Capítulo único

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Depois de uma noitada digna de um filme, tudo que o herdeiro dos Black queria era tomar uma água bem geladinha e dormir por doze horas seguida. Todavia, ele sabia que seria uma péssima ideia sair da balada direto para casa, Walburga estaria esperando-o com uma cinta nas mãos e desprovida de paciência, então pediu que Prongs lhe desse carona somente até o mercadinho a algumas quadras de onde morava, de onde poderia ir a pé depois de se recompor e se preparar para uma surra daquelas.

— Valeu, maninho — disse já saltando do carro.

James buzinou antes de desaparecer de vista, dobrando uma esquina em alta velocidade. Ele era péssimo na direção, mas ainda sim era o único amigo com carro no grupinho dos marotos. Sirius bufou e caminhou devagar até o mercadinho. Não se conteve, foi direto para as geladeiras e tomou duas garrafinhas de água geladas. Era como beber vida. O mercado estava sem movimento, é claro, não passava de sete da manhã, poucas pessoas estariam loucas por mercadorias tão cedo em uma cidadezinha mediana no interior da Inglaterra.

Se aproximou do caixa com uma barrinha de cereal em mãos, ele bem que preferia um sorvete, porém ainda não haviam reposto na prateleira e o Black definitivamente sentia que vomitaria com qualquer salgadinho com gosto de chulé.

— Bom dia, quanto deu? — Sirius perguntou despreocupadamente, deixando as embalagens de duas garrafinhas sobre o balcão, ao mesmo tempo em que abria a barrinha de cereal.

— Bom dia — O operador de caixa respondeu em um rosnar baixo, Padfoot quase levou um susto ao olhar para o garoto: Parecia um filhote de cruz credo tendo um dia de merda.

— Credo — murmurou sem perceber, recebendo um olhar feio do... Severus, ou ao menos aquele era o nome em seu crachá.

— Vai pagar como? — Severus respondeu de cara fechada, Sirius respondeu "Dinheiro" pouco antes de bater no bolso de trás da calça, procurando sua carteira. Não estava lá. Sua carteira não estava lá, o que significava que ainda estava no carro de James Potter.

— Droga... — falou baixo e pigarreou — Escuta, amigo, eu esqueci a carteira no carro do meu amigo. Será que a gente pode... Resolver isso de outra forma? — Sirius perguntou sem um pingo de vergonha na cara, abrindo um sorriso amarelo para o jovem a sua frente.

Severus torceu o nariz e soou o alarme de segurança.

~

Levou um bom tempo entre o mercado, a viatura e a delegacia. Contudo, agora estava com o telefone em mãos, pronto para sua única ligação de emergência. Havia gasto seu réu primário com duas garrafinhas de água e uma barra de cereais, nunca se perdoaria por isso. Discou o número arrumando coragem para enfrentar "o dragão".

— Alô, mãe? Fui preso — Os berros de Walburga teriam sido suficientes para deixar Sirius surdo, mas para sua sorte, ele virou o telefone em direção à parede bem a tempo. Contou dez minutos antes de voltar a colocá-lo próximo à orelha — Pode vir me buscar na delegacia?

— Mamãe percebeu que você não estava na linha, idiota — Regulus respondeu e Sirius passou a mão pelo rosto nervosamente — Ela mandou você meter o pé, se te ver em casa de novo te esgana.

— Pode pelo menos deixar uma mochila com as minhas coisas nos arbustos perto da cerca de casa? — O Black mais velho pediu nem um pouco surpreso — Ah, e transfere a ligação para a casa dos Potters, você não vai mesmo deixar seu irmãozinho na cadeia, vai?

— São oito da manhã, Sirius, você bem que podia ter esperado o café da manhã — O mais novo bufou — Vou transferir, mas não prometo muito sobre suas coisas.

— Valeu.

— Se cuida — E, assim que Regulus terminou de falar, a ligação foi transferida.

— Oi, tia Euphemia — Sirius coçou a nuca — Então... Eu fui preso.

~

— Não acredito que o balconista chamou a polícia por causa de uma água com gás e uma barrinha de cereal — James disse incrédulo.

— Detalhe, uma água com gás quente e uma barrinha murcha! E você acredita que ele ainda tentou me acusar por prostituição? Eu jamais me prostituiria para um caixa de mercado! O salário dele não compra uma noite comigo nem aqui nem em Vegas. Eu seria uma puta cara — Sirius respondeu ultrajado.

— Tenho certeza que seria — Prongs assentiu e abriu a porta do carro para seu melhor amigo entrar.

— Cavalheiresco, mas ei, não tem problema mesmo de eu ficar devendo a fiança para Euphemia e Fleamont? — O Black questionou, estava quebrado, sem um tostão.

— Relaxa, vamos para casa — O Potter respondeu, ajeitando os espelhos do carro antes de dar partida.

— Sua casa? — Sirius disse galanteador, ele bem que precisava de uma chuveirada e um soninho da beleza.

— Nossa casa, bobinho. Você está sem teto no momento, o que significa que sua família postiça assumiu o controle — James sorriu com isso e deu partida no carro.

— Eu AMO a minha família postiça. 


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N/a: Olá! Essa foi uma fic para levantar o astral. Os temas usados foram "Alô, mãe? Fui preso" e "Faltou dinheiro no caixa", ambos são do "Março da desgraça", um desafio do Spirit Fanfiction. Não deixe de votar e até!

Então... Eu fui presoOnde histórias criam vida. Descubra agora