Diane...
Os primeiros raios do sol atravessavam a janela do meu quarto, atingindo meu rosto com insistência. Resmunguei algo inaudível e me forcei a levantar. Minha rotina era sempre a mesma: higiene matinal, olhar-me no espelho por um segundo a mais do que deveria e tentar decifrar quem eu era.Após me aprontar, saí do quarto e fui direto ao quarto ao lado, o de Sofia. Bati na porta, mas não esperei resposta antes de abrir.
- Sofia? - chamei, mas tudo o que encontrei foi sua silhueta largada sobre a cama, respirando pesadamente como alguém que acabara de travar uma batalha com o mundo.
Parei por um instante, observando-a. Sofia era tudo o que eu não era: forte, confiante e sempre disposta, mesmo quando o peso da vida parecia esmagá-la. Decidi não acordá-la. Ela precisava descansar.
Desci para a cozinha e me servi de algo simples, tentando ocupar o tempo até que ela acordasse. Horas se passaram, e lá estava eu, deitada no sofá, relendo meu livro favorito pela terceira vez. As palavras já não tinham o mesmo impacto, mas eram confortáveis, como um cobertor velho.
Finalmente, Sofia desceu as escadas, os olhos inchados de sono, coçando-os preguiçosamente.
- Oi - ela disse, com aquela voz arrastada que sempre me fazia sorrir.
- Se sente melhor? - fechei o livro e me sentei, observando-a com atenção.
- Um pouco. Que horas são? - Ela se jogou ao meu lado no sofá.
- Quatro e quarenta. -Conferi no celular.
-Oxi! Dormi demais. — Sofia espreguiçou-se exageradamente. - Cadê a Lucy?
- Ela ficou de ir ao treino do Max.
- Então só sobrou você e eu. - Levantou-se num pulo, cheia de energia.
- Acho melhor você descansar mais um pouco.
- Que isso? Eu tô ótima.
- Jura?
- Juro. Além disso, vou ter muito tempo pra descansar... quando estiver morta. - Ela riu e subiu as escadas sem esperar resposta.
Rolei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso. Aquela era Sofia, sempre tirando sarro até da própria exaustão.
Subi para me arrumar também. Escolhi algo simples: jeans, uma camisa preta de mangas curtas e minhas botas preferidas. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, passei apenas um gloss nos lábios e finalizei com perfume. Maquiagem nunca foi minha praia - diferente da Sofia, que parecia se divertir com isso.
Quando desci, ela já estava à minha espera perto da porta, impecável como sempre. Calça americana preta, t-shirt básica e tênis Nike preto e branco. O cabelo cacheado solto e volumoso, com lentes de sol repousando no topo da cabeça.
- Bora? - perguntou, me olhando com aquele olhar impaciente.
- Vamos. - Abri a porta e saímos juntas, a conversa fluindo naturalmente.
Andamos alguns minutos até que me dei conta de algo.
- Ah, não.
- O que foi? - Sofia parou, sem entender.
- Esqueci meu celular.
- Você anda muito esquecida ultimamente. Como esquece o celular se vivia grudada nele?
- Não demoro. - Dei meia volta e corri de volta para casa.
Quando cheguei no meu quarto, algo parecia... errado. Aquela sensação incômoda voltou, como uma pressão invisível sobre os ombros. Olhei ao redor, mas não havia ninguém. Inspirei fundo, tentando ignorar o frio na espinha, e fui até o banheiro.
Minha mão hesitou antes de tocar a maçaneta. O silêncio era opressor, e eu podia ouvir meu coração batendo forte, como se quisesse escapar pela boca e fugir sem mim.
Quando finalmente toquei na maçaneta, o toque estridente do celular me fez pular. Virei rapidamente, pegando-o em cima da cômoda.
- Irmazona do coração - dizia o identificador de chamadas.
- Oi - atendi, tentando soar normal.
- Vai demorar muito?
- Não, já peguei o celular.
- Isso eu sei. Perguntei se vai demorar.
- Já tô voltando. - Menti, olhando rapidamente para a janela. Fechei-a com firmeza antes de sair.
De volta à rua, Sofia me esperava com os braços cruzados e um sorriso impaciente.
- Perdeu a coragem? - brincou.
- Só me atrasei. Vamos logo.
Sorri, mas algo dentro de mim ainda estava inquieto.
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Luz e Graça❤️
FantasyToda sua vida Diane pensou ser uma simples humana, mas tudo muda quando ela descobre estar vinculada com Cleezys, um arcanjo, que a recusa de imediato Diana quer provar q e capaz de alcançar o seu verdadeiro potencial mesmo estando numa caixa de me...