𝐀𝐭𝐞́ 𝐎𝐮𝐭𝐫𝐚 𝐕𝐢𝐝𝐚.

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O dia estava nublado. O céu carregava nuvens acinzentadas prontas para descarregar a água presa nelas pela cidade. Mitsuya não estava com um guarda-chuva, mas não se importava caso a chuva pegasse ele.

A cabeça de Takashi pensava em até como o tempo tinha entendido o que aconteceu. Desde o dia da tragédia, o céu havia fechado e o sol não ousou em aparecer, parece que até a natureza estava triste também.

— Você vai embora agora? - Draken falou suave, tirando Mitsuya do transe em que estava.

— Não… Mas podem ir se quiserem.

— Certeza? Não queremos deixar você sozinho.

— Podem ir, não irei demorar aqui. - Takashi fungava a cada palavra proferida de sua boca.

Draken assentiu sem dizer mais nada, apenas deu um abraço curto e desajeitado no amigo e saiu de lá, sabia como Mitsuya estava e não quis prolongar o assunto com ele, conversariam quando o de cabelo lilás chegasse em casa.

Takashi olhava a lápide incrédulo. Relia milhares de vezes o nome que estava escrito ali e não queria acreditar, piscava freneticamente os olhos buscando sair do pesadelo que se encontrava, mas nada mudava.

[Nome] estava cravado ali, junto com a data de nascimento e do óbito.

O estômago do garoto embrulhava cada vez que lia o seu nome cravado na pedra. Não tinha chorado até agora, seu corpo parecia estar num estado de choque tão intenso que não conseguia esboçar nada além da ansiedade. Era uma sensação horrível para o rapaz, assim como seria para qualquer outra pessoa.

Parecia que seu próprio cérebro estava o auto sabotando, mostrando para ele flashes do dia em que tudo tinha acontecido. Queria deletar esse dia, esse ocorrido na mente dele.

No dia, Takashi estava indo para casa dela, como já era de costume para o rapaz. Ele carregava um girassol na mão, era a flor favorita da menina e não hesitou em pegar um do canteiro que tinha a caminho, mesmo chovendo.

Ele estava feliz, mais feliz do que o normal. Não lembrava o motivo em especial, vai ver era por que sua moto finalmente ficou pronta na mecânica, ou simplesmente era outro motivo, mas ele estava muito feliz.

Mitsuya não apertou a campainha ou bateu na porta, era praticamente de casa e só dava um grito para avisar que estava entrando, e assim ele fez. Geralmente, ou ela ou a mãe dela retribuía o chamado do garoto, mas naquele dia, ninguém disse nada para ele.

Achou por uns segundos que elas tinham saído, mas caso tivessem, não teriam deixado o portão da frente aberto, e ele estava. Então, logicamente, deduziu que elas estivessem em casa. Mitsuya andava pelo lugar tendo o barulho dos sapatos abafados pelo carpete que cobria o chão, procurou por alguém no primeiro andar mas não obteve resposta alguma.

Foi então até o segundo andar, escutando um choro quase inaudível de tão baixo que estava, vindo do banheiro. Seguiu até o cômodo em passos curtos, não sabia o que encontraria lá e estava com receio.

Perto da porta, encostou com cuidado o ouvido na madeira, escutando melhor o choro. "É a mãe dela?", Mitsuya pensou, arqueando a sobrancelha por não entender o que estava acontecendo.

— Tia? - chamou pela pela mais velha, que não falou nada, apenas gemeu em resposta. — Tá tudo bem? Posso entrar aí?

O "Uhum" da mulher saiu embargado. Takashi estava com medo, ficou com a mão repousada no metal até ter coragem o suficiente para abrir a porta de carvalho. Quando abriu, desejou com todas as forças para que tudo que estava vendo naquele banheiro, fosse fruto de um pesadelo.

𝐀𝐓𝐄́ 𝐎𝐔𝐓𝐑𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀, takashi m. Onde histórias criam vida. Descubra agora