11. Lembranças, Peter Pan e o diretor.

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#PerdidaoNasEstrelas

✨🌌

JJK

As luzes neon se misturavam entre diversas cores naquela festa pouco interessante a qual eu sinceramente sequer me lembrava a razão de ter aceitado ir. Eu e o cara que estava dando ela sequer éramos muito amigos, mas quando ele surgiu com o convite que vinha implicitamente com a tentativa de ter "O Jeon Jungkook" - termo utilizado por terceiros, não por mim - em sua festa, eu simplesmente aceitei vendo ali uma ótima desculpa para encher a cara.

E era o que eu fazia. Virava a quinta garrafa de soju direto do gargalo, ignorando pessoas que vinham flertar e cumprimentando minimamente os desconhecidos que fingiam ser meus amigos de anos.

— Ei cara! - chamei com a voz já começando a dar sinais de embriaguez e o barman me encarou com um sorriso simpático — Me vê outra dessas. - apontei a garrafinha verde agora vazia e ele não demorou a colocar outra garrafa na minha frente.

— Você está secando essas garrafas rápido demais, não acha? - sugeriu e eu ri fraco.

— Essa é a ideia, amigo. Encher a cara até não me lembrar mais e aí talvez levar alguém para casa ou voltar sozinho. Tanto faz. - ele não me olhou com pena ou algo assim, e era isso que eu adorava em barmans. Já haviam ouvido tantas histórias ruins, que a de um garoto rico enchendo a cara não era nada com que ele fosse se preocupar ou insistir em perguntar. E sem dizer mais nada ele se virou indo atender outra pessoa.

Eu abri a garrafa e virei mais um gole da bebida tão amarga quanto as anteriores. O álcool já não queimava mais minha garganta adormecida, e minha mente parecia disposta a não se render fácil naquela noite.

Quando pousei a garrafa no balcão outra vez, observei a tatuagem que eu tinha na mão, perto do polegar, e engoli em seco. Eu nunca era capaz de esquecer da existência dela, era um lembrete contínuo martelando em minha mente e se mostrando sempre que possível.

Puxei o ar com força guardando a mão no bolso longe da minha visão e girei no banco, a fim de olhar o lugar. Era uma festa em uma boate, o cara que estava dando a festa conhecia o dono do lugar ou qualquer coisa assim, então fora os convidados dele havia mais um monte de pessoas no lugar. Luzes neon piscavam o tempo inteiro, e a música repetitiva e alta demais começava a me fadigar.

O meu erro foi sair do bar, caminhar até o banheiro e entrar em uma das cabines me sentando na tampa de uma privada a fim de dar um tempo de toda a baderna que acontecia lá fora.

Era um lugar limpo, já que a boate era cara e pagavam alguém para manter os banheiros limpos enquanto crianças ricas e bêbadas vomitavam depois de encherem a cara. Eu me debrucei sob os joelhos, com as mãos na nuca e os olhos fechados. Estava exausto por dentro.

O barulho lá de fora ficou alto por um momento enquanto a porta rangia e então voltou a se tornar abafado. E foi aí que eu ouvi:

— Eu deveria acabar com essa amizade, deveria mesmo. - eu não precisei de mais que um segundo para reconhecer a voz dele. A porta de alguma cabine ao lado se abriu e fechou de uma forma meio brusca, e ele voltou a murmurar — Eu nem queria estar aqui pra começo de conversa, mas me deixei levar pelo papinho dele e ele fez o quê? Sumiu na multidão. Ah, você é minha alma gêmea. - ele murmurou em uma voz fingida e eu me vi sorrir naquela cabine de banheiro enquanto ouvia o barulho do cinto dele abrindo — Minha alma gêmea, sei bem. Sei bem, Kim Taehyung. - eu ri fraquinho, mas ainda assim o barulho do ar deixando meu nariz foi um pouco alto e ele se calou — Hm, tem alguém aí? - chamou e eu apertei os olhos com força me praguejando internamente por não ter ficado quieto — Alô? - chamou mais uma vez.

Átomos das estrelas [Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora