Isabel saiu do prédio. Óculos escuros. Cumprimentou o senhor, falaram da chuva que caia; "Deus que está chorando pela sua criação", dizia a barba branca com sotaque estrangeiro. A jovem parou na banca de jornal, na pressa esqueceu a carteira. Cumprimentou o jornaleiro, disse "Eu trago amanhã", referindo-se ao pagamento. Sem malandragem, ela iria. Saiu pensando; "Eu trago amanhã. Eu trago a manhã". E seguiu. Com as notícias enroladas entre as costelas e o antebraço. Acendeu um cigarro.
Berta, de lenço no pescoço. Sentava na mesa do café, com os dedos entrelaçados na caneca. Um caderno. Uma caneta. Via passar a cabeleira enrolada, de andar boêmio. Era Isabel, mas ela ainda não sabia. Bebia. Disfarçava. E acompanhava com os olhos aquele andar, que acompanhava todos os dias. A moça que ela nem conhecia. O sangue vibrava... Parecia que Platão se sentava com ela quando ela passava.

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Namoradas
Short StoryPersonagens comuns e histórias do cotidiano. Contos clichês, mas com pessoas LGBTQ+