Capítulo 1- O início do declínio

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        O alarme ao meu lado mal tocou e eu já estava de pé ao lado da pequena janela que dava acesso a varanda da antiga casa para a qual havia me mudado alguns dias atrás. Para que possam entender os últimos acontecimentos eu teria que voltar ao último inverno e contar com detalhes o motivo da minha partida.

13 de novembro de 1992

   - Hadria desça o mais rápido possível, vamos nos atrasar!
  
    - Já estou descendo Senhora Miliscent, não se preocupe os anciãos da igreja já estão acostumados com nossos atrasos!

    - Mocinha, não me obrigue a subir essas escadas, e você sabe que não gosto quando me chama assim!

   - Certo, mamãe - digo em tom de ironia descendo ao andar de baixo

    - Não sei porque insiste em se meter nesse sótão imundo - resmungou minha mãe talvez pela décima vez naquela semana

    - Talvez eu seja algum roedor intruso- falei em um tom brincalhão tentando mudar o clima

   - Talvez seja mesmo- respondeu minha mãe já aceitando minhas brincadeiras- Agora vamos antes que seu pai fique bravo.

    Não sei o que me causava os meus sentimentos quanto as minhas idas a igreja da minha cidade, mas nos últimos anos  alguma coisa me dava arrepios a cada nova visita aquele lugar, e por algum motivo  aquela sensação inquietando me parecia familiar. Porém, apesar desse súbito mal estar, decidi caminhar pelo pequeno caminho de tijolos onde meu pai nos esperava, e por mais que eu caminhasse parecia que as emoções conflitantes continuavam me perseguindo como se algo estivesse errado.

   - Como pode acontecer isso todas às vezes? - Perguntou meu pai em tom indignado com nossa rotina de atrasos

   - Fale isso para nossa filha, ou devo dizer nosso rato de porão?

    Algo no tom zombeteiro de minha mãe me deixou aliviada com a situação, esses momentos únicos com meus pais me ajudam a me livrar dos arrepios que subiam a minha coluna, me causando calafrios

   - Então vamos senhores ou não serei mais o motivo de nosso atraso- ri com eles entrando no carro.

    Enquanto seguia-mos pela estrada empoeirada que daria acesso ao centro de fireflies city, uma nuvem negra parecia encobrir meus olhos e uma neblina encobria minha visão. Nesse momento tudo perdeu o foco. Em um momento estava no carro com meus pais e em outro um líquido espesso tapou minha visão e eu já não sabia mais o que acontecia ao meu redor. Apenas me lembro das luzes vermelhas piscando por todos os lados e toda minha vida perder o sentido...

contos da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora