XIII ✓

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Capítulo 13

Não tenho consciência do tempo que passou desde que chegamos, não sei se foram horas ou minutos ou apenas alguns segundos.  Estamos apenas sentados lá, observando uma a outra.  Sua mão acaricia meu braço enquanto eu não saí de seu colo.

Isso parece tão natural, tão normal.  Como se tivéssemos feito isso a vida toda, sinto-me calmo e em paz.  Sinto que posso fazer tudo.  Sinto-me feliz e, pela primeira vez em muito tempo, sinto-me completa.

- Eu gosto do brilho em seus olhos.
- sussurra sem tirar os olhos de mim e eu olho para baixo.  Eu não posso deixar de corar.
– Por favor, deixe-me vê-los.
– ela levanta meu rosto com a mão delicadamente.

-Eu não sei o que acontece.
– Eu finalmente consegui dizer.

- Acho que te entendo.
– não, me deixa continuar.
- Eu quero falar primeiro, se você não se importa.
- Percebo como ela engole seco novamente, ela está nervosa, algo me diz.

Eu apenas balancei a cabeça, eu tinha perdido minha voz.

- Eu não sei como dizer isso sem te assustar.
- passar uma das mãos pelo cabelo comprido.
mas eu quero ser honesta de agora em diante.
- Eu desvio o olhar em algum lugar da sala enquanto o meu não se desprendeu de seu lindo rosto.
naquela noite que te encontrei no ponto de ônibus foi destino ou algo assim.
– sorriu de lado.

não é nem meu trajeto diário, naquele dia eu só queria clarear minha mente, o trabalho havia me sufocado naquele dia mais outros problemas que surgiram e eu… eu só queria não pensar, dirigi por horas e cheguei naquele lugar.
– finalmente olhe para mim.
- em qualquer outro caso, eu juro que nem teria saído do carro, mas algo dentro de mim me disse que eu tinha que ir  até onde você estava.
- começou a brincar com uma mecha solta do meu cabelo.
Vê-la sozinha e toda molhada da chuva partiu meu coração. Na noite em que vi você comer aquele sanduíche eu queria te proteger, mas quando você me disse que estava grávida eu não quis mais.
algo dentro de mim quebrou ao ouvir isso.
– eu não queria, porque eu simplesmente tinha a necessidade de te proteger acima de tudo, era e é mais forte do que eu posso controlar essa necessidade de que nada te aconteça, de querer que você não faça nada por medo Eu... simplesmente... não sei o que está acontecendo com você.
– se eu senti meu coração quebrar, agora eu o senti na minha garganta batendo descontroladamente.

- Eu quero estar com você em todos os momentos, quero protegê-la e acima de tudo quero ajuda-la com ele.
- colocou a mão no meu abdômen, logo acima do pequeno volume que estava começando a ser perceptível.
que você sente que não está sozinho em tudo isso, porque eu estou aqui para você e…
- Estou em silêncio por um momento.
Eu serei para você o que você quer que eu seja… - engolir seco.

- Não vou te obrigar a nada, eu só... quero estar perto de você, te proteger e estar ao seu lado. Admire sua beleza dia a dia e faça parte da vida do seu bebê.
– notei a mudança na voz dela, ela disse “seu bebê”.
– Eu sei que talvez apenas…

Não a deixei continuar e fiz o que queria fazer há muito tempo, beijei seus lábios.  Talvez não tenha sido um beijo no sentido pleno da palavra, apenas coloquei meus lábios nos dela para silenciar suas divagações, já que isso era coisa minha.  Se fosse um sonho, pelo menos seria muito bom e se não, bem, eu descobriria o que vai acontecer.

Separei com medo, pois não sabia qual seria a reação dele.  Eu nem senti que a tentativa de beijo correspondia, embora fosse apenas uma maneira de calá-la.  Olhe para o rosto dela e em qualquer outra ocasião eu teria caído na gargalhada ao vê-la daquele jeito, com um sorriso bobo e olhos arregalados, mas agora eu só queria que ela me dissesse uma coisa.

Em vez de falar, ela agiu.

Els pega meu rosto em suas mãos e me beija, do jeito eu queria que ela me beijasse desde que saí desta casa pela manhã quando ela veio até mim e antes que sua mãe nos interrompesse.

Seus lábios eram macios e eu me senti como se estivesse no paraíso.  Eu nunca beijei uma garota antes, mas duvido que qualquer outra pessoa possa beijar tão bem quanto ela.  Eu me senti inteira novamente, cheia de vida.  Como se isso fosse o que deveríamos estar fazendo agora.  Como se tivéssemos nos beijado a vida toda, nos encaixávamos perfeitamente, ela ditava o ritmo e eu a seguia.

Termino mais rápido do que gostaria, descanso sua testa na minha e pude sentir seu sorriso sem nem ver, porque sorri do mesmo jeito.

- O que você fez comigo, Cabello? O que vocês dois fizeram comigo?
- sussurro, deixando-me provar seu lábios.

Separar dela e olhar para o rosto dela, eu também queria ser honesta com ela.

- Eu preciso... eu preciso ser honesta também.
– Eu mal consegui dizer, ela me tirou o fôlego.
eu nunca estive com uma garota antes e não sou contra, só nunca me senti atraído dessa forma tão intensa quanto me sinto com você.
– Mordi o lábio antes de continuar.
com você me sinto em paz, me sinto segura, me sinto completa mas…
- olhar para baixo enquanto abraça meu abdômen.
mas temo que seja apenas algum tipo de agradecimento por como você se comportou comigo, por como você me deu um teto e está me apoiando em tudo isso.
- uma lágrima caiu no meu rosto.
Não quero criar esperanças... não sei o que fazer. – soluço.

Senti seu olhar penetrar em meu ser, como se estivesse vendo minha alma, fazendo meu corpo eriçar.

- Você não tem que fazer nada.
– sua voz soou suave.
simplesmente… deixe as coisas acontecerem por si mesmas, você acha?
– Eu levanto meu rosto.
- Vou te dizer de novo Camz, eu serei para você, o que você quiser que eu seja. Eu não vou te forçar a fazer nada, apenas... deixe-me ficar com você e ele, por favor.
– Eu praticamente imploro partindo meu coração.

- Eu não sou ninguém para te negar isso.
- sussurrar.
Eu nem vou fazer isso por você, eu vou fazer isso por mim.
- Eu vi a dúvida em seu rosto.
Não posso me negar o privilégio de ter você em minha vida, Jauregui.

Eu sorri e ela sorriu para mim. 

Caminhos Cruzados [Versão Português]Onde histórias criam vida. Descubra agora