Gato

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O tão temido som da porta se abrindo, seu rangido, a maçaneta girando, seguido de sons de passos, tudo fazia meu corpo tremer e os pelos do meu corpo arrepiar. Porém meu corpo também já sabia o que fazer, automaticamente me levantei do sofá e fiquei de quatro no chão, engatinhando até encontrar o homem de cabelos curtos, com mechas roxas e pretas, que me olhou com olhos gentis e um sorriso acolhedor.

-- Estou de volta em casa.. Panqueca ~ Disse com uma voz doce e agradável de se ouvir.

-- Miaw..~ Respondi, minha voz rouca e seca. -- Bem vindo de volta pra casa.. Ran

Ran acariciou minha cabeça como forma de aprovação, fazendo um gesto com a mão, me dando o sinal de que eu tinha permissão para ficar de pé, assim que o fiz me deu outro sinal, para que eu pudesse falar normalmente como um humano de novo.

-- Eu fiz sua comida, não sabia que horas voltaria para casa, então comi primeiro.. mas eu posso te fazer companhia, se quiser.

-- Seria ótimo, comer sozinho é meio deprimente, vou tomar um banho primeiro. - Assim que retirou seu paletó de seu terno roxo e me entregou em mãos, foi direto para o banheiro do quarto se banhar. Minhas pernas começaram a tremer assim que ouvi o som da porta do banheiro abrindo e fechando.

Coloquei seu paletó em um cabide e o coloquei dentro do guarda-roupa, assim fui para a cozinha retirar o prato de legumes, arroz e carne da geladeira e o colocar no microondas. Esperei em frente ao eletro doméstico fazer seu trabalho, vendo aquele prato girar dentro de uma caixa de metal que produz calor. Fiquei tão hipnotizado com aquele loop, que não pude notar a mão molhada que se enrolou pela minha cintura, me puxando para trás, mesmo usando sua camisa mais larga, pude sentir seu membro dentro de sua cueca entre minhas pernas, estava seco, diferente do resto de seu corpo que estava molhado.

Ran aproximou seu rosto do meu pescoço, senti sua respiração quente, seus lábios molhados que tocaram minha pele calmamente, com gentileza, que me fez engolir em seco e estranhar seu comportamento doce até agora.

-- Estava te esperando no banho.. por que você não veio? - Perguntou, esfregando seu rosto em meu ombro como se fosse uma criança mimada pedindo doce a sua mãe.

-- Desculpe, pensei que quisesse um tempo sozinho, depois de ter passado o dia fora.. achei que não quisesse ser incomodado. - Respondi, sem tirar os olhos do prato, ou me atrever a olhar seu corpo seminu e pingando água. -- Irei da próxima vez..

-- Não, não tem graça assim. - Olhou por cima do meu ombro o que estava fazendo, sua mão que não estava em minha cintura se fez presente sobre minha cabeça, arrancando aquilo que eu mais tinha ódio de usar. -- Essa tiara já está velha, vou comprar uma nova amanhã.

Assenti com a cabeça, e assim que o tempo limite do microondas terminou peguei o prato e o coloquei sobre a mesa, Ran havia sumido de vista, indo direto para o quarto, uma gota de suor desceu pela minha testa ao ver a tiara com orelhas de gato preto com lacinhos vermelhos jogada no lixo da cozinha. Senti enjôo e um mau estar. Ran havia voltado, vestindo uma roupa mais confortável e folgada para dormir.

-- Pode se sentar comigo na mesa. - Foi o que disse antes de se sentar e começar a comer, puxei uma cadeira e me sentei a mesa, não falei nada, nem se quer ousei respirar mais alto. -- Tem algo pra me contar?

Engoli em seco, minha garganta nunca parecia tão seca quanto agora.

-- Bom..  - Comecei, nervoso. -- Eu estava pensando, em adotarmos um bichinho de estimação... Um gato de verdade! Ou se não.. um cachorro, eu não aguento mais viver send-..

Me arrependo de ter dito essas palavras no mesmo instante que as disse, quando Ran parou de mecher em seu prato me encarando de canto de olho, o medo se intencificou em meu corpo, me fazendo tremer as pernas.

-- Porquê eu precisaria de um bichinho de estimação, quando eu tenho você? - Seu tom de voz havia mudado, mas não estava gritando, foi então que Ran puxou um punhado dos meus cabelos, trazendo para próximo de seu rosto, seu rosto que normalmente expressava um sorriso fraco de prazer tinha sumido, seu olhar era ameaçador. - Você é minha gatinha Panqueca!

