A Aldeia no pé da montanha

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Caos completo, as pessoas corriam por todos os lados, crianças chorando, fogo caindo sobre toda a parte, alguns corajosos pegaram suas lanças e em um ato de coragem reuniram suas forças e correram em direção as grandes bestas. Antes mesmo que chegassem a usar suas armas, foram dilacerados e esmagados por dentes do tamanho de seus braços, seus corpos foram engolidos como se não passassem de pequenos pedaços de carne.

Kanut respirava ofegante encostada em um pedaço de cabana que permanecia em pé. O barulho das batidas do seu coração junto de um zumbido agudo era tudo o que ela conseguia ouvir. Por uns instantes ficou paralisada até que uma voz a despertou.

- Rápido para o rio, eles não podem nos pegar na água.
Uma senhora gritava estas palavas, pessoas de todas as idades a seguiam correndo desordenadamente.

- Cuidado eles estão vindo. Gritou um homem

Quando Kanut se virou para ele viu as chamas o  consumirem e a pele dele derretendo. Desesperada ela correu o máximo que pode, entrou no meio das árvores e foi até o rio, onde estavam as canoas. Os aldeões se jogavam sobre os pequenos barcos e partiam, alguns pulavam na água com a pele em chamas  a fim de aliviar a dor, depois nadavam até os barcos e para sobreviverem. Kanut com os olhos arregalados observava aquele sofrimento.

- Venha, venha não temos tempo. Chamou  uma mulher de dentro de um barco.

Kanut entrou na água e com a ajuda de alguns conseguiu entrar no barco, então eles começaram a  remar. Mais a frente uma das bestas os encontraram e começou a devorar aqueles perto da margem, ela diferente dos outros tinha afinidade com a água, balançou sua cauda e enormes redemoinhos na água se formaram e fora engolindo alguns barcos que iam a frente, então a besta entrou no rio e começou a come-los.

- Remem para o outro Lado! Gritou a mulher no barco de Kanut que estava mais atrás dos outros.

- Mas ir contra a correnteza é loucura. Disse um homem.

- A correntes vai nos levar para a boca da besta. Continuou a mulher.

Então remaram incessantemente até chegarem a uma parte onde o rio se bifurcava. Então a correnteza mudou e começou a leva-los para um lugar desconhecido. O rio estava agitado cheio de pedras. A força dele fez com que duas pessoas caíssem  do barco, mas Kanut se agarrou firme e não deixou ser lançada. Logo começou a aparecer muitas árvores e um galho pontudo que se quebrou atravessou o peito de um homem que estava  sentado.

- Deite-se! A mulher gritou! Para Kanut essa que se encolheu para não ser perfurada.

Enfim as águas se acalmaram, no barco onde outrora tivera cinco pessoas agora só restavam Kanut a mulher que os liderou e o homem com o galho atravessado no peito que frequentemente cuspia um pouco de sangue, ele resistia com as forças que lhe restaram mas aos poucos sua vida foi se esvaindo. Elas estavam quase dormindo quando o barco chegou em terra. De todas os pequenos barcos só o delas chegara ali.

Dois dailens de prata armados as aguardavam para saber do que se tratava, a mulher mesmo exausta se arrastou para fora do barco. Os dailens ficaram a  observando, ela tinha a pele parda e olhos puxados que pareciam exaustos, seus cabelos castanhos feitos em dreads pingavam água. Ajoelhada ela começou a falar.

- O que ela está dizendo? Você entende a língua dela? Disse o soldado de cabelos cumpridos

- Um pouco, pelo que entendi, parece que uma besta apareceu nos céus e atacou a Aldeia dela, então eles fugiram pelo rio, mas morreram. Acho que só ela sobreviveu. Contou o de cabelos curtos.

- Ótimo, então não temos mais um problema. Disse o soldado de cabelos cumpridos cortando a garganta dela.

- O que você está fazendo? Disse o outro

- Acabando com um problema. Se formos abrigar todos que tem suas aldeias atacadas por dragões não dariamos conta, eles se proliferam rápido amigo logo  o reino estaria cheio deles, por que acha que mantemos os humanos aos pés da montanha? Para que os dragões não venham para cá, se tirarmos a comida deles de lá, quem acha que eles vão caçar? Parece cruel mas é só a cadeia alimentar...

Após dizer essas palavras o soldado de cabelos longos teve seu pescoço atravessado pelo galho que Kanut acabara de arrancar do corpo do seu conterrâneo, enquanto conversavam não perceberam ela se aproximar. Estava tomada por uma fúria incontrolável, após uma de seu povo ser morta a sangue frio. Ela partiu para cima do outro soldado como uma leoa.

- Morra vermes malditos, morraaaa! Gritava furiosa.

Óbvio que Kanut não era uma guerreira e seus ataques desgovernados a prejudicaram. Na tentativa de se defender o soldado de cabelos curtos empunhalou Kanut com sua espada. Ela caiu no chão com os olhos cheios de lágrimas. O dailen segurou sua cabeça e passou os dedos nas tranças dela.

- Me desculpe, eu gostaria que fosse diferente. Disse ele na língua dela quase chorando.

Kanut ficou observando com seus olhos negros as lindas folhas verdes das árvores, com suas mãos pegou um pouco da terra escura assim como sua pele.

- Aqui é tão bonito, a terra é boa. Sussurrou ela.

- É sim, muito bonita. Disse ele.

- É calmo, não tem besta que come gente.

- Elas vivem bem longe daqui, as únicas coisas que voam no céu são os pássaros, olha como são bonitos.

Kanut olhou para os céus e observou os pássaros, eles foram a última coisa que ela viu.

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2023 ⏰

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