Sussurros

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— Hey, Julian! — A voz persiste em chamar por Julian, que só fica ouvindo. Abaixa um pouco o cobertor e se dirige à janela. Ele a abre. Olha para um lado, para o outro, para baixo e até mesmo pra cima só para ter certeza, mas não havia ninguém, a não ser uns cachorros transando na calçada. Julian ri e pensa que aquela voz era fruto da sua imaginação, então ele fecha um pouco a janela, o suficiente para entrar uma brisa fria que arrepia os pelos do seu braço.

Tudo parecia calmo, sem nada muito tenebroso. Quando de repente de a voz volta a chamar pelo menino

— Julian, por que você não vem brincar comigo?

Não estava mais sussurrando, era um tom
normal. Julian treme de medo, não consegue pensar em nada a não ser "quem está me chamando?"

— Venha Julianzinho. Eu sou seu amigo, não vou te machucar. — Julian levanta pelo lado direito da cama, que por sinal é o lado que fica perto da porta que dá no corredor. Ele vai em direção a janela, e lá está.

Um ser negro com olhos totalmente brancos que o encaram de uma forma doentia e faminta, como se Julian fosse um perú na mesa no feriado de ações de graça.

— VENHA BRINCAR COMIGO! — As janelas se abrem bruscamente, fazendo com que os vidros se quebrem. O ser entra no quarto de Julian com uma certa dificuldade, ele tem cerca de 2 metros ou até mais. Julian abre a porta e sai, ao passar ela fecha e corre em direção ao quarto de seus pais.

— PAI, MÃE, TEM UM MONSTRO GIGANTE NO MEU QUARTO! — Suplica o menino enquanto chora desesperadamente. Eles não acordam por mais que Julian tente, é como se estivessem sob o estado de transe. Passos pesados e unhas arranhando as paredes do corredor.

— Julianzinho cadê você? — O ser está no corredor. Ele é tão grande que não consegue nem ficar completamente em pé, seu pescoço magro e estranhamente articulável encosta no teto.

Olhos na janela.Onde histórias criam vida. Descubra agora