1. Parece Ironia

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Como eu queria que aquela semana de adaptação passasse voando!

Cheguei ao campus de minha universidade e minha ansiedade estava a mil por hora. Depois de ter sido reprovado no vestibular retrasado, havia perseverado e venci na segunda tentativa e finalmente fui aprovado para o curso de Ciências Econômicas.

Agora sou da federal, porra!

Minha maior inspiração durante os preparativos para o vestibular foi o meu primo Ian. Ele já estava no terceiro período da faculdade de Ciências Contábeis e no meu primeiro dia letivo, marcamos de ir juntos para ele me apresentar às instalações da universidade.

Nós dois morávamos na mesma rua, na Baixada Fluminense. Era um bairro razoável. Tínhamos uma vida financeira boa, mas a minha vida já foi um pouco mais luxuosa, quando eu morava no Centro do Rio e fiz todo o meu ensino médio no Colégio EMA, um colégio muito conceituado, frequentado por "filhinhos de papai". Eu era um deles, mas nossa vida financeira mudou bruscamente quando uma crise econômica afetou o país e atingiu os negócios do meu velho. Por consequência, ele teve que vender o apartamento que a gente morava na zona sul do Rio e voltar a morar na nossa antiga casa em Nova Iguaçu. Mas meu pai sempre foi guerreiro e me disse que esses infortúnios podem acontecer e que ele estava correndo atrás para voltar a ter a mesma vida que a gente tinha.

Eu até gostei de voltar a morar no meu antigo bairro por conta da proximidade que a gente tinha com as pessoas. Morar em um apartamento me fazia sentir um pouco preso, porém estava a poucos minutos da praia e das principais atrações do centro agitado do Rio de Janeiro. A vida tem esses altos e baixos mesmo. O fato de eu ter sido aprovado para a faculdade que eu tanto queria fez esse processo da mudança ser menos doloroso para mim.

No primeiro dia de aula, Ian e eu embarcamos em um ônibus lotado para chegarmos ao nosso campus. Depois de quase duas horas chegamos à universidade. Eu não cansava de admirar a beleza das instalações. Já havia ido àquele local diversas vezes no início do ano para fazer a matrícula e levar alguns documentos pendentes, mas a ficha ainda não tinha caído de que eu estava realmente naquela cidade universitária e de que eu faria parte dos habitantes pelos próximos anos.

Minha sorte era ter um veterano ao meu lado e ele ter a paciência para me guiar e me mostrar todos os lugares que eu precisava ir. No primeiro dia, teve palestra de apresentação do curso e boas-vindas com o coordenador do meu curso, o Dr. Marcelo Braz. Ian, como não tinha nada para fazer ainda, ficou comigo durante aquela palestra, que durou um pouco mais de uma hora.

A primeira semana foi mais ou menos isto: apresentação dos professores, alguns até iniciaram alguns tópicos importantes de aula. Houve alguns trotes e eu fui pego por eles. Era o que eu mais queria: sair todo pintado com tinta guache, peito desnudo para pedir dinheiro na rua com os meus amigos de curso para a primeira confraternização elaborada pela Atlética.

Na segunda semana as aulas se firmaram. Eu vivia indo à reitoria para ver como andava o meu processo de solicitação de residência estudantil. Era muito cansativo ter que ir e voltar de ônibus lotado todos os dias para o campus. Ainda mais na horário de pico.

Como Ian já havia conseguido alojamento, cedeu-me, clandestinamente, um espaço para que eu dormisse no chão em seu quarto. Levei meu colchonete e lá me instalei durante os primeiros dias. Estava torcendo para conseguir logo moradia porque não dava para ficar muito tempo ocupando o quarto de meu primo, que já era minúsculo e sabia que ele precisava de privacidade.

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