Ouço o som das conversas ficar cada vez mais alto enquanto caminho pelo corredor claro do estúdio. Entro pela porta que me foi indicada por um dos funcionários do programa e observo que a maioria dos participantes já estava ali.
Dos vinte e quatro escolhidos para o Time Teló, pelo menos vinte já tinham chegado.
Me direciono à mini-arquibancada, tentando achar um lugar vago para sentar. Passo os olhos pelos bancos, estão quase todos ocupados.
— Maya! Aqui! — ele estende a mão, me chamando animado.
Espera, se ele escolheu o Time Teló, por que não me contou quando eu perguntei?
Vou até ele, me sentindo feliz por ver um rosto conhecido no meio de tanta gente diferente.
— Guardei lugar pra você — o loiro diz orgulhoso, sorrindo fechado. — Senta.
— Eu deveria? — brinco, já sentando ao seu lado — Você nem quis me contar que tinha escolhido esse Time.
Olho ao redor, os participantes mais atrasados já tinham chegado e a equipe Teló estava completa.
— Ah, é... então... — se enrola ao falar, me arrancando uma risada —Desculpa.
— Tudo bem, você já se desculpou guardando esse lugar pra mim — coloco as mãos ao lado do corpo, me dando sustentação no banco. — Obrigada!
— Não foi nada.
Chan é sempre tão gentil e educado, diferente da maioria das pessoas que encontrei por aqui. Procuro por um sotaque diferente em sua fala, tentando adivinhar de que lugar ele é, mas não encontro nada.
— Ei, Chan — decido perguntar e sanar minha curiosidade. — De onde você é?
— Você quer a versão longa ou curta? — levanta uma sobrancelha.
– A curta — digo depressa, querendo saber o mais rápido possível.
— Seul, depois Sydney, depois São Paulo.
— Você morou em todos esses lugares? — o olho surpresa — Deve ter gastado uma fortuna com caminhões de mudança.
Por incrível que pareça, ele ri do meu comentário bobo.
— Uhum — pausou. — Quer dizer, eu nasci na Coreia, mas fui bem pequeno pra Austrália.
— E o que deu nos seus pais pra trocar a Austrália pelo Brasil? Um canguru chutou a cabeça deles?
Assim que fecho a boca me arrependo de cada palavra que disse. Eu praticamente insultei a família dele e o lugar da onde ele veio de uma vez só. Me apresso em me desculpar, mas antes de conseguir fazer isso Chan gargalha, me deixando sem entender absolutamente nada.
— Seria bom se um canguru chutasse meu pai pelo menos uma vez — dá de ombros. — Ele merece.
Rio nasal evitando perguntar os detalhes da relação entre eles. Problemas com o pai, sei bem como é.
— Mas de qualquer forma, é bem legal morar aqui — se espreguiça. — Aqui tem o Michel Teló.
— Você gosta dele? — franzo o rosto.
Minha atenção é voltada para a porta, assim como a de todos ali. Teló aparece, entrando pela sala com um grande sorriso simpático. Todos aplaudem a sua entrada, e eu direciono meu olhar para Chan por um momento. O garoto tinha uma expressão deslumbrante no rosto, seus olhinhos puxados brilhavam intensamente e o sorriso do garoto ia de uma orelha à outra. Noto o quanto ele é bonito e como cada traço de sua face é perfeito, mas disfarço, me virando rapidamente para frente quando ele percebe que eu estava o observando.
— Bom dia, turma! — Teló nos cumprimenta, carismático.
Os burburinhos surgem, todos respondendo o bom dia do técnico ao mesmo tempo.
— Eu amo ele — Chan responde minha pergunta tardiamente, seus olhos ainda vidrados no cantor.
Rio mentalmente, achando graça na resposta do loiro. É um pouco estranho ouvi-lo dizer isso em voz alta, mas ao mesmo tempo é muito fofo.
Chan é definitivamente o primeiro fanboy do Teló que eu conheço.
