contos da meia noite

Capítulo 2- Além do fundo do poço

      Enquanto olhava pela janela relembrando os acontecimentos que me levaram ao lugar onde me encontrava, ouvi um ruído subindo pela escada que levava ao andar de baixo. Algo naquele som já familiar me fez esquecer por alguns instantes do meu passado e voltar a me concentrar da minha rotina um tanto quanto comum.

         - Vamos senhorita, ou prefere se atrasar mais uma vez para a aula?

          - Já estou descendo tia Vivian, e eu não me atraso sempre - resmunguei a resposta breve enquanto rapidamente prendia meu cabelo em um simples rabo de cavalo.

         - Tanto faz, apenas se apresse, até parece que vai pra um desfile.

        - Certo minha senhora já estou a caminho.
       
         Apesar de ser um pouquinho carrancuda tia Vivian tinha sido a única pessoa que me restará no mundo. Depois de perder meus pais e de todas as coisas horríveis que haviam me acontecido, a única solução que encontrei foi me mudar para a antiga casa da minha mãe, onde agora só vivia uma senhora conservadora porém engraçada mais conhecida como senhora Vivian Miliscent.

       Enquanto percorria as ruas da pequena cidade, alguma coisa me chamou atenção ao passar próximo ao cemitério da cidade. Não era a primeira vez que fazia aquele percurso, mas naquele momento me parecia que havia mudado algo na antiga construção de muros de pedra.

        Continuei caminhando, e apesar do frio que me fez tremer até o último dos meus fios de cabelo, tentei me concentrar na rotina. Nesse exato momento tudo mudou de repente. Inesperadamente, ao chegar ao fim da calçada do antigo cemitério acabei esbarrando em um jovem um pouco mais velho que eu, que pela aparência, me parecia um personagem de um romance adolescente, e pelos modos me veio a mente um bad boy típico de filmes de ação.
      
        - Olha, acredito que não faço parte da calçada- reclamou ele enquanto me fitava
 
         - Acredito que exista espaço suficiente para nós dois- falei em tom defensivo

         - Senhorita, acredito que essa seja uma péssima forma de conhecer um rapaz- ele já falava em tom zombeteiro

        - Pouco me importa sua opinião de relacionamentos, contanto que me deixe passar

         - Devo dizer que a senhorita é muito simpática - continuou aquele rapaz

        - Se me dá licença...
 
       Indignada e com o tornozelo machucado segui meu caminho em direção ao meu destino sem me esquecer do acontecimento e do jovem de lindos cabelos castanhos. O que eu não esperava era que logo adiante fossemos nos ver novamente e de uma maneira nada convencional...