A arte de se manter calado

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Haviam se passado alguns dias desde que vi Dong-Hae, mas, aquele sentimento inexplicável não conseguia ir embora, todas as noites lembrava dele ao meu lado, de seu abraço, era uma sensação tão mágica, que ainda posso senti-la.

Era 03/05/2027, Dong-Hae me manda como de costume uma mensagem perguntando como estou, entre outras coisas, mas dessa vez me perguntando se eu não gostaria de sair com ele na parte da noite em uma praça local, o dia da semana era segunda, e na terça não teria nada para fazer, logo, aceitei seu pedido. Ele me mandou essa mensagem às 16:47, nosso horário de encontro era às 21:15, um horário onde não se tem mais muitas pessoas nas ruas, pois os estudantes teriam de fazer suas lições e dormirem para acordarem no próximo dia, e os trabalhadores chegariam cansados de seus trabalhos querendo somente descansar, então teríamos a praça "somente" para nós, as árvores, a luz brilhante do luar, estrelas cintilantes no céu e a brisa fria daquela noite só para nós dois. Nós já éramos acostumados a saírmos juntos, mas, sentia que naquele "encontro", algo seria diferente, aconteceria algo a mais.

As horas foram se passando, me banhei, arrumei meu cabelo e vesti uma roupa agradável para o horário e o clima, mas antes de ir, jantei pois não iríamos passar em nenhum restaurante ou "quiosque", também liguei para meus pais para eles não ficarem preocupados caso não respondesse alguma mensagem que mandassem, eles me disseram que ainda ficariam bons dias na casa de minha vó, ela ainda estava mal -pobre senhora- mas tudo bem, a idade chega para todos nós, e com uma idade avançada, vem grandes mudanças.

A praça ficava à 20 minutos da minha casa, então saí com 5 de antecedência (às 20:50), tranquei a porta de minha casa e fui ao encontro de Dong-Hae. Eu caminhava tranquila pelas ruas desertas da cidade, só se via alguns carros passando, bêbados em bares, e até mesmo pessoas indo para baladas; a cidade ficava linda pela noite, a luz da lua clareando o caminho, o vento balançando levemente árvores e arbustos, algumas casas ainda iluminadas, outras já apagadas, as estrelas iluminando o imenso vazio do céu escuro e muitas outras coisas. No ritmo em que eu andava já estava quase chegando na praça, até que... Tenho uma sensação estranha, como se alguma espécie de vulto tivesse soado em meus ouvidos e passado a mão em meus cabelos os levantando. Imaginei que fosse o vento, nada para se temer, mas diante disso apertei o passo esperando que Dong-Hae já estivesse lá, mas novamente tenho a sensação e começo a ouvir passos atrás de mim, porém quando olho para trás não há nada, nesse momento eu realmente comecei a sentir medo, meu coração começou a palpitar muito forte, a respiração foi ficando mais pesada a cada passo que ouvia mais perto, meus olhos começando a ficarem trêmulos, pedindo por misericórdia à Deus que nada viesse de me ocorrer, até que paro de ouvir os passos, mas continuo andando quase correndo.

Faltava metade de um quarteirão para chegar à praça, e para chegar precisava de passar do lado de um beco escuro. Passando por esse beco um pouco mais tranquila por não estar mais ouvindo passos, uma mão me puxa para dentro de tal cobrindo minha boca e segurando em minhas mãos, eu tremi e gelei de pavor naquele instante, era muito escuro, não conseguia ver rosto algum, somente sentir a forte mão em minha pele, mas, essa pessoa não me fez nada, somente me segurou e tampou minha boca, e quando eu estava prestes a gritar por ajuda a tal falou bem baixinho em meu ouvido esquerdo "Fique quieta, não grite por favor, não percebeu que estou tentando te ajudar? Tem uma pessoa te perseguindo." Era uma voz masculina, forte porém dócil, por um momento pensei que poderia ser Dong-Hae, mas não era.. "Não fique com medo, vamos esperar a pessoa passar direto por esse beco, não faça se quer nenhum barulho."
-"O-ok.."(falei com a voz abafada por conta de sua mão)
-"Alí! Está vendo? É aquela pessoa que acabou de passar, vamos esperar aqui mais 2 minutos até que tenhamos certeza que não volte."(ele fala bem baixo)

