Wraith - O Verdadeiro Monstro é o Ser Humano

1.1: ExoCorp

11/08 - Londres - 08:50

 A luz do sol encontrava uma pequena fresta pelas cortinas da janela, adentrando o quarto como uma visita indesejada. Um pequeno feixe de luz alcançou o rosto de Zeno, nosso protagonista, que suspirou de modo cansado e se levantou da cama, os cabelos pretos estavam bagunçados e caídos sobre seus olhos, um aspecto similar ao de um fantasma. Parou na frente do espelho e analisou o que viu durante alguns segundos: Um cabelo extremamente bagunçado, como se tivesse brigado com o travesseiro, várias cicatrizes nas palmas das mãos e enormes olheiras sob os olhos, como se dormir fosse algo impossível.

 Ele jogou o cabelo para trás com a mão e suspirou.

 — Okay... A Nat vai ter um bom trabalho hoje... — Zeno bufou de modo cansado e se sentou na cama

 Trocou o pijama por uma roupa apresentável: Uma calça jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta vermelho escuro, pegou um pente e consertou o penteado bagunçado, ou pelo menos tentou fazer, saiu de seu quarto e foi até a sala. A televisão estava ligada no volume máximo, à sua frente estava uma garota de longos cabelos laranjas, usava uma camiseta preta larga e óculos fundo de garrafa, estava tão focado em seu jogo que nem percebeu Zeno no local. Só o notou depois que ele se sentou ao seu lado com uma xícara de café e começou a assisti-la jogando.

— E aí Zeno? Os remédios funcionaram dessa vez? — Nat perguntou sem tirar os olhos da tela

Zeno bebericou seu café e suspirou.

— ...

— Okay, isso é um não. — Nat disse em um tom calmo

 Natalie Romin, uma Zeny com um talento singular com tecnologias e extremamente inteligente, realmente seria uma pessoa incrível, se não fosse por seu distúrbio de comunicação e personalidade tímida, Zeno era uma das poucas pessoas que ela conseguia conversar pessoalmente. Ela olhou de relance para o mesmo e pareceu tomar um susto, pausou o jogo e olhou diretamente para ele, os olhos castanhos encaravam o cabelo de Zeno, como se a mesma houvesse acabado de testemunhar um crime.

 — Eu já volto, eu vou pegar as coisas para consertar esse acidente. — Disse gesticulando ao redor do cabelo de Zeno

 Novamente, Zeno bebericou seu café e assentiu com a cabeça.

 — Estou mesmo em uma situação tão ruim? — Ele perguntou rindo um pouco

  Natalie sequer respondeu, foi até seu quarto e voltou com uma pequena bolsa. Na lateral desta bolsa havia um desenho de Zeno que ela mesma havia feito. Zeno não gostava nem um pouco daquele desenho, ainda queria jogar fora quando Natalie não estivesse por perto. Ela ficou em pé atrás do sofá onde Zeno estava sentado e começou a pentear o cabelo do mesmo.

 — Como você consegue bagunçar tanto seu cabelo quando deita? Você fica parado olhando para o teto por horas! Na mesma posição! E ainda amanhece deste jeito! Me diga: como você consegue isso? — Ela dizia isso de um jeito bravo, mas não conseguia segurar a risada

 — Você já parou de me ofender ou ainda tem mais? — Zeno pergunta em um tom sarcástico

— Nah, não quero que você fique pior do que vai ficar. 

 — O que quer dizer? — Zeno perguntou confuso, não entendendo o que Natalie queria dizer

 Ela começou uma espécie de contagem regressiva, quando chegou ao zero, o celular no bolso de Zeno vibrou e um som de isqueiro pode ser ouvido, o som de notificação mais único do mundo. Ele levou a mão até o celular e havia a notificação de uma mensagem: URGENTE