15.

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Sabe quando você sente que está indo em direção ao fim por causa de algo que fez, mas não se arrepende nem um pouco? Eu nunca tinha sentido isso até agora. Sempre fui do tipo "boa menina", aquela que segue as regras, que não se mete em confusões. Durante minha vida escolar no Brasil, nunca precisei ir para a diretoria, talvez tenha perdido a chance de colecionar boas histórias para contar mais tarde, quando estivesse mais velha. No entanto, nunca senti que me faltava algo por ser comportada.

Até agora.

Nunca desafiei meus limites. Na verdade, vir para a Coreia sozinha foi algo tão natural para mim, parecia certo de alguma forma. Era como se o destino estivesse me puxando para cá, me oferecendo uma nova vida. Passei tantas noites no escuro do meu quarto, olhos fixos no teto, imaginando diversos cenários, diferentes situações que se desenrolariam em minha nova realidade, tatuadas na minha mente para sempre. A Coreia seria meu recomeço! Uma tela em branco onde eu poderia pintar memórias incríveis, um convite para me descobrir, para me reinventar. Finalmente, eu poderia respirar em um novo local, rodeada por novas pessoas e oportunidades, uma nova versão de mim mesma, mais ousada, mais livre.

Mas ouvir aquela frase fazia com que as paredes daquela sala pequena parecessem se fechar ao meu redor, espremendo meu corpo. Medo. Medo de tudo que poderia acontecer, do que estava por vir, do que deixaria para trás.

Mas não me arrependia de nada.

Não me arrependia nem um pouco de todas as sensações boas que vivenciei, dos sussurros suaves e dos beijos molhados que me deixaram tonta. Não me arrependia dos meus dedos emaranhados nos cabelos castanhos e encaracolados dele, frequentemente descoloridos, mas ainda possuindo aquele cheiro familiar que se misturava ao perfume dele e me fazia sentir em casa quando estava dentro do seu. O jeito que ele sorria era como o pôr do sol mais lindo, tão quente e iluminado. Tão meu.

Se Christopher Bahng fosse um erro, foi o melhor erro que já cometi. Cada momento ao lado dele, cada risada compartilhada, cada segredo sussurrado à luz da lua era uma peça de um quebra-cabeça que eu nunca soube que queria montar. Cada beijo era uma promessa, cada toque uma confirmação de que, apesar de todas as dúvidas e medos, eu estava exatamente onde deveria estar. E eu cometeria de novo, e de novo.

E ali, naquele momento, vi tudo desmoronar.

"Disseram que preciso escolher, entre você e minha carreira."

— Tudo bem, eu entendi.

A verdade que eu sabia que poderia chegar finalmente se materializava diante de mim. Eu sabia. Sabia que este dia chegaria e mesmo assim ignorei todos os sinais possíveis. Engoli todo o choro que subia pela minha garganta e encarei Chan com o máximo de compreensão que consegui reunir.

— Espera, o quê? — A confusão na sua voz era palpável.

— Vai terminar comigo agora, certo? — Senti a primeira lágrima descer, a umidade escorrendo pelo meu rosto enquanto a enxugava rapidamente, não querendo que ele visse a fragilidade que estava tentando esconder. — Eu entendo o seu lado.

— Nari, você ainda nem sabe o que eu escolhi. — Chan tentou me interromper, a ansiedade crescente na sua voz, mas eu sabia que o que estava por vir não seria fácil.

— Você escolheu sua carreira, não é? — Perguntei, e a falta de resposta dele foi como um soco no estômago. Arregalei os olhos, segurando-o pelos ombros, a sensação de impotência crescendo a cada segundo. — Me diga que você escolheu sua carreira, Christopher.

— Precisa confiar em mim agora. — Ele disse, sua voz calma e sensata, mas havia uma urgência em seu olhar que não conseguia ignorar. — Nos próximos dias, vamos precisar ficar separados, mas não se preocupe.

𝑬𝑭𝑭𝑶𝑹𝑻𝑳𝑬𝑺𝑺𝒀, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯 [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora