Fórum: Wild Sis
Tópico: O que você sente ao ouvir suas músicas?
?????* diz: Eu sinto muitas coisas. A voz de Kotori é algo que me guia nesse mundo tão cheio de caos. O reverb me relaxa, as guitarras chegam a distorcerem, é lindo. Como @allblue disse no outro tópico, também veio num tempo perfeito para mim. Recentemente tenho sofrido bullying e ninguém faz nada, muito menos meus pais. Parece que é normal ter um implicante no encalço. É a mesma sensação de ver o jornal e ver uma morte atrás da outra sendo anunciada, só que você acha isso normal e não triste. Capaz de acharem que sou a errada nisso tudo. Eu tenho certeza que Kotori nunca faria isso comigo, ela me ouviria. Com aquela voz angelical, não tem como eu pensar que ela é um ser normal, um ser que acha normal haver opressão.
?????** diz: É, Kotori é de outro mundo, ela está aqui para nos salvar. Sua música lava minha alma. Só Kotori pode nos compreender.
Antes da última aula acabar, o professor passou um trabalho em grupo com 5 membros no máximo. Luffy deu um grito alto "É NÓIS!" feliz que pegaria todos do seu bando e a sala não conseguiu deixar de rir, enquanto Sanji e Usopp fingiram que não o conheciam, já Zoro acordara do sono assustado com o grito.
— Então vai ser na casa de quem que vamos nos reunir para fazer esse trabalho? — Perguntou Usopp, buscando sua pipoca com o pipoqueiro que ficava no portão, esperando os alunos saírem da escola.
Sanji já havia pensado sobre isso e torcia muito para que Luffy não encasquetasse de ser na sua casa. Não queria que seus amigos conhecessem seus irmãos, até porque Sanji nem havia comentado que tinha 4 irmãos e era muito irmão pra uma pessoa só. Apostava que Luffy, curioso como era, poderia querer conhecê-los só para ter mais amigos.
— Pode ser na minha casa. — Comunicou Zoro.
— Sério? Seus pais não vão se importar? — Perguntou Usopp, enquanto tentava manter Luffy longe do seu pacote de pipoca.
— Hahaha, com certeza não.
Luffy e Usopp não sentiram algo estranho com essa resposta como Sanji sentiu, talvez porque brigavam pelo pacote, mas Sanji achou estranho o tom que Zoro usara. Parecia que não se importavam e não por que encheria a casa de adolescentes — sendo que um era um saco sem fundo e barulhento —, mas sim porque não se importavam com o marimo.
— Ótimo! Onde é sua cas- Luffy compra uma pra você!!
Havia 30 minutos que Sanji tentava encontrar a casa do marimo nas alamedas daquele bairro. Inspirou fundo, se sentindo cansado e se perguntou como Zoro conseguiu dar o endereço errado. Ele falou com algumas pessoas na rua, pedindo por informações ou se conheciam um rapaz de cabelo verde com três brincos na orelha esquerda, mas nunca tinha uma resposta satisfatória. Ficou 1 hora assim, até que desistiu e parou numa sorveteria, pensando que já estava tarde para fazer o trabalho de qualquer forma. Se ao menos tivesse encontrado Usopp ou Luffy, poderiam estudar em outro lugar e sem o marimo idiota.
Resolveu ir numa sorveteria que achou ao acaso, porém, também acharia outra coisa ao acaso. Zoro estava numa das mesas tomando um milkshake como se não tivesse compromisso nenhum. Uma veia saltou da testa de Sanji.
— Marimo! Por que está aqui?
— Sobrancelha enrolada? Ham? Por quê? Vocês não apareceram até agora e resolvi vir aqui tomar milkshake. — Respondeu no tom mais sonso possível.
— ESTOU VENDO! — Esbravejou Sanji, assustando todos da sorveteria. Com essa atitude, Zoro tirou suas dúvidas de que ele era temperamental. Sanji respirou fundo até se acalmar. — Você passou um endereço que não existe. — Disse num tom suave.
Zoro enrugou o cenho, fazendo o loiro ficar curioso com sua expressão, até concluir que teria que dizer a verdade. — Eu sabia que isso poderia acontecer e como estavam demorando, vim pra rua achar vocês, mas só achei essa sorveteria.
— Achou? Você não conhecia esse estabelecimento? E por que aconteceria essa confusão?
— Fica quieto e apenas me siga.
— Ei, não fale como se estivesse me dando ordens!! E eu quero um milkshake também.
Como Sanji andara pelo bairro inteiro, achou estranho Zoro ter dado uma volta, quando poderia escolher um caminho mais curto para sua casa. Mas não reclamou, o que importava era que finalmente estava no destino certo e tirou seus sapatos na entrada juntamente de Zoro.
Se esbarraram com o pai do marimo que descia as escadas, ele simplesmente passou direto e não perguntou quem era o colega ao seu lado. Sanji achou que ele parecia cansado por ter uma aparência bagunçada, parecia relapso à higiene, quando sua barba precisava ser feita e andava de hobby pela casa.
— Venha, sobrancelha enrolada. — Zoro já estava subindo a escada quando lhe chamou. — Ele não pode nos ver.
O loiro se sentiu sem graça por ter encarado o pai do marimo a ponto de ele perceber, mas se incomodou mais com o fato de que aquilo que ele disse podia ser verdade. O homem parecia estar em outro plano espiritual.
Quando chegaram no quarto, Sanji achou um pouco bagunçado com aqueles rótulos de biscoitos ou as latas de Coca-Cola, sem dizer do fedor de suor. Definitivamente não morava uma mulher nessa casa, foi o que pensou. Contudo, algo muito mais interessante lhe chamou a atenção. Ao lado de três espadas de bambu e alguns pesos — nessa hora, entendeu por que o cômodo cheirava tanto a suor —, havia uma estante com alguns discos e CDs.
— Você gosta de música, marimo?!
Zoro estava abrindo espaço na cama para Sanji se sentar, mas parou e ficou ao lado dele. — Sim, afinal eu estava na loja de discos aquele dia, certo?
— É verdade!! — Piscou os olhos, confuso por nunca ter suposto que gostava de música. — Conhece Wild Sis?
— Sim, eu tenho os três álbuns da banda.
Sanji se emocionou. — Sério?! Eu sempre quis conhecer alguém que os ouvisse!!
Zoro notou que seu amigo parecia muito afobado, não imaginava que ele seria um fanboy. — É... eles têm sido aclamados, mas ainda são meio indies, né?
E quando Zoro percebeu, Sanji lhe enchia de perguntas como "Quando começou ouvir Wild Sis?" ou "Qual é o seu álbum favorito?" e ainda "Você já foi num show?". Portanto, resolveu pôr um disco para tocar e se sentou na cama, dando uma batidinha no lugar vago ao seu lado.
— Relaxa, sobrancelha enrolada.
Sanji sentiu seu rosto esquentar, porque estava mesmo empolgado, deve ter parecido um idiota aos olhos do marimo, mas se sentou como ele pediu — na verdade, estava com tanta vergonha que se sentou sem pensar.
Os dois ficaram em silêncio, mas algo encucava Sanji. A memória do pai de Zoro veio à tona e ele pensou se o marimo não tivesse uma boa relação com o pai como ele.
— Por que seu pai é daquele jeito?
Zoro coçou a orelha com os brincos, enquanto pensava que o sobrancelha enrolada tivera mesmo coragem de perguntar.
— Acho que pela sujeira, você deve ter visto que não há uma mulher por aqui. — Falou e Sanji assentiu. — Minha mãe morreu quando eu era criança, mas minha irmã mais velha morreu ano passado. O meu pai gostava dela mais do que de mim e por causa disso, parou de se importar comigo... e bem, não era como se ele se importasse comigo antigamente... — Apontou um dedo paro os brincos de ouro na sua orelha. — Eu tiro nota baixa, reprovo, bebo, brigo na rua e furo a orelha, ele não dá a mínima. É como se eu fosse um fantasma. As poucas vezes que veio falar comigo foi pra perguntar o porquê de não ser como minha irmã.
Sanji sentiu um aperto no coração e não pensou duas vezes para abraçar seu amigo. Não era só Wild Sis que tinham em comum, mas ele também era um fantasma para o pai dele. A melodia melancólica reproduzia num CD em um micro system, Sanji começou a chorar no ombro de Zoro, que o afastou e passou a fitá-lo. Um dedo deslizou os fios dourados para um lado, revelando o seu outro olho azul. Uma mão segurava sua cabeça e a livre continuou a deslizar em seu rosto corado para enxugar suas lágrimas. Por fim, os lábios de Zoro tocaram os seus. Um beijo desajeitado foi formado.
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Teen FictionO ano é 2000. Num fórum é reunido alguns fãs de uma banda para discutir sobre os lançamentos, o que sentem ao ouvi-la e até mesmo recomendações. Um deles é um membro que nunca se manifesta, mas lê todas as discussões. dedicada a todas as minhas hora...