns lençóis e fazer um colchão para Akin se acomodar.

_Vou a cidade para resolver algumas coisas. De a minha refeição ao Akin, comerei fora. – Me encaminho para porta.

_Senhor Petruco! - Ayana vem até a mim _Obrigada por me ajudar. Vosmecê não vai se arrepender, Akin é um rapaz sonhador e corajoso. Ele vai lhe fazer o que for preciso para lhe servir. – diz Ayana com um sorriso no rosto.

_Não precisa me dizer quem ele é. Vi em teus olhos – Olho em direção a Akin, que está sorrindo olhando pra gente _E a propósito, que belos olhos que ele tem.

∼ ∘ ∽

Fui até a cidade para saber como estava o comendador Henriques. E porque não compareceu ao nosso compromisso.

No meio do caminho decidi entrar no bar para beber algo, pois estava muito quente.

_Me ver uma caipirinha sem álcool, por favor. – disse eu me apoiando na bancada.

Olhei então a decoração do bar que a propósito estava bem desgastada "Isso aqui ainda vai cair se não fizerem uma reforma" – pensei.

Até que ouço em meio a tantas vozes uma que me soa familiar.

__Que nada! Esses pretos não têm futuro. Quem manda é quem tem poder. E esses escravos? Estão longe disso. – diz gargalhando.

De costas custo acreditar que era ele, comendador Henriques. Me viro rapidamente para ter certeza e logo volto e me ajeito "o que será que ele veio fazer aqui?" pensei. – Achei que tivesse acontecido alguma coisa ou ao menos acamado.

Naquele momento não soube o que fazer, argumentá-lo ou ignorá-lo. Pois era o meu futuro que estava em jogo e talvez seja ele que apostaria em mim.

_O comendador Henriques esta a quanto tempo aqui? – perguntei ao garçom que estava me atendendo.

_Tem mais ou menos duas horas que ele chegou. – respondeu. – Mas porque a duvida?

_Um amigo marcou uma reunião com ele. E ele não compareceu. - respondi

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 13, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Beleza PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora