3.

7 2 0
                                    

HORA 23:46
LOCALIZAÇÃO: Quarto.

Pera, pera, pera. Era só isso? Meu presente é esse cachorro idiota? Minha responsabilidade “adulta”, é cuidar da droga de um cachorro. Tenha santa paciência!

Se Elliot está fazendo alguma brincadeira, ela não tem graça. É só durante as 24 horas de um aniversário, que se pode dar presentes, fora isso, não.

Deixei Wendy aos cuidados do cadete Mallet. Estou em meu quarto, escuto batidas na porta, segundos depois ela desliza dando passagem a alguém. Como estou sentado em uma cadeira de costas para ela, não sei quem é.

— Blame — saúda uma voz feminina, que conheço muito bem, Dhalia. — Não consegui ir até a cantina hoje, me desculpe.

Viro a cabeça, e vejo a garota ruiva com a mão no peito, recuperando o fôlego.

— Feliz aniversário, aliás — parabeniza. — E, não acha que a temperatura está muito baixa?

—  O que? — pergunto levemente confuso.

— Aqui dentro, tá muito frio — explica,
cruzando os braços e esfregando as mãos neles.

— Está?

— Sim. E muito — infatiza.

Eu realmente não sinto nada de diferente, mas percebo que é sério, quando vejo fumaça de ar quente sair das nossas bocas.

— Parece animada  — observo, enquanto mexo na mesa inteligente, a fim de mudar a temperatura do quarto —, o que aconteceu?

— Ah, estou nas galáxias.

Seu tom sonhador me intriga.

— É mesmo? Por que? — Indago, e acho as configurações que preciso.

— O capitão, ele falou comigo ontem — conta, sentando-se na cadeira à minha frente. — Me elogiou muito, eeee — levantou o dedo indicador pra cima. — Disse que eu daria uma ótima vice-líder de frota.

Encolhi os ombros. Fazia 8 graus dentro do quarto, mas nas configurações, mostrava que o ar condicionado estava distribuindo 21. Provavelmente algum erro no sistema.

— E hoje — emendou a garota. —, me chamou para a sala dele — bateu palminhas. — Então Bley, agora você está olhando para a sua nova vice-líder de frota! — concluiu sorridente.

Meu chão caiu. Tiro as mãos da mesa.

— Tá de brincadeira? — é a primeira coisa que sai da minha boca.

— Nem um parabéns antes? — rebate, fingindo estar ofendida.

— Dhalia — peço com firmeza.

— Não Blame. Não é brincadeira — responde, enquanto balança a cadeira para frente e para trás.

— Que piada — resmungo.

A ruiva pareceu perceber meu tom maldoso, e muda  postura. Parou de se mexer na cadeira e seu rosto ficou sério.

— Saiba que agora, está falando com uma superior — avisa. — Não esqueça disso Sr. Lancaster.

Só podia ser brincadeira.

Sala Um, 01:23Onde histórias criam vida. Descubra agora