Cães de caça

Piloto

(Sim, sim, eu estava trabalhando em Aluka, mas veio a onda de inspiração pra Cães de Caça e tive que aproveitar esse embalo. Mais de 5k de palavras numa tacada de cinco dias direto kkkk

E, gente, ao longo da história vocês vão ouvir umas piadas em cima da altura da Dandara, e só quero dizer que eles não estão exagerando não. 1,95 de altura. Essa bicha é gigante mesmo.

Agora, eu estou finalizando de manhã, antes de ir pra escola, então eu vou responder seus comentários quando eu chegar, Lua-san. Até daqui umas cinco horas e aprecie sem moderação ;^)

A chuva que caía era consideravelmente forte. A rua estava vazia, iluminada apenas pela luz amarelada dos postes. Haruki apertou o casaco grosso que havia sido colocado sob seus ombros. Olhou para o lado, vendo-a ali, com um olhar fixo em algum ponto desconhecido por ele. Inabalável. Ela sempre era. Ela nunca parecia frágil. Nem mesmo com a elevação já aparente em sua barriga, indicando, ao menos, cinco meses de gravidez.

Apertou o casaco mais ainda ao pensar naquela palavra.

- Melhor sair da chuva. - a voz dele atravessou o som dá água, como se fosse uma lâmina gentil aos ouvidos da mulher. - Pode fazer mal.

- Um resfriado nunca me derrubou.

Ele tremeu ao ouvir a voz dela. Sempre tão firme e marcante.

- Não estou falando de você. - ele retrucou. - Estou falando do bebê.

Dandara quase perdeu sua compostura impecável. Ela ainda não havia se acostumado com isso. Aquilo crescia dentro dela a cada dia que se passava. Mais e mais. Nunca havia realmente se imaginado nessa situação.

- Ela vai ficar bem. - respondeu.

Na visão periférica, viu Haruki piscar aqueles olhos puxadinhos e adoráveis, aturdido. Teve vontade de mordê-lo. Mas não era uma boa hora naquele momento.

- Uma menina, então? - engoliu seco ao dizer.

Dandara limitou-se a assentir. Ela sabia que, de acordo com o próprio Haruki, ele sempre tinha desejado ter uma menina, se tivesse filhos. Por isso, ela não conseguiu ficar afastada quando descobriu o sexo da criança. Já estava sendo doloroso demais se afastar por si mesma.

- Vamos pra minha casa. - ele disse por fim, passando por ela, sentindo a água gelada abaixo da sola de seus pés.

- Sou bem vinda? - questionou ela, ainda sem sair do lugar.

- Se não me deixar outra vez. - respondeu.

Dandara andou e se aproximou, tomando-o pela mão, o pegando de surpresa. Já havia quase esquecido de como era o toque áspero da mão dela.

- Não posso prometer que vou ficar fisicamente. - ela disse e Haruki fechou os olhos, apertando-os com força. Aquilo era tão doloroso de ouvir. - Lily, precisa entender o meu lado. - ela o puxou. Finalmente, ficaram frente a frente, pela primeira vez naquela noite. - Se a minha presença colocar você ou a Hadassa em perigo, eu não vou ter outra escolha. Igual ao que aconteceu antes.

Haruki sentiu os olhos arderem. Hadassa. Ele também havia comentado com ela que ele amava esse nome. Ela se lembrava de tudo. Dandara guardava tudo que ele dizia para ela, mesmo que dissesse só uma vez.

- Eu...- vacilou em responder. - Da-chan, você precisa entender que te ter longe é doloroso pra mim...ainda mais...com uma criança nossa nessa história.

- Mas eu entendo. - ela insistiu. - E foi só por isso que eu voltei. Não vou aguentar passar essa gravidez inteira sozinha, Lily. - ela entrelaçou os dedos dele, pegando-o pelo braço e o trazendo ainda mais para perto. - Precisamos de você.