Tive uma ótima impressão sobre o Time e as ideias de Michel, ele é realmente um artista incrível. A interação dele com o grupo foi muito legal e ele nos explicou detalhadamente como funcionará a primeira etapa da competição.
As Batalhas.
Não é muito difícil de entender essa fase. Duas pessoas duelam, quem ganha fica, quem perde sai.
Eu acho um pouco cruel pra falar a verdade.
Os duelos foram definidos pelo técnico logo em seguida. Com uma prancheta e um lápis nas mãos, ele foi chamando os nomes dos integrantes e os separando em duplas, até que todos estivessem com seu oponente decidido.
Sinto um pequeno frio na barriga quando Teló chama meu nome, ansiosa por saber quem cantaria junto comigo. Me direciono ao centro da sala e fico ao lado do técnico.
— Letícia, você vai cantar com a Maya — gesticula com a mão, chamando a garota ruiva para se juntar a nós.
A observo enquanto ela caminha até mim. Ela é uma garota muito bonita e parece ser bastante simpática também. Suas bochechas rosadas são cheias de sardas fofas e seu cabelo alaranjado solto até os ombros brilha como um raio de sol.
Letícia me cumprimenta com um sorriso ladino e a retribuo da mesma forma. Escutamos as instruções de Teló sobre a data do nosso ensaio e caminhamos juntas de volta à arquibancada. Passo por Chan, que faz um gesto com o braço me animando e desejando boa sorte.
Me atento ao restante da reunião, logo, Christopher também foi chamado e sua dupla definida. Tenho quase certeza que o rapaz escolhido para duelar contra ele é o mesmo que vi hoje pela manhã cortando fila no café do hotel.
Se for ele, espero que perca.
O encontro chega ao fim e nos despedimos de Teló. Todos saíam pela porta conversando animados, mas eu só conseguia pensar em uma coisa:
Metade de nós vai embora só nessa fase.
Levanto do banco, esticando as costas e os braços, havia ficado um bom tempo sentada ali. Jogo a cabeça para trás e respiro fundo antes de voltar à minha posição inicial.
— Tá com fome? — me surpreendo com a pergunta de Letícia — O que acha de tomarmos um café na praça?
Os estúdios Globo são enormes. A praça que a garota se referia era um dos vários espaços de convivência que são lotados de restaurantes, cafés e lojas de todos os tipos.
— É uma ótima ideia — sorrio.
Vai ser bom conhecer a pessoa que pode me eliminar do programa. Pode até me dar um pouco mais de segurança.
Ou...
Me deixar ainda mais desesperada caso eu comprove que o talento dela é tão grande quanto sua beleza.
Saio conversando com a ruiva, andando pelos corredores, quando sinto uma mão tocar meu ombro por trás. Me viro, surpresa com a ação do garoto.
— Maya... que bom que te ...alcancei! — ele diz pausadamente, ofegante por ter vindo correndo.
— Chan, por que correu tanto? — levanto as sobrancelhas em admiração — Podia ter gritado.
— Eu tô bem — responde, seu peito subindo e descendo rapidamente. — Você tá livre agora? Eu e meu amigo estamos indo tomar milkshake... pensei que seria legal se você viesse também.
— Ah... — sinto meu rosto esquentar com o convite — Desculpa, Chan, mas eu tenho planos com a Letícia agora.
— Pode vir junto, se quiser — ela diz com um sorriso brilhante no rosto.
— Não, obrigado — ele retribui cabisbaixo.
— Quem sabe uma outra hora, Chan?! — pergunto esperançosa.
— É... quem sabe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Want You ☆ Bang Chan
FanfictionQuanto vale um sonho? Para Maya, que decidiu se demitir da cozinha de um dos restaurantes mais famosos do país depois de sofrer nas mãos de um chefe abusivo, responder essa pergunta não era mais tão simples assim. Mas ela precisava seguir em frente...