Parte dois

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Cheguei na revista cedo e bem disposta a encontrar outra notícia para escrever

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Cheguei na revista cedo e bem disposta a encontrar outra notícia para escrever. Afinal, o trabalho não para. Antes de ir ao meu departamento, observei alguns olhares sobre mim, mas não dei a mínima por imaginar do que se trata. Fui ao banheiro para retocar a maquiagem. Ajeitei de leve meu cabelo castanho claro preso em um coque frouxo com duas pequenas mechas na frente por dentro do óculos. Passei um pouco de pó compacto para retirar a oleosidade, usei um pouco de rímel para ressaltar meus olhos castanhos, batom vermelho e pronto. Vi que meu look estava bem arrumado, uma calça jeans, camiseta rosa estampada com várias margaridas e tênis branco. Saí do banheiro às pressas, sentei-me em meu lugar e liguei o computador. Minutos depois, Lisa aparece com um bolo de revistas, aparentemente velhas, e as jogou em cima da minha mesa. Pude até ver a poeira saindo por causa do impacto.

— O que é isso? — perguntei com olhos arregalados. Uma pergunta idiota porque sei que são revistas, mas sei que ela entendeu o porquê da minha surpresa.

— O chefe pediu para você arquivar as notícias da revista de dez anos atrás pro editorial de comemoração da festa da empresa!

— Isso vai demorar muito tempo para fazer! — reclamei folheando freneticamente algumas revistas.

— Mulher, já ia esquecendo! — Lisa disse exasperada ignorando minha reclamação sentando-se no puff ao meu lado, jogando seu cabelo loiro acinzentado para trás e me encarando com seu olhos verdes. — O que foi aquilo em seu blog ontem? — sua expressão era como se fosse gritar de animação, mas não pôde por estar no ambiente de trabalho.

— Eu só escrevi o de sempre, oras. Nada de mais. — Dei de ombros.

— Mas foi a forma como você escreveu que ficou perfeito! — ela soltou um gritinho abafado. — Viu os comentários?

— Não. Por quê?

— Porque a Carol Kennedy comentou em sua publicação!

— Sério?!

— Aham! Assim que você postou eu fui ler, claro que gostei e compartilhei a história em todas as minhas redes sociais. Quando foi uma hora da manhã, ainda estava acordada, recebi um monte de notificação e fui ver o que era. As cobrinhas daqui viram e comentaram depois que a Carol falou sobre sua publicação. Eu não aguentei e tive que ver. Aqui, olha — ela mostrou-me o print que tirou do comentário que dizia assim:

"Não posso ficar com raiva de você por falar isso. Porque não é mentira. Se fosse há três anos eu te processaria por não querer ouvir a verdade mesmo estando na minha cara. Por incrível que pareça, o que escreveu foi como tudo aconteceu (com exceção de algumas coisas). Fui avisada sobre ele, recebi conselhos da minha mãe, vi comportamentos errados dele, entre outras coisas a mais, porém não ouvi os conselhos da minha mãe nem do meu pai e fui em frente nesse relacionamento. Anos depois, quebrei a cara me decepcionando com ele quando descobri a traição. E hoje só me resta um divórcio e um coração partido. Da próxima vez ouvirei os conselhos da minha mãe e virei aqui sempre aprender sobre como evitar uma decepção. Obrigada!"

Colecionadora de Decepções | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora