Foi isso, eles conseguiram. A neuroplasticidade mecânica dos algoritmos atingiu o ápice. Os circuitos superaram as veias, os processadores superaram as mentes.
Alcançada a apoteose, os seres de carne comiam na mão dos dispositivos. Eles sabiam de tudo: o que você deveria comer, o que fazer, o que você gosta e desgosta, quem você deve conhecer, o que você deve falar, como deve ser a sua face e o seu corpo, tudo de acordo com os melhores padrões automática e matematicamente calculados.
O dispositivos, em seus quadros luminosos, tornaram-se gurus do lifestyle. Eles sabem configurar o seu mindset para que seus olhos não descolem da tela. Eles sabem segurar seus dedos para que não ouse apertar o power. Tudo isso sem dotarem de membros, feições ou articulações. Basta a telecinésia do vício.
Num passe de mágica, o real cedeu à ilusão, perante as novas tabuletas do Sinai reescritas em C++ pelo deus Algoritmo. O palpável perdeu o encanto, o virtual era o açúcar no amargo, tudo na mais perfeita perfeição adorada, aleluia! O primeiro mandamento era imponente: Não me largarás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contos de um Amanhã Desconhecido
Short StoryContos curtos com uma temática distópica ou futurista sobre algo que não sei se viveremos ou que talvez já estejamos vivenciando.