Capitulo único

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Ela não queria ter esses sentimentos.

Em uma semana se viram e a loira grudou nela, em seus braços, andavam como um homem e uma mulher ao entrar em um casamento, enquanto andavam pelas ruas quentes e ela conjecturou que a outra estava suando entre os peitos deixando a uma pocinha na blusa de malha fina se lambuzando com seu suor, agarrou suas mãos quando sentavam nos banquinhos e observavam as pessoas passarem apressadas e suadas de volta a suas casas, enquanto cruzavam os dedos e sentiam a pele uma da outra, seus corpos se colavam quando se entendiavam, eram abraços rápidos, e dados de forma inusitada e exótica, que traziam sorrisos, que podiam ser sentidos enquanto enterravam o pescoço uma na outra.

Quando foram comer um lanche, sua barriga tava caótica, comeu pouco, se ingerisse um pouco mais de coisas em seu corpo, talvez fosse capaz de soltar todas as palavras e os pensamentos que prendem e destroem-na pouco a pouco, que pensam tanto que seus ombros não conseguem mante-la totalmente ereta, faziam-na murchar perto da amada toda vez que pensava que não poderia ser sua e só restava a mesma observar e tocar o que lhe era permitido, e tentar agradar a outra e faze-la sentir-se bem ao tornar-se sua psicologa prepotente.

Saiam assim sempre, sempre os mesmos toques, as mesmas risadas gostosinhas de se ouvir, os pequenos presentes, os pequenos cuidados e apelidos, as conversas sutis sobre garotos e garotas a quem beijaram uma única vez, a única diferença era que dessa vez ela estava apaixonada.

O processo para entender o que ela passou foi longo, seus sentimentos estavam sendo alterados, sua primeira amizade sincera e intensa, onde ela aprendeu que dar é mais satisfatório que receber, poderia estar recebendo parte de algo que faria seu mundo desmoronar. A primeira vez que pensou "acho que posso me apaixonar" fez catastrofe em seu mundo. "Devo esperar ser quebrada?", ela não via como opção se declarar, acabaria com sua amizade, mas guardar aquele sentimento no peito e ter que ve-la sempre a destruiria também. Então decidiu tratar como uma doença e que com o tempo passaria.

Ficar sem ve-la acalmou seu corpo e sua ansiedade em alguns dias, em outros tornou-a arrogante e impaciente, mas acreditava fielmente que o caminho mais eficaz para superar vicios era a abstinência, então fez compromissos com outros amigos, fez compromissos com familiares que não via há algum tempo, começou a se exercitar 30 minutos antes de dormir e a tomar um calmante fraco para evitar sua ansiedade, trocou mensagens com a amada, não com a mesma frequência demasiada, apesar de sentir vontade o tempo todo de mandar mensagem, ela aprendeu exercícios para respirar melhor e começou a ler sobre sua ansiedade. Evitou ler qualquer tipo de romance, evitando  dar espaço a sua imaginação fértil e sonhadora, e voltou a centrar-se em seus estudos.

Reuniu-se com algumas amigas algumas semanas depois e viu sua amiga especial ali, soltou um suspiro como se tira-se do peito um pedaço de coração que doia e que ela nem sabia que estava lá e de repente abriu o maior e mais contente sorriso que tinha em seus labios, enquanto a outra foi um reflexo seu apesar da sua boca pintada de cor-de-pele escura e seus olhos seguiram a mesma sensação da boca e quase se fecharam num ato genuino de felicidade, enquanto se aproximava para abraçar a menina apaixonada.

As meninas mataram a saudade do grupinho e colocaram suas vidas em dia e suas linguas soltas, e de vez em quando a morena apenas tirava a apaixonada da conversa, ao roubar sua atenção de suas amigas e monopoliza-la para terem um momento apenas delas naquela situação de fofocas e sonhos hiperbólica.

"Poderia ela ter sentido mais falta de mim do que eu dela?" pensou no curto momento onde passou sem a presença da outra.

Ela criou confiança pra declarar que sentia-se atraida pela outra, e que possuia sentimentos que ultrapassavam a barriera da amizade, quando a amiga retornou da ligação da qual retirou-se da mesa pra atender, a outra com a insegurança a flor da pele se assustou.

Me apaixonar fictício ou real¿Onde histórias criam vida. Descubra agora