Para as pessoas que, como eu,
acharam um refúgio na leitura e na escrita <3***
URIELA𝔈u o observava enquanto ele se vestia. Lindo, forte e tão frio e distante, esse era Apolo, meu marido. Na verdade eu nem ao menos sabia se devia chamá-lo assim. Sim, é verdade que nós somos casados, mas não vivemos e agimos como marido e mulher, eu era mais uma égua reprodutora do que qualquer outra coisa, apesar de ser a rainha. Apolo apenas aparecia em meus aposentos cinco dias a cada mês, quando os curandeiros diziam que eu estava em meu período fértil, isso não pode ser chamado de casamento, pode?
Imagine seu marido te odiar ao ponto de só aparecer para te engravidar, de fato é uma coisa horrível. Curandeiros diariamente vinham visitar os meus aposentos e me examinavam de todas as formas que podiam, já fazia cinco anos que éramos casados e até agora eu não havia engravidado. Eu, assim como todos ao meu redor, comecei a pensar que era estéril, mas todos os curandeiros diziam o contrário, e o problema também não era com Apolo, que já tinha um bastardo com uma de minhas damas de companhia. Talvez nós dois tivéssemos apenas uma grande falta de sorte.
Não é como se eu não soubesse das amantes do meu marido, a verdade é que eu sempre soubera deste fato. No começo da nossa união, eram apenas prostitutas, mas quando minha dama de companhia ficou grávida e Apolo parecia estar preocupado de mais, não foi difícil ligar os pontos, se eu não engravidasse, o bastardo de meu marido herdaria o trono, e isso seria uma grande vergonha para o reino.
De fato eu gostava da criança, Jack, ele é uma graça, mas vê-lo todos os dias apenas me lembrava de meu fracasso, mas como ele ficava com a mãe no salão das mulheres, eu não tinha muita escolha. Sim, sou a rainha e não tenho escolhas. Apolo ordenou que o filho convivesse ali e me impediu de expulsar a mãe dele do palácio, e isso eu podia entender muito bem, não era certo que uma criança ficasse longe de sua mãe, mas ao menos desejava que minha dama de companhia fosse abstida de suas funções, porém, o rei não permitiu e também nunca parou de passar algumas noites com ela.
- Como andam os preparativos para o ritual de inverno?- Apolo perguntou se virando para mim.
- Está tudo de acordo com o cronograma, não precisa se preocupar com nada- me sentei na cama com o lençol cobrindo os seios.
- Ótimo, te vejo amanhã à noite- e assim ele saiu.
O único consolo que eu tinha era saber que meu marido nunca me forçou a dormir com ele, pelo menos quanto a isso ele me respeitava e jamais havia tocado em mim contra minha vontade.
Eu sabia que nunca houve muito amor em nossas relações, a gente trepava e era isso, ele ia embora, apenas sexo, sem sentimento ou afeto, apenas sexo. Não é como se eu não tirasse prazer do ato, pelos deuses, eu me deleitava com aquilo, mas não tinha sentimento algum, às vezes eu e Apolo nem ao menos nos olhamos enquanto tranzamos. Era difícil pensar que nem sempre havia sido assim.
Minhas pernas estavam um pouco doloridas, sempre ficavam assim quando Apolo vinha me ver. Mas me levantei com um pouco de dificuldade e fui até a penteadeira, então me olhei no espelho por um tempo pensando no quanto minha vida havia se tornado monótona. A porta do quarto foi aberta e uma criada, que aparentava ter uns quarenta e cinco anos, adentrou, ela fez uma mesura e, sem dizer uma palavra, preparou a banheira para meu banho.
- Majestade, a senhora quer que eu chame alguém para ajudá-la?- a criada perguntou de cabeça baixa.
- Não.- Foi só isso que respondi com um tom de voz seco.
Com uma reverência a criada saiu, prendi meus longos cabelos loiros em um coque e entrei na banheira deixando a água morna me envolver e inebriar meus sentidos, encarei o teto por um momento e pensei em como era fácil acabar com tudo aquilo, bastava apenas que eu resolvesse que queria mesmo fazer isso e pronto, eu estaria no próximo plano, na próxima vida. Talvez essa seja mesmo a resolução dos meus problemas, talvez fosse o melhor que eu poderia fazer, talvez seja apenas fechar os olhos e se deixar levar.
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Amor e Caos: a história de um amor condenado
Fantasía(Versão em inglês disponível em breve) Uriela foi obrigada a se casar e agora vive uma vida sem felicidade ou qualquer alegria, embora nem sempre tenha sido assim. Ela estava cansada dessa vida, uma luz no fim do túnel aparece e ela se agarra a isso...