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" Dedicado para minha pilha de papel com pensamentos embolados, para as tarefas acumuladas e para todos que estão na mesma, boa leitura!"

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Escuro e frio; era o ambiente.

A chuva tinha cessado mas o vento frio permanecia, ele me acolhia mas não me sentia acolhido. era como se ele sussurrasse "ta vendo Sunghoon... Quem mandou sair sem agasalho. ta vendo rapaz, bem feito.".

Estava com frio e encolhido no ponto de ônibus. maldita hora por não ouvir os mais velhos e ter saído de casaco esperando a chuva repentina junto com a mudança de tempo de noite. maldita hora de ter a mania de qualquer jovem adolescente "não ouvir o que os mais velhos falam direito porque me sinto dono do meu próprio nariz".

O vento soprou frio de novo, fazendo as árvores o receber em um barulho de "vuuuuu", entre os galhos e folhas, parecendo até um assobio ressoando e envergando os galhos em uma dança só deles e o vento (afinal, ele que fazia as arvorés daçarem em seu ritmo), e que de certeza que se aqueles galhos estivesses batendo em minha janela, eu me encolheria achando ser assombração e não uma  árvore dançando o ritmo do vendo.

Me amaldiçoei mentalmente por tudo, principalmente por não estar agasalhado decente. estava congelando, sentia meus dedos gelados quando apertava a mão uma contra a outra e já não sabia se era por ter tomado sorvete poucos minutos e ainda estar segurando o copo ou se estava mesmo muito frio.

Meu lado dramático de pensamento gritava: porra vou morrer congelado hoje!

Cruzei os braços e tentei não pensar que virava um bloco de gelo e pareceu aliviar um pouco o fato que eu estava congelando. parecia que quanto mais queria ir embora mais o ônibus demorava, e eu não estava com dinheiro para um uber, erro meu também e ainda para completar meu drama meu celular estava descarregado.

– Não está com frio? – ouvi uma voz ao meu lado, como se chegasse ao ponto por agora também. Olhei na direção da voz e era um menino todo encolhido conforme o vento batia. por um segundo já achava que era um fantasma pronto para me possuir.

Ele já estava ali antes me vendo falar sozinho?

Eu vi no jardim de uma casa que tinha uma festa ali próximo da loja de conveniência mas não vi quando veio para o ponto e muito menos se sentar ao meu lado, fiquei olhando para ele por mais uns segundos. Ele usava uma jaqueta que realçava o quão bonito era. e por baixo da jaqueta outro casaco. esperto.

– Por que tá aqui sozinho? aconteceu algo? – Ele perguntou com um tom curioso.

Não sabia se ele tinha interesse mesmo em saber mas ele parecia tão gentil e educado... E entediado.

– Estou apenas esperando o ônibus pra voltar para casa, rodei a cidade só por conta de um sorvete – respondi sem graça sentindo a medida que falava meus lábios baterem um no outro por frio que ainda sentia. Uma droga isso.

– Eu também. – ele falou rindo – Digo, eu saí da festa pra comprar meu terceiro sorvete.

Ele respondeu e ficou um enorme silêncio. olhei para frente e nem sinal do bendito ônibus mas tinha sinal que vinha outra chuva. eu deveria gravar os horários que o transporte passava.

– Pera...Você pegou um ônibus para vir comer um sorvete? – me perguntou quebrando o silêncio como se me chamasse de louco, e sua cara entregava isso.

– Talvez – eu disse e sorri um pouco – Mas eu posso explicar, aqui tem um dos melhores sorvetes que já comi, então não pude evitar.

– Você é doido... E eu respeito isso – ele sorri pra mim de volta e eu pude jurar que era o sorriso mais fofo que tinha visto. – sou o Jake – se apresentou finalmente enquanto estica a mão em minha direção.

– Sunghoon...– comento e depois de uns segundos aperto a mão dele para não deixar ele no vácuo e assim ele não soltou ela tão rápido. não sei se deveria puxar, afinal minha mão estava fria igual a de um defunto e a dele quente. depois de mais uns segundos ele soltou.

