Cap 7 - Decisões Pesadas (Atualizado)

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~ Katrina ~

Durante todo o trajeto permanecemos em silêncio, afinal, o que teríamos para dizer? Está um clima bem constrangedor e estou com uma vontade absurda de me jogar pela janela do carro. Só comigo que essas coisas acontecem, não é? Não sei porque aceitei essa carona, talvez dormir no bar não fosse tão ruim.

Disposta a quebrar o gelo, engoli a seco.

- Quando é o próximo jogo de vocês? - Me atrevi a perguntar.

Sei que não deveria já que somos de times rivais, mas não é assim que o Henry me enxerga e também não o vejo dessa forma. Talvez eu seja só uma líder de torcida aleatória no meio das várias que ele vê diariamente, então não tem porque complicar. É só uma pergunta, ele tem a opção de não responder se não quiser.

- Em três semanas

Franzi as sobrancelhas.

- Calma, tão rápido assim? Os nossos vão demorar quase dois meses, eu acho. Vira na próxima rua

O garoto obedeceu antes de me observar meio confuso.

- Tem certeza? Vi que vocês estavam escalados para o dia anterior, no sábado - Falou, me deixando com os olhos arregalados. - Acho que não te avisaram direito.

Fechei os olhos, encostando a cabeça no banco do carro. Não sei se calculei errado ou se só estou perdida no tempo mesmo, de qualquer forma minha mente está girando demais, seja pelo álcool ou sei lá. Preciso apenas dormir um pouco e também passar um pouco de gelo no joelho, amanhã com certeza vai estar bem mais dolorido pela dancinha de hoje e por ter andando de um lado para o outro. Bom, valeu a pena, o pessoal da Finnegan é incrível, gostei mesmo dos garotos.

Apesar de saber que estou brigada com o Thomas, não me importo. Ele foi um puta babaca e bem desnecessário, faria de novo caso ele repetisse essa merda. O que me deixa em choque é que eu nunca vi isso acontecer, pelo menos na minha frente o meu namorado nunca se mostrou daquela forma, o que me deixa mais irritada ainda. Quando que ele ficou assim? O máximo que aconteceu foi que passamos dois meses afastados pelas férias anuais, conversando pouquissimo pelas redes sociais já que Thomas foi para a casa dos avós no interior, que o sinal é péssimo.

Bom, não vou voltar atrás. Se ele mudou, eu também mudei bastante.

- Vira aqui, é a terceira casa - Avisei, olhando a pouca claridade da rua.

Assim que o carro parou eu aspirei uma boa lufada de ar. Vai ser decisivo, ou arrumo um jeito de entrar em casa, ou vou dormir na calçada mesmo.

Saí do veículo e devagar, fui me aproximando do quintal. Henry trancou o carro e veio comigo. Graças aos deuses eu não tenho cachorro para fazer barulho nessas horas.

Atravessei o cercadinho com o garoto ao meu lado e nos aproximamos da casa, vendo que está tudo escuro. Obviamente os meus pais estão dormindo e meu irmãozinho também, então preciso ser cuidadosa. Fomos até a janela da sala e olhei para a minha no segundo andar. Pelo menos tem uma árvore perto.

- Qual é o seu plano, gatinha? - Ele sussurrou perto do meu cabelo.

- Escalar a árvore, e você com certeza vai me ajudar

Ele ergueu uma sobrancelha e deu um sorrisinho de lado.

- Isso tudo é para não dormir lá em casa? Te prometo que não mordo - Sua voz é fraca, contida, como se tivesse medo de sermos flagrados.

Olhei para Henry com raiva nos olhos. Tanto momento para brincadeirinha e ele escolhe logo esse.

Fui até a árvore e me apoiei na mesma, tirando o meu saltinho prata e prendendo meus longos cabelos. Entreguei o salto e a bolsa para ele. Olhei para cima, medindo mais ou menos a altura e vendo que tem no mínimo uns três metros. Que meus ossos sejam conservados caso eu caia.

Maldita ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora