A Herdeira

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Tentei abri os meus olhos, me senti fraca, senti uma dor insuportável por todo o meu corpo não queria me mexer, doía tanto, mas eu tinha que levantar, tinha ao menos que tentar
Tudo estava embasado e escuro, caí e senti uma parte de mim faltando, parecia um pedaço de liberdade. Não sei explicar eu apenas gritei, gritei tudo o que eu estava sentindo e junto ao grito vieram minhas lágrimas uma atrás da outra.
Me arrastei até um canto do cômodo e lá fiquei por horas e horas não sabia ao certo quantas mas fiquei, me acalmei mas a dor continuava insuportável

-Você tá legal? - olhei rapidamente para a voz, uma voz rouca e grossa, mas confortável - É que você gritou tanto que me deixou meio surdo

-Quem é?

-Aparentemente seu companheiro de cela. O que foi não gostou?

-É, eu sempre quis vir pra Azkaban e ter um colega de quarto

-Com o tempo vai perceber que era melhor estar morto do que aqui, no meu ponto de vista parece ser tudo a mesma coisa

-Não vou morrer, pelo menos ainda não.

-O que quer fazer?

-Como assim? - perguntei

- Alguém que prefere ficar aqui ao em vez de morrer deve ser muito motivado, me pergunto qual seria essa motivação?

- Qual é a única coisa que pode deixar alguém vivo lutando com fúria nos olhos até a morte?

-Entendi - um curto silêncio se estabeleceu na cela - Quem?

-Quem o que?

-Quem você quer matar?

-Porque acha que eu quero matar alguém?

-Você quer vingança, o que é pior que a morte?

-Fazer as pessoas sofrerem em vida, até que eles morram com o coraçãozinho partido mostrar que eu sou melhor do que eles - percebi que ele concordava - Minha antiga família, é eles de quem eu quero me vingar

-Porque?

-É uma longa história, talvez um dia eu te conte. Mas porque você está aqui é não morto como diz preferir ao estar conversando comigo nessa cela? O que exatamente você fez?

-É uma longa história, talvez um dia eu te conte - dei um sorriso de leve pra ele - Eu durmo na cama de cima, aqui é bem sujo já vou avisando, e o banho é só duas vezes ao mês, a água parece gelo

-Duas vezes por mês? Tá de brincadeira? E o meu cabelo?

-É princesa, sua vida no castelo acabou

-Tô começando a perceber isso

-Se acostuma com o tempo - ele diz com uma cara triste

-Hum, você se acostumou?

-Eu tento o máximo que posso

-A quanto tempo está aqui?

-Desde os meus doze anos

-Desde os seus doze anos? Pq? O que vc fez?

-Princesa já disse que te conto, um dia

-Ótimo nem queria saber mesmo - falei em tom sarcástico - Sou Elenna

- Mattheo

   O silêncio se instalou na cela, os colchões eram finos e imundos, se ouvia o ruído dos ratos e risadas histéricas vindas do andar de cima, múrmuros de vingança, estava cercada por comensais da morte, estava completamente encrencada, se o meu companheiro também for um tenho certeza que estarei morta quando sair, sem falar na dor que boa parece acabar, sinto a minha pele abrindo ninguém merece sofrer por uma dor dessas