CAPÍTULO ÚNICO

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Mesmo que a sonolência do alvorecer pouse pesadamente em seus olhos verdes, todo dia ele faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã.

— Bom dia, Levi — é o primeiro som que ouço ao acordar, sua voz baixinha que soa tão melodiosa aos meus ouvidos.

Eu me remexo sob os lençóis, ainda moído de cansaço, tentando me acostumar com a claridade do sol, que adentra pela ampla janela que sempre me esqueço de cobrir com as cortinas à noite.

Fico o observando prender os seus longos fios castanhos ao caminhar pelo quarto, completamente hipnotizado por toda a sua compostura. Meu ômega, que percorre o mundo como a criatura mais linda. Em seu corpo, recai apenas uma camiseta branca e lisa, que lhe chega a cobrir até o início das coxas roliças e por isso posso admirar suas pernas longas descobertas logo cedo. Por seus braços estarem levantados, consigo ainda ter o vislumbre de sua boxer preta apertando certos pontos sublimes demais para mim.

Ele sorri em minha direção quando percebe a vermelhidão se alastrar em minha face e ao invés de terminar o coque em seu cabelo, puxa o elástico de volta, faz uma arma de chumbinho com as mãos e acerta a minha testa, rindo em seguida.

— Levanta logo daí, quero tomar café!

Eu me jogo de volta ao colchão, sorrindo derrotado.

— Sim, meu bem... — ao contrário do ômega, minha voz não sai tão deleitosa feito a dele, mas sim extremamente falhada e rouca pois acabo de despertar. Não me é nada agradável, mas por algum motivo ele adora esse meu aspecto pelo amanhecer e diz ser muito atraente.

Ele volta até mim para pegar o elástico e eu enfim me levanto, me alongando preguiçosamente para então o ajudar a forrar a cama.

Enquanto vou usar o banheiro, ele se dirige para a cozinha me esperar. Eu tomo um banho rápido, apenas sentindo a água cair em meus ombros e descer pelo meu corpo, causando uma sensação de alívio nos músculos. Quando abro a porta do banheiro novamente, o cheiro gostoso do café de Eren invade meu faro e eu o sigo.

O encontro de costas, segurando a chaleira. Seu cabelo agora está amarrado, no entanto, algumas mechas menores acabam por escapulir e recaem graciosamente em sua nuca bonita, onde dou-lhe um beijo demorado, segurando-o pela cintura, ao que ele termina de despejar a água fervente no filtro.

Sua mão livre vem até a área raspada do meu cabelo e faz um carinho singelo, movendo as unhas suavemente. Eu descanso a cabeça em suas costas por alguns segundos, aspirando o seu cheiro jovial que me é tão arrebatador e penso que gostaria de permanecer assim para sempre.

Ele nos serve com o seu café e então eu preciso ir ao trabalho. Todo dia ele me diz para eu me cuidar e essas coisas que diz todo ômega atensioso, diz que quando chegar de sua faculdade vai me esperar para jantar e me beija com a boca de café.

Eren possui uma figura tranquila, por mais difícil que a nossa vida possa se tornar, eu sei que terei ele com a sua aura serena sempre ao meu lado. Com esse pensamento, eu sorrio e lhe dou outro beijo de volta, dizendo que deve se cuidar bem como me pede e que não precisa me esperar, "— Você também tem que se cuidar, pirralho".

Já vestido com o uniforme escuro, eu saio de casa primeiro e subo em minha moto. Meu turno de doze horas se inicia às sete e meia, então trato de colocar logo o capacete para não perder mais tempo, não posso demorar muito, pois se não, o ômega se agarra em mim com unhas e dentes e não me deixa mais partir.

Assim que passo pelo portão, ouço a voz dele me chamar.

— Levi! — pela varanda florida, meu ômega exclama de longe, acenando com as duas mãos. E eu quase que não o vejo, ele tem que se curvar para isso, por causa dos raminhos do telhado estarem grandes demais e penderem sobre o seu rosto, eu penso que devo apará-los logo. — Bom trabalho!

Cotidiano | EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora