Trilha Dos Esquecidos

          Adam observava a janela com atenção, seus olhos mostravam apenas seu reflexo no espelho, mas sua intuição dizia algo diferente.

          - Adam, vamos. - Disse Ana. - Temos que correr, se chegarmos antes da madrugada será melhor. Não podemos arriscar.

          - Eu sei, já estou pronto. - Respondeu Ele, saindo da frente do espelho.

          Adam usava apenas uma calça jeans, uma blusa de manga e um casaco com botas que iam até seu joelho. Ana usava o mesmo apenas com cores diferentes, mas tinha em sua cintura uma pistola decorava o cinto para ser usada apenas em casos de extrema emergência.

          Os dois não passavam de seus Vinte e Seis anos de idade.

          O mundo em que viviam agora pedia por diferentes opções defensivas, após três guerras o mundo não era mais o mesmo, a necessidade por comida criou pânico e depois da grande catástrofe a escassez de água era imensa, todos esses fatores levaram o mundo a desordem e a população ao caos.

          Adam e Ana faziam parte de um pequeno grupo de sobrevivente espalhados pelo mundo, sua localização era em uma pequena cidade no interior da Bahia, as únicas notícias que tinham do mundo, vinha de um walkie talkie que encontraram em suas explorações e que os conectava com outros sobreviventes. Através dele, descobriram a existência de uma acampamento de refugiados no Espirito Santo – que faz divisa com o Sul da Bahia - e agora, partiam para lá.

          Eles já haviam saindo de São João do Paraíso no sul do Estado e estavam chegando em Bela Vista, ainda faltavam muitos quilômetros a serem percorridos e tempo não era algo que possuíam.

          Ao pegar sua mochila em cima da cama, Adam seguiu Ana e juntos seguiram pelo caminho traçado no mapa por eles. A trilha levava até a fronteira mais próxima entre os dois estados e também a mais segura, já que a existência de milícias tornava toda a região mais perigosa.

          - Ei, será que vai dar tempo? - Perguntou ele. - Não parece que vamos ter um dia ensolarado hoje e ainda temos que cruzar o Rio Jequitinhonha e se chover e ele encher? O que faremos?

          - Teremos que seguir o plano B, ao invés de ir pela trilha vamos ter que ir até a nascente e de lá cruzar até o outro lado. Vai demorar mais dois dias, no entanto, não teríamos escolha... teríamos? - Respondeu a moça confiante. - Mas não vale a pena pensar nisso agora, vamos indo, se formos rápido podemos chegar antes da chuva se quer começar, são mais ou menos oito horas de caminhada, pode dar certo.

          - Sendo assim, vamos rápido, a última coisa que quero é passar mais dois dias com você. - Respondeu Adam, brincando.

          - Como se você tivesse chance, nem meu tipo você é! - Respondeu Ana rindo.

          - Idem. - Riram os dois e assim seguiram caminho a dentro.

          [...]

                  {Em algum lugar.}

          - Vocês acreditam nisso? Eles acham mesmo que vão conseguir. Engraçado. hahahaha- Riram juntos.

          - Velho, esperança e a última que morre, só sei que já votei e vocês? - Respondeu um deles.

          - É claro que já, e aposto que eles não vão conseguir.

          [...]

          Passaram-se duas horas desde que partiram da cabana e continuaram o trajeto, o morro íngreme e cheio de obstáculos dificultavam a viagem e o tempo - que antes estava belo com o sol - agora os ameaçava com nuvens escuras e ventos fortes, a situação parecia apenas piorar.