Uma carta para Giovana

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Fico olhando para as suas fotos. Com você sorrindo largo, fazendo pose. Eu sempre admirei o quanto você era autêntica. O quanto era livre e se reinventava. Não importava quantas vezes ou de quanto alto você caía. Sempre levantava. Mais brilhante, como uma fênix.

Mesmo quando eu não queria levantar. Você levantava. E dizia: "Eu tenho sorte porque eu sou criativa e posso conquistar o que eu quiser. E eles nunca vão ter isso".

Eu te admirava. Eu queria que você gostasse de mim. E você gostava. Eu queria andar com você e pegar na sua mão. E a gente dividia o fone de ouvido. Eu ficava feliz que você ouvia as músicas que eu escolhia, não era difícil para você fazer isso. Você queria. E eu queria que você encostasse em mim. E você encostava.

Eu vejo suas fotos e lembro que eu queria passar a noite toda dividindo a mesma coberta, ouvindo você contar suas histórias. Vendo seus olhos brilharem a noite, depois que eu me acostumava com o escuro. E eu queria que você me beijasse. Porque eu não tinha coragem, tinha que ser você. Você queria?

Eu queria saber como te contar que eu queria estar ali para sempre. Não como uma árvore morta e seca. Não apodrecendo como a eternidade. Não no ali que o ali era. Eu queria estar ali para sempre vendo você crescer.

Eu queria que você se sentisse segura tanto quanto você fingia ser. Eu queria. Eu queria que você estivesse segura. Mas você não estava.

Você dizia que a gente podia ter tudo que a gente quisesse. Que era uma questão de tempo. Que não importava em qual prisão te colocassem. Você nunca ia deixar de incomodar. A fênix reerguida, indestrutível.

Eu mentia por você. E eu tinha medo que você não mentisse por mim. Eu tinha medo que você não quisesse ficar ali também. Eu tinha medo de tanta coisa.

Eu menti para você. E eu tinha medo que você mentisse para mim. Porque eu tinha medo da verdade. E eu tinha medo de dizer todas as coisas que eu queria. Eu tinha medo de querer o que eu queria.

Mas eu queria. E eu acho que você sabia.

Quando tudo começou a desmoronar eu não te defendi. E eu tentava segurar tudo com as mãos e via a areia fina dos nossos quereres escapar entre os meus dedos.

Eu vejo suas fotos sorrindo e eu lembro de quando a gente se despediu, mesmo sem se despedir. A gente correu juntas e deu risada. Muita risada. Você disse para eu olhar para cima. E eu olhei. Mas era tarde demais.

Eu sinto tanto. Porque eu não podia ser forte e brilhante como você naqueles dias. Você não precisava ter que ser fênix nenhuma. Você seria ainda mais forte e brilhante se não precisasse se reerguer tanto. Não era culpa sua. E não era culpa minha.

Eu ouso te pedir desculpa. Porque eu não te protegi. Porque eu menti para você muito mais do que por você. E eu não queria que fosse assim. Mas você não precisa aceitar desculpas nenhuma.

Eu vejo suas fotos e penso se você também se sente assim. Tão pendente. Tão inconcluída. Porque eu queria conseguir concluir as coisas, para que elas finalmente sejam. E para que eu finalmente seja. Eu queria poder concluir esse texto. 

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⏰ Última atualização: Apr 04, 2022 ⏰

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