Capitulo 01

107 18 138
                                    

Diane..

Eu... Eu estava lá de novo. Sentada em meio a um campo repleto de flores, em um lugar que não conseguia identificar, mas que, ao mesmo tempo, parecia tão... familiar.

O pôr-do-sol pintava o céu em tons alaranjados e rosados, enquanto uma brisa suave acariciava meu rosto, causando arrepios. Respirei fundo, deixando aquele ar puro encher meus pulmões.

- Quem me dera nunca sair daqui... - murmurei, fechando os olhos e me deixando levar pela tranquilidade daquele momento.

Inclinei a cabeça para a direita, e, de repente, choquei-me com o que parecia ser o peito de alguém. Levantei o olhar, mas a luz que emanava dessa figura me impedia de enxergar seu rosto. Tudo o que consegui distinguir era que parecia ser uma mulher, devido aos seios cobertos por um vestido branco, tão puro quanto a neve, e seus longos cabelos brancos que desciam até as coxas.

Sem dizer nada, a mulher começou a acariciar meu cabelo e a cantar. Sua voz era tão doce, tão angelical, que despertava em mim um sentimento de paz indescritível. Era como se eu a conhecesse desde sempre. Sem conseguir resistir, aconcheguei-me em seu colo, sentindo uma segurança que nunca havia experimentado.

- Minha filha... minha princesa... - sussurrou ela, depositando um beijo suave no topo da minha cabeça.

Abri os olhos, tomada por um misto de surpresa e curiosidade. Quem era ela? Por que me chamou daquele jeito? Tentei, a todo custo, enxergar seu rosto, mas...

Bip... Bip... Bip...

O som do despertador me arrancou daquele sonho. Abri os olhos bruscamente, desligando o alarme e me espreguiçando. Não dei importância ao sonho; afinal, sonhos eram só isso... sonhos.

Olhei para o relógio, que marcava dez horas da manhã. Levantei-me, fiz minha cama e minha higiene matinal. Ao descer para a cozinha, encontrei Sofia, já terminando seu café da manhã.

- Por que não me acordou para comer com você? - perguntei, sentando-me à mesa.

- E arriscar lidar com seu mau humor matinal? Nem pensar - respondeu ela, brincalhona, enquanto dava o último gole no café.

Sofia não era minha irmã biológica, mas eu a amava como se fosse.

Ela sempre me contou que me encontrou ainda bebê, abandonada e chorando em uma floresta, durante um acampamento que ela e os amigos fizeram para lidar com a dor da perda dos pais. Na época, ela tinha apenas 17 anos, mas mesmo assim decidiu cuidar de mim como sua irmã mais nova.

Sofia é tudo para mim: mãe, irmã mais velha e melhor amiga. Ela sempre foi honesta comigo, preferindo me criar sem segredos ou mentiras, e é isso que mais admiro nela. Apesar de todas as dificuldades, ela nunca soube amar pela metade.

- Vai trabalhar hoje? - perguntei, enquanto passava manteiga e geleia no pão.

- Uhum... Infelizmente, pra mim.

- Entendi... - tentei disfarçar minha tristeza.

Ela percebeu e segurou minha mão.

- Ei... Não importa que horas eu chegue hoje, nós vamos às compras, tá? Prometo.

Sorri, aliviada.

- Você é a melhor irmã do mundo.

- Eu sei, eu sei - disse, fingindo superioridade, o que me fez rir. - Falando nisso, sabe algo da Lucy?

Na mesma hora, bati na testa, lembrando que havia prometido ligar para minha melhor amiga e esquecido completamente.

- Eu me esqueci dela! - peguei o celular e mandei uma mensagem rápida, tentando evitar que ela fizesse um escândalo por eu não ter ligado. Sofia, por sua vez, não parava de espiar minha tela.

- Perdeu alguma coisa? - perguntei, arqueando a sobrancelha.

- Nada, só estava tentando confirmar uma coisa.

- O quê?

- Tem um garoto nessa história, né?

Olhei para ela, incrédula.

- Ham?

- Sei lá, ultimamente você anda muito grudada no celular.

Revirei os olhos, exasperada. Por que todo mundo assume que, quando uma garota está grudada no celular, é por causa de um garoto?

- Pode tirar seu cavalinho da chuva! Não tem garoto nenhum. Ando grudada no celular porque baixei um app incrível chamado Wattpad. Posso ler e escrever nele, só isso. Qual o problema?

-  Diane... Você tem quase 18 anos. Precisa encontrar alguém.

Revirei os olhos novamente, ignorando seu apelo.

- Nem pensar. Se depender de mim, vou envelhecer aqui com você.

- Você só diz isso porque seu príncipe encantado ainda não chegou.

Antes que pudesse rebater, meu celular começou a tocar. Era Lucy. Atendi no mesmo instante.

Sofia também recebeu uma ligação - do namorado, John - e me deu um beijo na testa antes de sair às pressas.

- Tchau! - gritou, já na porta.

- Oi, Lu.

- Oi, Any! - respondeu Thaina do outro lado.

Thaina era minha melhor amiga desde o ensino médio. Eu nunca fui muito boa em socializar, mas ela mudou isso. Nosso primeiro contato foi durante um trabalho de química, e acabamos descobrindo que tínhamos muito em comum. Desde então, nos tornamos inseparáveis.

Ela era linda, com cabelos loiros que iam até a cintura, olhos castanhos claros e uma pele bronzeada de dar inveja.

- Recebeu minha mensagem? Vamos?

- Então, gata... - ela coçou a nuca, hesitante. - Me desculpa, mas prometi levar o Max no treino, e você sabe como ele fica quando eu quebro uma promessa...

Max era o irmão mais novo dela, e eu sabia o quanto ela o adorava.

- Não tem problema, Bae. Eu vou com a Sofia.

- Jura que não tá brava comigo?

- Juro. Além do mais, é só o shopping, não minha formatura. A gente marca outra saída.

- Ai, como eu te amo! Obrigada, gata.

- Também te amo.

Conversamos mais um pouco até eu terminar meu café. Despedimo-nos assim que entrei no meu quarto, pronta para o resto do dia.

Luz e Graça❤️Onde histórias criam vida. Descubra agora