Ran soltou meu cabelo finalmente, se levantou da cadeira e saiu em direção a cozinha, enquanto eu lutava para segurar as lágrimas e encarava a mesa com um olhar sem esperança. Ouvi o som da geladeira se abrindo e depois de algo sendo despejado, algo líquido.

-- Venha aqui Panqueca. - Chamou, e assim que tirei os olhos da mesa, uma tijela laranjada com leite estava no chão da cozinha, Ran estava abaixado de cocoras ao lado da tijela, com uma caixa de leite na mão. Meu corpo se moveu sozinho, andando de quatro até a tijela. -- Isso mesmo, boa gatinha.. - Encarei aquela tijela de leite em minha frente, tão humilhante, que tipo de  humilhação é essa. -- Não está com fome? Estava berrando bobagens agora pouco.. vamos, toma a droga desse leite!

Seu tom de voz aumentou abruptamente, e por medo aproximei meu rosto da tijela, estendendo minha língua até o leite, o bebendo com dificuldade.

-- Por quê você está fazendo isso?.. - Perguntei, lágrimas escorriam do meu rosto sem parar, e caiam na tijela de leite se misturando com ele.

-- Porque eu gosto de você, isso é tudo, mas se você não gosta está livre para ir, sabe disso.

Me sentei no chão e me virei para encarar a porta que daria para a minha liberdade, é mesmo, eu podia sair desse inferno quando quisesse, então.. porquê eu não consigo? Pernas, se mecham!

-- Você não pode não é, a liberdade está tão próxima, mas também tão longe.. - Podia escutar a voz de Ran, mas estava com minha visão fixada na porta bem alí. Senti ele se aproximar de mim, abraçando meu corpo fortemente, seus braços me prendendo como se dependesse disso, mas sabia que não sairia correndo por aquela porta. -- Seu corpo sente, não sente? Nas últimas três semanas você viveu como meu bichinho de estimação, minha amada Gatinha Panqueca, todas as vezes que transamos eu sussurava em seu ouvido o quanto "te amo", se eu não batesse no mínimo 10 vezes por dia até que você aprendesse a se comportar, não acha que isso não seria estranho se virasse uma chave de prazer, certo? Se quiser sair, saia. Mas nunca mais vai ouvir eu dizer "Eu te amo" ou te tratar como minha gatinha Panqueca. Seu corpo acabou de estremecer de novo, não é? Você se tornou um corpo que não pode viver sem meus toques e sussuros. Bom, tente se reconfortar só.

Ran se soltou de meu corpo e se afastou, um frio se alastrou rapidamente pelo ambiente, andando até a sala, seus pés pisando sobre o chão, cada passo era como uma se ele estivesse batendo em minhas costas com um bastão, me levantei do chão, meu corpo parecia frio como um cadáver, eu sempre fui tão frio assim?

O som da TV agora tomava conta da casa que antes estava em completo silêncio, Ran estava sentado no sofá fingindo estar interessado no que passava na TV. Meus pés se arrastaram pelo chão,como se fosse um morto vivo andando, me arrastei até a sala para ficar em frente a ele, que me encarou com um sorriso vencedor no rosto.

-- Venha aqui.. - Disse, dando tapinhas em sua coxa. -- Seu olhar se assemelha a um olhar de peixe morto, já viu o quão patético você está agora?

Não respondi a sua provocação, apenas me aproximei e o abracei, me sentando em seu colo, minhas pernas dobradas e abertas deixando seu corpo entre elas, era um pouco desconfortável já que Ran também estava com as pernas abertas, e o rabo de gato preto preso a minha cintura por um cinto ficava entre suas pernas, pude sentir sua mão acariciar e puxar "meu rabo" como se fosse realmente o rabo de um gato que acabará de pular em seu colo pedindo para receber carinho.

Mal sabe ele, que estou encarando o quarto enquanto ele me acaricia, com olhos de pura raiva, eu guardo uma tesoura embaixo do meu travesseiro todas as noites, a faca está posicionada estrategicamente na pia da cozinha, esperando o momento em que ele vá se deitar, ou então me penetrar com aquele maldito pau dele, em seu momento de ouro prazer, eu perfurarei seu peito com a tesoura, enquanto ele se desfaz dentro de mim, ou então quando estiver dormindo, vou caminhar silenciosamente até a cozinha e pegar a faca, vou esfaquea-lo pelas costas. E se ele tentar fugir, minha coleira está na mesa da sala, vou sufoca-lo até seu último suspiro com ela.

Panqueca é sua gatinha morta, a gatinha que eu matei atropelada, foi um acidente. Mas agora, a sua preciosa "Gatinha Panqueca" irá mata-lo, está noite, eu vou conseguir a minha liberdade de volta..

Tokyo Revengers - Ran Haitani +18Onde histórias criam vida. Descubra agora