Depois de dizer isso ele retira a sua mão de minha boca, e segura forte minha mão, eu rapidamente tento olhar quem seria o tal, mas era muito escuro para ver, só podia sentir o aroma de seu shampoo. Dado os 2 minutos silênciosos ele fala "Acho que o homem já foi, tome cuidado ao voltar a andar, é perigoso passar por essas redondezas sozinha, da próxima vez, tome mais cuidado, agora vá e corra para seu destino, não olhe para trás e siga seu rumo, agora vá Ha-Yun (!)." ..."Calma, o'que?!?!, Como ele sabe meu nome??" Eu me fazia essa pergunta enquanto ele me empurrava para fora do beco, eu fiquei tão impressionada que não consegui perguntar, mas o agradeci por ter me livrado do perseguidor.
Como pedido, saí correndo sem olhar para trás até chegar na praça no lugar onde Dong-Hae me esperava; minha intuição estava certa, realmente algo inóspito aconteceu, e não foi nada bom.
-"Hm(?)... Ha-Yun?...Ha-Yun!! O'que aconteceu??? Por que você se atrasou??? Você não é de se atrasar."(Dong-Hae falou com uma expressão de preocupação no rosto)
-"Dong-Hae!!!"(grito seu nome logo o abraçando fortemente com o coração a mil e respiração encurtecida por conta da corrida) Eu fui perseguida e um cara me puxou para um beco e-e-e-"
Fui interrompida por Dong-Hae dando um beijinho em minha nuca.
-"Ha-Yun, tente se acalmar para me contar tudo, respira e relaxa, agora você tá aqui comigo."
A voz mansa de Dong-Hae me acalmou,e eu expliquei a ele tudo o'que havia ocorrido no tempo em que me atrasei.
-"Ha-Yun?? Lembra que também me perseguiram na noite em que fui para sua casa (no qual esse foi o motivo dele ter dormido lá)?? Não será a mesma pessoa?"
-"Bem lembrado Dong-Hae, pode ter sido a mesma pessoa, mas...como o moço do beco sabia meu nome?? Não dava para ver seu rosto, era muito escuro, nem a luz da lua iluminava."
-"Isso é uma coisa a se pensar, mas não agora, vamos pensar que isso já passou, e você está segura aqui comigo. Tente esquecer isso, mesmo sendo difícil, e vamos andar um pouco por aqui."
-"Verdade Honi, vou tentar esquecer isso e focar na gente. Mas e então, vamos andando?"
-"Ah! Claro vamos sim Jagiya."(apelido no qual ele também me deu)

Andamos toda a enorme praça enquanto conversávamos, riamos, caçoavamos um do outro, até que Dong-Hae me fez o pedido para ir para a casa dele passar a noite, preocupado que eu pudesse novamente ser perseguida, e como eu ainda estava receiosa de passar por lá de novo, aceitei, então saímos dali seguindo rumo à casa do Dong-Hae. Ele morava sozinho, a casa dele era mais perto da praça local, então ele poderia sair um pouco depois de casa que ainda sim chegaria no horário.

Somente quando estávamos indo para sua casa, pude perceber o quão bonito ele estava naquela noite, mas para falar a verdade, quando Dong-Hae não estava bonito não é mesmo? Rs...seu cabelo preto azulado iluminado pela lua, seus olhos cor de mel cintilantes como as estrelas do céu, sua pele clara que se destacava de sua roupa em tons escuros, sua boca rosada como sempre, Dong-Hae parecia ter saído de um conto de fadas no qual ele era o príncipe mais lindo de todos os reinos. A beleza de Dong-Hae era realmente muito encantadora, sem deixar faltar seu brinco em sua orelha esquerda, o pingente do brinco era como uma folha de árvore em prata, lembro desse brinco ser um par em que ele comprou, mas disse que ele ficaria com um e eu com o outro, para usarmos iguais, e naquela noite eu estava com esse brinco em minha orelha direita, Dong-Hae era tão amável... Guardo e uso esse brinco até hoje. Eu amava tirar fotos com ele e cada um de nós estarmos com um dos brincos, haha, nos completavamos... Esse brinco tem muito significado pra mim, Dong-Hae quem me deu, por isso o guardo e uso, é como uma lembrança que ele me deixou; Eu amo Dong-Hae e seu instinto de saber que eu iria um dia olhar para esse brinco e outra coisas que ele já me deu, e lembrar dele... Eu amo.

~Continua nos próximos capítulos

Tive de aprender a dizer "Adeus"Onde histórias criam vida. Descubra agora