Existe um lugar distante, onde nada se vive, onde nada se cria, onde nada se tem dono.
Não um lugar com nuvens, felicidades e risos, não um lugar com lava, doenças e gritos, um lugar vazio, sem governante e sem dono, uma terra sem raiz, uma tela em branco.
Onde a única coisa que se destacava era um menino, magro, não muito alto, com os cabelos castanhos, pintas pelo corpo que pareciam constelações, olhos brilhantes, mas que já tinham passado por muita coisa, dor, perda, sofrimento e solidão.
Naquele momento, no entanto, ele demonstrava dúvida, ele estava perdido sem saber onde estava ou se estava seguro.
— Olá? — o garoto perguntava, olhando ao redor — Tem alguém aí? — questionava alto — Que pergunta idiota, ótima para um filme de terror — ele se repreende, batendo na própria testa.
— Stiles — uma voz baixa, como um sussurro lhe chamava, a voz era assustadora, carregada de uma malícia oculta, fazendo o menino se arrepiar e virar lentamente até o som que lhe chamava.
— Você! — ele dizia, olhando com temor para a criatura que lhe atormentou — O que você está fazendo aqui? — ele questionou, dando um passo para trás sem desgrudar os olhos da criatura à sua frente.
— Estou aqui com o mesmo objetivo que você — a criatura respondia olhando nos olhos do garoto, com um tom de curiosidade e divertimento pelo medo nos olhos do mesmo.
— Que seria? — talvez ele pudesse tirar alguma informação da criatura antes de correr o mais rápido possível, não que isso fosse adiantar de muito, afinal, não sabia para onde correr, ou se teria escapatória desse lugar.
— Esperar o veredito dos Deuses — ele completava, parando com os braços para trás. Agora, Stiles via que ele ainda estava idêntico a ele, a única coisa que o diferenciava eram as olheiras e a pele mais branca.
— Como assim? — o garoto o questionou novamente, parando de reparar em sua aparência e voltando a suas dúvidas. A curiosidade era maior que o medo naquele momento, apesar de seu corpo gritar para que corresse, ele estava curioso e confuso demais.
— Bom, todos que morrem são separados ou para o paraíso ou para o purgatório, alguns são separados para a próxima vida, já outros têm uma segunda chance — ele diz depois limpa a garganta — Mas acho que não nos aplicamos ao último caso — ele olha o menino novamente — Em todos os casos, os Deuses fazem uma espécie de júri, e é exatamente isso que estamos esperando.
— Como assim nos? — ele pergunta, dando um passo para frente.
— Bom, meio que estou conectado a você — ele diz andando para frente, fazendo o menino semicerrar os olhos — Eu o possuí mesmo que seus amigos tenham me "tirado" de você, eu ainda tenho fragmentos aí dentro — ele diz fazendo Aspas, e sorrindo com desdém — Pelo visto no final eles não são tão competentes
— Então, você continua dentro de mim — Stiles disse, mais para se ter certeza do que acabara de escutar, não sabia se estava com medo ou se não ligava, ele ainda estava confuso pela troca de ambiente.
— Sim, só estou fraco para tomar conta de você, além de que você não tem mais um corpo físico — ele disse, andando em volta de Stiles, analisando o moreno.
— Pera, não tenho mais um corpo físico — ele perguntou e a criatura fez que sim com a cabeça — Então isso quer dizer que morri — os olhos do garoto se enchiam de água, a realidade caindo em seus ombros pela primeira vez desde que acordou, até sentir um tapa em sua cabeça que o fez gemer de dor.
— Não ouse chorar, todos morrem um dia, não temos escolha. Além disso, agora você terá paz, esse é o sonho de todos os mortais — ele diz, olhando nos olhos do menino.

VOCÊ ESTÁ LENDO
I Lost
FanfictionE se stliles realmente tivesse a doença de sua mãe? E se estivesse condenado a viver com Nogtisune pelo resto de sua vida? E se os Deuses não soubesse seu lugar? Como seria que seus amigos, seu pai, sua família reagiria a sua morte?