O QUE ME LIBERTA

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Agenda.

Onde eu marco meus compromissos comigo mesma a respeito de todas as minhas manifestações artísticas.

É contraditório colocar em uma agenda algo que deveria ser espontâneo?

Eu sinceramente nem sei o que pensar a respeito disso.

Como algo que me liberta pode somente existir prontamente programado, estipulado em espaço tempo quando temos em mente que a liberdade é algo sem extensão?

Será que é algo sem extensão?

Em uma aula de dança existem aqueles momentos de freestyle em que você simplesmente se deixa entrar em um transe onde seu corpo e mente criam movimentos inesperados de sensações.

Mas essa liberdade dada pelo condutor da aula e por você mesmo é realizada somente em poucos minutos em um espaço.

Logo, programar aquilo que me liberta também é liberdade?

Não sei...

Às vezes quando estou escrevendo, estou em um estado de entrega e submersão tão grande que na verdade eu me sinto presa, em uma prisão feita por mim mesma, uma prisão confortante, ou não, dependendo do que eu escrevo. Mas eu estou ali, entregue, liberta e aprisionada.

Quando eu pinto, e as tintas e cores descrevem o meu eu momentâneo, eu me sinto presa naquele mundo, em uma mar tão profundo de azuis, púrpuras e verdes floridos, eu me sinto livre e presa naquele momento tão reconfortante e cansativo.

Eu me sinto livre e presa no agendamento do que me liberta.

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