O som do pequeno salto que utilizo ecoa pela casa enquanto eu desço as escadas rapidamente.
Ando pelo andar de baixo em direção a sala de estar.
Assim que eu entro no cômodo aconchegante composto por móveis estofados, posso ter um vislumbre de Anna sentada em uma das poltronas em frente a uma grande janela que dava para o jardim.
Ela parece entretida com o livro que estava em seu colo.
— Anna. — a chamo.
Ela olha pra mim enquanto conserta os óculos de descanso na base de seu nariz.
— Como estou?
Um sorriso se abre em seu belo rosto.
— Está deslumbrante, querida. — sua fala parece sincera.
É quase impossível segurar o pequeno sorriso que nasce no meu rosto. Mordo meu lábio para tentar contê-lo.
Fito a pequena bolsa em minhas mãos que continha alguns produtos de beleza.
— Você p-pode é...? — miro meu olhar novamente para bolsa e ela o segue entendendo imediatamente.
Na época que papai se casou com Annabeth eu ainda estava entrando na adolescência o misto de emoções e mudanças bruscas, fez com que eu sentisse que foi uma traição por parte dele
Na minha cabeça não tinha como ele ter amado a mamãe e querer se casar outra vez, por isso as tentativas de Anna de aproximação nesse período foram falhas.
Eu não cheguei a ser hostil com ela, porém era indiferente e frígida a sua presença.
Mesmo que essa fase tenha passado rapidamente quando eu percebi que ele simplesmente continuou a sua vida como uma pessoa normal, nossa relação não se transformou em algo muito mais íntimo.
Acho que em maioria por conta das nossas personalidades divergentes.
Enquanto ela é mais extrovertida e simpática como mamãe, eu puxei o jeito introvertido e quieto do papai.
— Claro. — ela deixa o livro que estava lendo na mesinha de canto, e aponta para o assento à sua frente.
— Não precisa ser nada exagerado. Apenas algo para que eu não pareça igual a sempre. — me explico assim que me sento.
Minhas habilidades com maquiagem eram nulas.
— E o que está pensando que eu faça? — seu tom de voz é carinhoso.
— Pensei em um delineado, um pouco de gloss labial e blush.
Ela parece aprovar a ideia, então apenas se cala e faz a maquiagem em silêncio.
— Terminei, está linda. — fala assim que para de passar o pincel em minhas bochechas.
— Obrigado, Anna.
— Foi um prazer para mim, maquiar esse rostinho de boneca. — acaricia meu rosto com as costas da mão.
Não posso deixar de sentir minhas bochechas aquecendo pelo elogio.
— Quer ver como ficou no espelho? — pega um pequeno espelho dentro da bolsa.
— Não, não precisa, tenho certeza que fez um bom trabalho.
Ela observa o relógio em seu pulso.
— Sua festa não começa às nove?
— Sim.
— Já são nove e cinco.
— A droga! Tô atrasada. Eu vou subir pra pegar minha bolsa.
Antes de sua resposta eu já estou voltando para o caminho que leva ao meu quarto.
Eu entro no cômodo e avisto minha bolsa em cima da cama, porém antes de pegá-la vou em direção ao closet.
Assim que passo pela porta, posso ter a visão do espelho de corpo todo que fica bem na parede em frente a porta.
Existe um tecido branco cobrindo a parte superior do espelho, fazendo com que eu tenha a visão apenas do meu busto para baixo. É o suficiente para mim.
O vestido de tecido azul claro se emoldura perfeitamente ao meu corpo como se tivesse sido feito sobre medida. O tecido suave fazia com que a barra que do vestido que acabava na metade das minhas coxas tivesse uma aparência leve e esvoaçante.
Era um belo contraste com a sandália branca que continha um pequeno salto.
Meu cabelo cacheado que era grande e volumoso batia abaixo do meu busto, ele parecia leve e brilhante.
Não costumava o deixar solto justamente por ser volumoso, porém hoje ele estava bonito.
Pela primeira vez em muito tempo eu me sentia bonita.
Finalmente depois de pegar minha bolsa desço as escadas apressadamente, voltando para onde Anna está.
Ela se encontra sentada no mesmo lugar..
— Onde está o pai?
— Ah! Querida, ele se sentiu cansado e foi pra cama. Mas Erik irá levá-la. Ele já está lá fora.
— Tudo bem. Tchau. — saio da sala antes de sua resposta.
— Cuidado! E não aceite bebidas de estranhos. — grita enquanto estou no corredor.
— Ok! — eu grito de volta.
A primeira coisa que avisto quando saio de casa é Erik, ele está em frente a Ranger Rover preta, com a postura ereta e o uniforme elegante de sempre.
Ando depressa até ele.
Assim como Donna ele já trabalha para a família a muitos anos, por isso cultivava um certo carinho por ele.
— Boa noite, Erik! — minha voz sai alegre.
— Boa noite, senhorita. Está muito bonita.
— Obrigado. — dou-lhe um pequeno sorriso.
Ele abre a porta traseira do carro esperando que eu entre e logo em seguida entra na porta do motorista para enfim começarmos nossa viagem.
Primeira postagem: 25/03
Obrigado pela leitura.
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Hateful Heart
Roman pour AdolescentsEntrar na lista obscura de pessoas que Richard Dodwell odeia é uma das piores coisas que podem acontecer com alguém. E aconteceu comigo, duas vezes. Depois de anos sofrendo na mão dele e de toda a escola eu finalmente tinha conseguido a tão almejada...