Entre as folhas do outono.

Capítulo 1:O velho moinho de grãos

Pov:Wirt

Aquilo era extremamente irritante.
Greg insistia em continuar listando todos os possíveis nomes que iria dar pro sapo dele.
Cada um mais idiota que o outro.
E se já não bastasse ter que ouvir a voz estridente dele pelo o que pareceu serem horas,eu ainda tinha que lhe dar com o evidente fato de que estávamos andando a esmo.
E sinceramente, não sabia o que era pior.
Ficar andando em uma floresta sinistra sem sequer saber como cheguei ali ou ficar andando numa floresta sinistra com o Greg.
-...então com certeza Senhor Chapeleiro é o nome de sapo perfeito!-Greg exclamou como se tivesse feito uma grande conclusão.
Revirei os olhos.Estva prestes a retrucar quando me atentei pra um detalhe.
Que lugar era aquele?
Pra onde a gente estava indo?
Foi aí que entendi.
-Greg,onde nós estamos?!
-Na mata?
-Sim m-mas pra onde estamos indo?!
-Pra casa?-Ele perguntou como se fosse óbvio.
-Greg,estamos perdidos!Devíamos ter feito uma trilha ou sei lá!
-Eu vou fazer uma trilha com os doces da minha calça!-Disse enquanto jogava as balinhas pelo chão.
Eu estava prestes a contestar quando ouvi um barulho de um galho quebrando.Greg também pareceu perceber porque instantâneamente resolveu se calar.O barulho aumentou e só aí entendi que não se tratava de um galho quebrando mas sim do som de um machado cortando a casca grossa de uma árvore.
Greg correu até a origem do som.
-Ei!Greg!Volta aqui!-Fui até ele.-Greg,vai meter a gente em encrenca de novo!
Foi aí que conseguimos ver.
Um homem de meia idade vestindo roupas de couro e um chapéu retangular,carregando uma lamparina e um machado enquanto cantarolava um tipo de cantiga fúnebre.
E de tudo que cumpunha aquela figura bizarra,o que mais me alarmou foi o machado.
-Ele pode ajudar!-Propôs Greg.
-Ta maluco?!-Susurrei alto-E se ele for um maníaco bizarro que anda pela floresta a noite cortando pessoas?!
-Mas ele pode conhecer a floresta!
-Shiu!
-Shiu você!
-Não me manda fazer shiu!
Argh!Como o Greg podia ser teimoso e irritante!
-Ei! Vocês!
Uma voz grave ecoou.O homem estava nos encarando com uma cara séria e carrancuda.
-O que estão fazendo aqui?-Ele perguntou,a voz ficando um décimo mais alta.
-N-Nada!Só somos duas crianças perdidas querendo encontrar o caminho de casa com os braços e as pernas inteiras!-Por mais que ferisse meu orgulho me auto-considerar uma criança(eu estava no Ensino Médio!)aquela era uma tentativa desesperada de impedir que o louco do machado não nos fizesse mal.
-O quê?!Outros perdidos?

"Outros perdidos?O que ele quis dizer com isso?"
-Só queremos achar a saída dessa florestas voltar pra casa.-Afirmei em mais uma falha tentativa de conseguir alguma ajuda.
-Tenho péssimas notícias,garotos.Estão mais longe de casa do que pensavam.Bem vindos ao Desconhecido.

Por alguma razão senti que aquilo não indicava uma cordialidade e sim um lamento.

Eu devia ter perdido a cabeça.
Essa era a única explicação pra ter aceitado ir com um desconhecido até uma casa abandonada no meio da mata durante a noite.
Naquele momento estávamos chegando em frente a tal casa que era alinhada a um moinho.E pra surpresa de ninguém,ela era igualmente sinistra.
-Encontrei este lugar abandonado a algumas semanas enquanto procurava um abrigo para passar a noite.Vão está seguros aqui e o melhor, não são os únicos perdidos.-Disse ele enquanto abria a velha porta de madeira.
-Perdidos?
E antes que o lenhador pudesse responder,eu a vi.
Deita sobre uma espécie de sofá estava uma garota.Usava um vestido azul claro e sapatilhas da mesma cor.Apesar do cabelo ruivo preso está preso em pequenas correntes douradas as madeixas alaranjadas insitiam em cair sobre o rosto dela,quase escondendo as sardas que se alastravam em suas bochechas.

Quando me dei conta do quanto observei cada detalhe da garota desacordada a minha frente senti meu rosto esquentar como panela fervente.
-Wirt,o que foi?Você tá sentindo alguma coisa?Tá mais vermelho que eu tomate no sol.-Greg perguntou em estranhamento.
-N-Não é nada!

O lenhador foi até a lareira e a acendeu.
-Qu-Quem...Quem é ela?-Minha voz saiu baixa como um ruído.
-Uma perdida.Uma perdida que nem vocês.Encontrei essa jovem desmaiada na floresta no início da noite.Acho que não aguentou o cansaço,devia está vagando pela mata a alguns dias.