Quatro

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Como avisei no meu mural, att de 15 em 15 dias.

No dia seguinte, acordo trinta minutos mais cedo. Tempo suficiente para eu me arrumar e sair de casa para pegar o ônibus. Faço isso durante a semana toda, e durante esses dias, também não esbarro com Jungkook e fico aliviado em não ter que encarar seu olhar forte outra vez. No entanto, eu sempre o ouvia chegar, todos os dias, por volta de dez horas da noite para então dormir. E eu nunca lamentei tanto em ter que pegar o ônibus, pois todos os dias ele só passava lotado e mesmo saindo de casa perfumado, chegava na faculdade fedendo.

A semana de aulas não me massacrou como pensei que fosse, e se a situação continuar assim, posso considerar entrar para o time de basquete. Taehyung tem insistido tanto que já não tenho mais desculpas para recusar. E também tem Yoongi, tenho muita vontade de jogar com ele e contra ele. Acho-o um oponente à minha altura.

Uma semana se passou desde que eu cheguei. Estou sobrevivendo e acho que não vai ser por muito tempo, pois a ideia da viagem em família ainda está de pé.

É sexta-feira à noite, e eu nunca odiei a existência de praia na minha vida como estou odiando agora. Por que raios estamos indo à praia? Não tem nada para fazer lá além de entrar no mar. Eu deveria me fingir de morto.

Descendo as escadas com uma mochila no ombro, com o necessário para os dois dias que vamos ficar lá, dígito no twitter:

que ódio

Ao pé da escada, meu olhar se encontra com o de Jungkook, que acaba de chegar. Só então noto que já está passando das dez. Ele está suado, vestido em uma regata branca e bermuda preta. Meu coração para por um instante, faz tempo que não o via, e nesse momento posso sentir algo balançar dentro de mim, como a ponta de uma linha atando um nó com outra. Uma nostalgia eloquente tira o meu ar e minha cabeça pinica com uma dor fraca. Arquejo.

Desvio o olhar para a porta e continuo descendo ao mesmo tempo em que ele começa a subir, quando passa ao meu lado, o calor que emana do seu corpo faz um arrepio percorrer o meu. Engulo em seco. No último degrau, olho para trás, bem a tempo de vê-lo virando o rosto para me olhar também, então some. Mordo o lábio, ainda olhando para cima.

O que foi isso?

“Jimin, meu bem. Virou segurança, foi?” Minha mãe pergunta, parada em frente a entrada com as mãos na cintura e um sorriso largo no rosto. Reviro os olhos, como ela é engraçada, estou morrendo de rir.

“Já estamos indo?” Pergunto, passando por ela.

“Só vamos esperar o Jungkook voltar” Diz, subindo as escadas. Do lado de fora, Donghye estava dentro do carro, mexendo no celular. Me aproximo e coloco a mochila no porta malas e entro no banco traseiro.

“Vamos todos no mesmo carro?” Pergunto.

“Não, Jungkook vai no outro” Donghye responde, totalmente focado no joguinho de celular.

Cerca de quinze minutos depois, minha mãe volta junto com Jungkook que desvia seu caminho para o carro logo atrás.

“Vamos, amor” Minha mãe se inclina na direção de Donghye e faz um bico, ele desliga o celular e beija ela.

Ah.

Abro a porta e vou até o carro de Jungkook. Só espero que ele não me expulse. Mas se ele me expulsar, terei uma ótima desculpa para não ir. Abro a porta e entro, não olho para ele. Pouso o cotovelo na porta e o rosto na palma, sinto seu olhar sobre mim e o meu coração batendo acelerado. O evitei a semana toda para não pegar carona com ele e aqui estou eu. Mas é melhor do que ver minha mãe trocando saliva com aquele cara.

AMNÉSIA • {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora