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A calça jeans preta apertava suas coxas, mas o que poderia fazer? Era sua única calça limpa e não podia faltar, de forma alguma, a faculdade naquele dia. Estava se sentindo desconfortável naquela roupa, porém ignorou. Pegou sua coisas e foi embora da sua casa.

Estava nervoso demais, se não fosse bem na prova tudo estaria perdido. Passou as mãos dentre seu cabelo, bagunçando os fios tingidos de preto enquanto esperava o ônibus passar.

Eram 5h30min da manhã de uma segunda-feira nublada, estava caindo de sono e não prestava a atenção em nada além de repassar os conteúdos na sua mente. Se assustou quando a buzina alta quebrou o silêncio gostoso que pairava no ar. Abriu os olhos vendo o transporte público parado em sua frente, e desesperado, subiu no veículo.

Tinha uma vasta variedade de lugares para se sentar mas escolheu o último banco do lado da janela. Os bancos estavam quase vazios, tinha poucas pessoas por causa do horário. Com o silêncio no local, se virou encostando sua cabeça no vidro e fechou os olhos esperando o sono bater e o fazer cochilar.

O vento da janela de cima deixava o clima agradável o suficiente para o fazer dormir até passar do seu ponto sem perceber. O ônibus parou em frente à faculdade mas ao menos teve a chance de ver isso, pois quando levantou já estava do outro lado da cidade.

Bocejou logo levando sua atenção para o relógio em seu pulso. Arregalou seus olhos ao ver os ponteiros marcarem 7h25min. Ferrado, estava muito ferrado.

Olhou para fora da janela vendo que o transporte estava parado em um posto de combustível e sem pensar duas vezes saiu do ônibus tomando rumo à loja de conveniência dali. Dava passos largos para chegar ao seu destino o mais rápido que conseguia. O sino em cima da porta anunciara sua entrada na loja, logo fazendo o vendedor o cumprimentar.

— Bom dia. Me responde uma coisa, a quantas paradas estamos da UCW?  — indagou transparecendo seu nervosismo.

— Umas duas paradas? Acho que não são mais de duas. Precisa de mais alguma coisa? — proferiu gentilmente.

— Certo, obrigado. — estava na porta de saída mas voltou ao balcão. — Er... Onde fica o banheiro? — perguntou e o atendente apontou para fora do estabelecimento. — Okay, obrigado.

Saiu da conveniência e foi em direção a placa que informava onde os banheiros estavam. Entrou no banheiro masculino rapidamente sem olhar se tinha alguém que pudesse notar as lágrimas que escorriam por suas bochechas.

Abriu a torneira deixando a água cair sobre suas mãos e logo depois colocou sua cabeça embaixo da torneira e dentro da pia. Suspirou sentindo a água molhar seu cabelo e aos poucos chegar em seu rosto. O barulho das gotas de água batendo contra a porcelana da pia acalmava seu coração assim como a frieza do líquido molhando toda sua cabeça.

Olhava sua fisionomia no espelho grande. Não sentia mais vontade de chorar, não sentia vontade para fazer nada. Respirou fundo e olhou para o mictório ao lado.

Desabotoou os botões da sua calça logo tirando suas roupas de baixo. Olhou para baixo vendo o mictório meio sujo fazendo sua vontade de urinar quase ir embora. Chacoalhou sua cabeça e voltou a olhar para a parede a sua frente. Mas logo se distraiu de novo ao lembrar o quão difícil seria subir sua calça.

Terminou de fazer suas necessidades e logo foi lavar suas mãos. Teria sido um momento calmo se não tivesse o cara que tinha conhecido algumas semanas atrás ali ao seu lado fazendo o mesmo que si. O olhava como se tivesse visto um fantasma, o que fez o esverdeado soltar um riso soprado.

O mais baixo estava diferente da última vez que o tinha visto. Talvez a jaqueta de couro preta junto da blusa preta e do jeans apertado o tinha dado uma vibe diferente, muito diferente.

Sorriu de lado fazendo o outro engasgar com sua própria saliva e suas bochechas esquentarem.

— Tem quanto tempo que você está aqui?! — engoliu seco lembrando da cena sofrida que tinha passado tentando colocar sua calça de novo.

— É bom te ver de novo também, Donghyuck. — disse sorrindo falso. — E respondendo sua pergunta, não faz muito tempo, mas eu vi você sofrendo para subir sua calça.

— Não precisava mencionar isso! — mordeu seu lábio inferior tentando esconder seu rosto vermelho.

[...]

Encostado no seu carro, tragava um cigarro enquanto ouvia a história de Haechan sobre como ele tinha parado naquele posto de combustível. Ele estava ao seu lado olhando para o horizonte com o olhar perdido.

Olhava como os lábios se moviam, como eram cheinhos e como cada palavra saía suavemente. Se perdia em pensamentos diante tal visão.

— E agora eu estou neste lugar esperando meu amigo sair da escola para vir me buscar porque eu só tinha o dinheiro de ída. Na verdade, talvez eu fique aqui até uma alma boa decidir me dar dinheiro para eu poder usar o orelhão ou o dinheiro da passagem. — suspirou pendendo seu olhar para o jogador ao lado.

Trocavam olhares sem ligar para a vergonha que sentiriam depois. Apenas curtiam o sentimento, a companhia, os cabelos balançando por culpa do vento e as sensações.

— Eu te levo em casa. — disse desviando o olhar e voltando a prestar atenção no cigarro entre seus dedos. — Ou, se por algum milagre do destino, a gente pode ir em uma padaria também. — jogou a bituca de cigarro no chão logo pisando em cima para apagar a brasa.

— Está me chamando para um encontro? — seu rosto expressava tanto quanto sua voz o quão estava surpreso.

— Talvez. Você que decide.

4STRIKES⋆˚.markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora