Capítulo III

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Depois da noite que passaram juntos, Júlio e Alberto ficaram afastados por duas semanas, cumprindo o acordo da "primeira e última noite". Porém nenhum dos dois conseguiu esquecer um ao outro.

Júlio tentou resistir ao máximo que pôde às lembranças de Alberto, mas, de hora em hora, pegava-se lembrando dos beijos e dos toques dele. E para piorar a situação, só a lembrança da voz rouca, gemendo o seu nome, enquanto o montava, deixava-o tão duro que o pau chegava a babar. Já Alberto não conseguia esquecer os gemidos manhosos de Júlio, enquanto era fodido. Nem da sensação de ter o seu pau sendo engolido pelo cu dele, a cada pulsação.

Mesmo sabendo que podia ser rejeitado, insultado e até mesmo surrado por Júlio, Alberto foi atrás dele quando não aguentou mais o desejo de vê-lo. Foi atrás de Júlio contando com a sorte e, quando estacionou o carro em frente ao prédio onde ele trabalhava, segurou o volante sentindo os braços e as pernas tremerem de tanto nervosismo, bem como um intenso frio na barriga.

— Que porra é essa? — disse Alberto, baixo, olhando para si mesmo — Será que eu tô tendo um derrame?

Fechou os olhos, respirou fundo e devagar foi se acalmando e o mal-estar foi passando. Ele ficou dentro do carro até anoitecer. E quando viu pessoas saindo do prédio, tirou o cinto de segurança, saiu do carro, encostou-se a ele e ficou esperando Júlio aparecer. E quando ele apareceu, vestido em um terno preto que o deixava muito elegante, somente pelo olhar que trocaram, Alberto soube que as suas saudades eram correspondidas.

Com os olhos tremendo de expectativa, Júlio se aproximou devagar e olhou para o fazendeiro. Se ele fosse transparente, Alberto veria o coração dele batendo forte contra o peito e uma energia igual a um raio percorrendo cada veia, cada órgão, cada músculo, deixando-o aceso.

— Eu sei que a gente tinha um acordo..., mas... — Alberto tentou se explicar — Eu quero te comer de novo.

Júlio franziu o cenho confuso.

— O quê?

— É isso que tu ouviu: eu quero te comer de novo.

Júlio não aguentou e acabou rindo do que ouviu, deixando Alberto aborrecido.

— Por que tu tá rindo? Eu tô falando a verdade!

Júlio continuou rindo e, quando conseguiu se controlar, disse:

— Você acabou de ultrapassar o Reginaldo Rossi no quesito romantismo.

Alberto desviou o olhar do de Júlio, completamente ofendido por ter seus sentimentos ridicularizados por ele.

— Foram as palavras que eu encontrei pra dizer o que eu quero — defendeu-se.

— Eu fico muito lisonjeado por saber que você quer me comer de novo, mas...

— Eu sei o que tu vai dizer — Alberto torceu a boca e começou a imitar Júlio — "Eu amo a Laura, amo a minha família". "Alberto, você deve respeitar a sua família".

Júlio olhou com raiva para o homem bronco.

— Eu já sei de todo o disco — Alberto concluiu — Mas sinceramente, eu tô pouco me fodendo pra isso.

Júlio estreitou os olhos, indignado.

— Sabe, Júlio — Alberto coçou a barba — Eu não amo a minha mulher. Só tô com ela porque ela cuida da casa e fode gostoso. Os meus filhos já tão grandes...

— Eu compreendo, Alberto, mas eu amo a Laura — disse Júlio.

— Eu sei, mas tu também gosta de mim.

— Não gosto.

— Gosta sim. Se tu não gostasse não teria dado pra mim.

— Você forçou a barra.

You and I - Júlio e Alberto (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora