Tem dias que a esperança falha,
A gente tropeça e caí.
Engolimos tanto choro,
Tantos sapos, tantas falas,
Que a gente engasga.
A gente sufoca.
O peito doí, a garganta seca,
A gente deixa pra pensar depois,
A gente tenta deixar pra lá,
Enterra e ora, pra ficar enterrado.
Mas não fica, nunca fica,
E um dia volta.
Um dia algo faz lembrar,
Alguém fala, alguém lembra,
E tudo aquilo que você nunca disse,
Você ainda é incapaz de dizer em voz alta.
E agora, parece enorme,
Maior que você,
Machuca mais que antes,
Queima, arde, castiga, cega.
E se a culpa for minha?
Eu sou suja?
Eu sou indigna?
Eu sou má?
Eu que causei isso?
Eu provoquei?
Eu nunca falei,
Eu ainda não sei falar,
Doí demais e eu não sei lidar.
Mas e o resto?
E as coisas boas?
E o tudo mais que aconteceu?
Deixa de valer?
Apaga o que aconteceu?
Eu devo esquecer?
Eu não consigo,
Eu tento e não dá.
E agora eu não gosto de mim,
Minha pele, minha alma,
Meu corpo, meu cabelo,
Tudo está manchado e eu?
Eu não sou boa.
Eu não sou digna.
Eu sou suja.
Eu tenho nojo de mim.
E como é que eu vou,
Ser capaz de olhar?
Se nem pra mim, eu consigo mais?
Eu sei, eu preciso de ajuda
Mas se nem pro travesseiro,
Eu tive coragem de falar.
Como farei isso com um estranho?
Esperar e morrer sufocada?
Agonizante e lentamente?
Já está acontecendo.
Falta muito pra terminar?
A culpa não é minha,
Mas ela não me deixa,
Ela me faz pensar que a errada sou eu
Que eu quem causei tudo isso
A culpa não é minha,
Mas ela me acompanha,
Como se fosse minha sombra
Minha amiga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poesias Soltas
De TodoVou compartilhar poesias e textos aleatórios, com diversas temáticas. Poesias, pensamentos, reflexões e coisas que surgem no dia-a-dia. Não são continuações, não precisa ler em ordem, nem ler todas!