PRÓLOGO

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TW// drogas, ansiedade, menção a suicídio e overdose.














Kim Seungmin

Estava colocando tudo em risco mais uma vez, porém não me importava. Nada mais me importa. Eu estava cansado, de mim, dos outros ao meu redor, de tudo. Não aguentava mais minha cabeça me pregando peças, às vozes... essas malditas vozes.

Suspiro mais uma vez, observando a seringa com o conteúdo sobre a bancada da cozinha. Odiava muitas coisas, mas o que eu mais temia agora era ficar sozinho com os meus pensamentos. Era uma tortura.

Todas as lembranças ruins atingiam-me com força, impedindo-me de esquecer o que mais me causava dor. Nessas horas que eu sentia mais falta dos meninos, tinha vezes que eles eram tão barulhentos que eu me esquecia por um segundo que tinha problemas.

Problemas…

Eu sou um viciado, tenho total consciência sobre isso. Contudo, também não fazia nada para mudar. Não tinha mais salvação e nem coragem o suficiente para me matar, então deixava as drogas no meu organismo fazerem o trabalho delas. Estou me matando lentamente e eu meio que gosto disso.

Com minhas mãos trêmulas, pego a seringa e um elástico que achei no chão; amarro o elástico no meu braço e fecho minha mão esquerda, fazendo força até umas das minhas veias aparecerem. Com meu último suspiro, injeto o conteúdo dentro do meu corpo. Sinto à queimação da heroína passando por entre minhas veias, o êxtase que senti. Dessa vez foi mais rápido que o normal.

Quando sinto a droga entrar em meu organismo, consigo ter certeza de que as vozes se foram. Ando até o sofá da sala, retirando alguns pacotes de biscoitos e os jogando no chão. Sentando-me, eu encosto minha cabeça no estofado e respiro fundo. Agradeci mentalmente pelos meninos terem ido naquela reunião, pensei que a desculpa que eu inventei dessa vez não colou, mas eu sei que eles perceberam, só não queriam me pressionar.

É Seungmin, mais uma vez você causando preocupação nos outros.

Começo a dar risada sozinho, encarando o painel desligado da televisão. Não sei do que eu estou rindo, mas era muito engraçado. Caindo do sofá de joelhos no chão, eu começo a rir mais alto. Minha risada se misturando em tossidos fortes e secas por conta das drogas.

Tinha algo errado.

Na mesa de centro, meu celular vibrar e cai no chão à minha frente. Vejo o nome de Chan  no visor da tela e aperto em ignorar a chamada, porém devido às minhas mãos tremulas e pesadas, aperto sem querer em aceitar.

'Seungmin, você está bem? Desculpe ligar a essa hora, mas tive um pressentimento estranho...' — Minhas tossidas começaram a ficar mais fortes.

Junto às mãos ao meu corpo trêmulo, sentindo os cantos da minha boca formigarem. Estou tento uma overdose, percebi isso quando comecei a me sentir sufocado, como se alguém tivesse me estrangulando. Tentava expandir meus pulmões em buscar de ar, mas todo o esforço que fazia era em vão.

— Hyung… Sinto muito... — Minha fala saiu embola. Eu estava me rendendo, prestes a deixar a morte me levar, mas não foi isso que aconteceu.

'Seungmin... O quê está acontecendo? Seungmin? Seungmin!' — Seus gritos ficaram mais altos do outro lado da linha, ouvir ele pedir para alguém chamar a ambulância o mais rápido possível, dando o endereço da minha casa.

Eu quis gritar que não, quis gritar para ele me deixar aqui, morrendo. Não tinha mais salvação, não tinha.

Isso era o que eu achava; era o que eu achava até conhece-lá.

E de todas as drogas, ela foi a mais viciante que eu provei…

VOICES | ᴋɪᴍ sᴇᴜɴɢᴍɪɴOnde histórias criam vida. Descubra agora