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1 dia depois

Um helicóptero militar havia passado por aqui, quase nos levando para o abrigo. Acredito que a decisão de não nos resgatarem tenha sido por minha causa, talvez eles achassem que todos éramos como eu.

Agora, a chuva caía torrencialmente e parecia não ter fim. O sol estava se pondo, e estávamos debaixo de uma cobertura, refletindo sobre o que fazer.

— Podemos perceber que a polícia não irá nos ajudar. Temos que fazer isso sozinhos! — declarei.

— O que deveríamos fazer? — Hyohyeong perguntou, seus olhos fixos nos meus. Pensei por um momento e, então, uma ideia me ocorreu.

— Vamos para a cidade. Deve estar tomada também, mas é melhor do que ficar presos aqui. Podemos ir para as montanhas depois. — sugeri. Todos assentiram e saímos com cautela. Descemos as escadas e corremos para fora.

Os trovões ecoavam em meus ouvidos, causando uma dor latejante, mas eu suportava. Estava de mãos dadas com Suhyeok, corríamos e desviávamos dos mortos-vivos que se agitavam com o barulho alto.

Entramos no ginásio junto com outras pessoas que eu desconhecia. O lugar estava em completa escuridão, mas não estava vazio.

— Corram! — gritei alto o suficiente para todos ouvirem. Um raio caiu do lado de fora, iluminando por um instante a grande quantidade de zumbis ali presentes.

Corremos para uma sala de equipamentos e a trancamos. Todos estavam tristes e exaustos. Sentei-me afastando os fios molhados que caíam em meu rosto. Suhyeok sentou-se ao meu lado e ficamos em silêncio.

A chuva parecia ainda mais barulhenta e intensa. Tapei meus ouvidos com as mãos e mordi o lábio para não gritar. Senti algo envolvendo minha cabeça: os braços de Lee. Encostei minha testa em seu peito e fechei os olhos, enquanto ele acariciava meus cabelos na tentativa de me acalmar.

[...]

A luz do sol batia em meu rosto. Coloquei a mão à frente, abrindo os olhos com dificuldade. Ainda estava abraçada com Suhyeok, deitados no chão. Seu braço estava sob meu pescoço e sua outra mão na minha cintura, me abraçando.

Estávamos muito próximos, mas aquilo não me incomodava. Acariciei sua bochecha e afastei alguns cabelos que caíam em seu belo rosto. Lee Suhyeok era muito bonito e só de pensar que dormi agarradinha com ele, meu estômago se enchia de borboletas. Aproximei-me dele sem pensar e dei um beijo em sua testa. Quando me afastei, percebi que ele me olhava fixamente, de um jeito tão intenso que meu rosto queimava. Levantei-me meio sem jeito, mas ele me puxou, fazendo-me cair com tudo. Soltei um gritinho de susto que foi rapidamente silenciado pela mão dele. Ele retirou a mão com cuidado, certificando-se de que eu não iria gritar novamente.

Nossa posição era estranha: eu estava em cima dele e seu peito subia e descia como o meu. A sala estava silenciosa, apenas o som da respiração dos nossos amigos adormecidos. Nosso contato visual não se quebrou, e eu não sabia o que ele queria. Lee colocou uma mão na minha bochecha e a outra na minha cintura. Arrepiei-me pelo ato, e o que eu mais esperava aconteceu: ele juntou nossos lábios em um beijo. Um selinho demorado, mas ainda assim, meu coração quase parou de emoção e nervosismo. Nunca havia sido beijada antes, então não sabia o que fazer. Apenas afundei minha mão no cabelo dele, arranhando um pouco sua nuca. Ele soltou um suspiro abafado e me separei dele. Seus olhos estavam fixos nos meus e ele tinha um sorriso bobo no rosto.

— Bobo! — ri e me deitei ao seu lado novamente. Ficamos nos olhando em silêncio até os outros acordarem.

Eu nunca estive tão feliz. Meu sorriso ia de orelha a orelha. Acho que estou apaixonada.

— Suhyeok, eu... — comecei, mas as vozes dos outros na sala me trouxeram de volta à realidade.

Levantei-me e dei um "bom dia" para todos, mesmo não sendo nada bom. Aproximei-me das duas meninas que eu não conhecia, elas conversavam com Woojin. Sentei-me e as cumprimentei.

— Ela é minha irmã — Woojin informou. Hari tinha o cabelo preso e vestia um casaco branco igual ao da outra menina. — E essa é... — Woojin ia apresentar a garota de franja, mas percebeu que não sabia seu nome.

— Mijin, Park Mijin. Eu estudo aqui. — a garota parecia ter uma personalidade forte.

Daesu apareceu e começou a se declarar para Hari, que escutava tudo em silêncio. Isso não ia acabar bem. Dito e feito, Hari começou a bater em Daesu, que se escondeu entre grades com bolas dentro, tentando se proteger.

Depois do ocorrido, eu e Suhyeok não trocamos mais nenhuma palavra. Às vezes, o pegava me encarando e eu fazia o mesmo.

— Gente! — Suhyeok falou, chamando a atenção de todos. Ele olhava para as cestas feitas de grades como se tivesse tido a ideia mais inteligente de todas.

Ele nos explicou seu plano: usar as cestas com rodinhas como um tipo de escudo contra os zumbis. Joonyeong queria fechar as laterais e Mijin queria fechar o teto, para que pudéssemos nos esconder dentro delas.

Estávamos debatendo para decidir a melhor opção, e a ideia de Joonyeong venceu. Montamos tudo e nos preparamos, mas tive uma ideia de última hora.

— ESPEREM AÍ, GENTE! — fui até Suhyeok e Joonyeong, que estavam na porta. — Eu posso ir primeiro e manter os zumbis afastados.

— Nem pensar, isso é perigoso! — Suhyeok tentou interferir.

— Suhyeok, eu sou imune aos zumbis, esqueceu? — ri e afaguei seus cabelos. — Vai ficar tudo bem!

Segurei sua mão e olhei para Joonyeong, pedindo passagem. Ele parecia confuso, talvez não acreditando em mim.

Saí correndo e gritei, atraindo os mortos-vivos para longe da porta de saída. Meus amigos saíram e rapidamente formaram o círculo. Com dificuldade, tirei alguns zumbis que estavam quase entrando no círculo. Depois de minutos que pareceram séculos, entrei junto com eles, mas a porta não estava abrindo e os zumbis se amontoavam cada vez mais. Dei alguns chutes na porta, mas nada dela abrir. No desespero, impulsionei-me para trás e corri, dando um pulo e um chute na porta. Mas, em vez de acertar a porta, acertei o chão, pois alguém a havia aberto por fora. Cai de bunda no chão e Jooyeong me ajudou a levantar.

— Até que a ideia não foi tão ruim, nerd! — comentei, e o menino sorriu de lado.

— Hyeji! — Suhyeok veio até mim e me abraçou com força, como se tivesse medo que eu fugisse. — Fiquei com tanto medo.

— Você sabe que eu só vou morrer quando eu quiser.

❝𝐙𝐎𝐌𝐁𝐈𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋❞ - lee suhyeok. Onde histórias criam vida. Descubra agora