– Seu nome é Sunghoon?

– É

– Uau, achei bonito, diferente.

– É um nome bem comum, não digo muito e que a cada esquina você encontrará um, mas ainda sim é comum – comento rindo mas logo me calo

– Mas eu achei bonito.

– Eu também achei o seu.

e voltamos para mais um silêncio.

– É de onde? – dessa vez eu que o perguntei quebrando o silêncio ou tentando.

– Como? – ele comentou confuso e me olhou piscando os olhos, achei aquilo muito fofo.

– É que você não parece tanto ser daqui. – joguei no ar não que ele fosse diferente mas eu era péssimo em puxar conversa com quem mal conhecia. 

– Ata, sou de Brisbane lá na Austrália. – ele comenta e ri acho que do fato que arregalei os olhos.

– Porra, como parou aqui?

– Festa de parente. – fala de forma simples e sorri com a boca fechada – daqui a pouco um alega " Jake sumiu de novo!" e vão me procurar.

– Então é costume todo mundo que tá perdido no ponto de ônibus você vir conversar é?

– Na verdade não, sendo bem sincero eu só te achei interessante e que seria legal vir conversar com você. – ele falou e soltou um riso pelo nariz.

pude jurar que minha bochecha esquentou pela primeira vez desde que saí da lojinha dali de perto e encarei o frio. olhei pro lado oposto que jake estava e vi finalmente o ônibus que deveria pegar. mas agora eu já não tinha mais pressa de ir.

– Acho que agora é seu ônibus né? – ele falou mas não com sua voz animada, na verdade parecia puro desânimo. eu apenas afirmei em murmuro – que pena foi legal te conhecer Sunghoon...

– Pelo visto até qualquer dia – ele pareceu pensar quando disse aquilo e logo seu sorriso voltou, ele tirou a jaqueta e me entregou de modo que não pude recusar, afinal além de não parecer tanto eu ainda sentia frio.

– Você saiu sem agasalho, até chegar em casa ainda pode congelar. coloca sua mão no bolso porque ela já ta congelando e você pode ficar doente. depois me devolva. na próxima vez. já que você disse "até qualquer dia". – ele disse aquilo em um fôlego só e até mesmo se embolou

Eu ri com aquilo e afirmei. Por um segundo pensei em algo como se pudesse fazer uma troca temporária. 

Tirei o anel já que era o único acessório que eu estava usando e lhe entreguei.

– Que isso? – perguntou confuso olhando pra mim – é um pedido de casamento sem mais nem menos? – ele comenta rindo e eu acabo rindo novamente

– Uma garantia que vou voltar para devolver, se não voltar, você fica com o anel.

Falei e entrei no ônibus caminho de casa em seguida;

Enquanto entrava no transporte antes mesmo de passar na catraca coloquei a jaqueta finalmente — eu realmente seria grato por aquele menino, ou devo dizer anjo, ter emprestado a jaqueta para assim eu não congelar.

Assim que coloquei ela pensei em pôr logo a mão no bolso enquanto ia me sentar por realmente estarem muito frias e o ar do ônibus não ajudaria em nada.

Ao colocar a mão no bolso da jaqueta e mexer um pouco achei um papel. pensei ser importante então peguei rápido para ver se dava tempo do motorista não sair e eu entregar o papel para o menino que ainda tava no ponto, mas quando abri sorri vendo um número e seu nome.

Fiquei sorrindo pequeno enquanto me sentava e olhava pra janela vendo ele ainda ali me fazendo um sinal de "telefone" com as mãos e sorrindo enquanto o ônibus saia fazendo eu perder de vista uma pessoa muito interessante que me ajudou a não passar frio no caminho de casa com uma jaqueta cheirosa.

Bem provavelmente vou ligar...para devolver a jaqueta.

👾:

de um texto bobo que fiz saiu uma fic delicinha

e o wattpad quase  me baniu por conta dessa ficKAKAKKA

jaqueta  - jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora