Cap. 02 Coração Partido

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Nesse momento, minha mente está a mil por hora. Não sei como será nosso futuro. Vamos deixar tudo para trás para vivermos nosso amor em paz. Ouço batidas na porta e me levanto, indo até ela. E antes mesmo de abrir, já sei quem está do outro lado.

— Oi, Gorete. Pode entrar.

— Sinto que você precisa conversar, por isso estou aqui. — Segurando minha mão, ela me leva até a cama, e nos sentamos frente a frente. — Pode colocar tudo pra fora. Sua ouvinte está à disposição.

— Eles querem me casar com Dário. Eu nem conheço esse homem. Só pelo que vejo sobre ele na internet deve ser um idiota, metido a besta.

— Você já conversou com Benjamin sobre isso? — Balanço a cabeça confirmando. — O que ele disse?

— Nós vamos fugir essa noite.

— Acha que isso é realmente o melhor a se fazer?

— Gorete, eu me recuso a me casar com Dário só porque meus pais querem. Tá, eu sei que com eles também foi um casamento arranjado, e que se amam, mas quem disse que vai acontecer o mesmo comigo? Eu amo Ben e ele me ama. Nós queremos ficar juntos. E se pra ficarmos juntos eu preciso largar tudo e fugir com ele, é isso que irei fazer. — Me deito em seu colo. — Só quero ficar com o homem que amo. Será que é pedir muito?

— Minha linda, eu sei como as coisas são difíceis quando se trata de amor, mas quero que escolha o melhor pra você. Se for pra fugir com Benjamin ou se casar com Dário, o importante é que você seja feliz. — Ela beija minha cabeça. — Agora está na hora do jantar. Seus pais já devem estar esperando. Tente se manter calma e evite bater de frente com eles. Se você for embora, lembre-se que esse é o último jantar de vocês juntos. Apesar dessa ideia repentina, eles te amam muito.

— Se me amassem tanto assim, não estariam tentando me casar com um estranho — retruco.

— Olivia, a vida é muito complicada. Não vou condená-los, mas também não vou defendê-los. O mundo dá tantas voltas que podemos achar que uma coisa é certa hoje e amanhã já achar que não. Mantenha a mente aberta.

— Vou tentar. — Me sento e a abraço. — Vou sentir sua falta — digo, com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu também. Sempre vou estar pensando em você.

Descemos juntas até a sala de jantar, e a grande mesa já está posta. Minha mãe está sentada ao lado de meu pai, como sempre, e os dois conversavam animadamente.

— Está mais calma? — meu pai pergunta assim que me vê.

— Estou — é tudo o que respondo.

Me sento e começo a me servir. O cheiro está muito bom, e sei que vou sentir falta dessa comida deliciosa que Ester sempre faz.

— Filha, assim que você se casar, irá morar com Dário na Itália — meu pai fala sem me olhar nos olhos.

— É mais fácil falar que querem se livrar de mim. — digo, sem qualquer sentimento na voz.

— Ninguém está querendo se livrar de você. Vamos sentir muito a sua falta, mas Dário precisa cuidar dos negócios da família. Assim que vocês se casarem, Marco se aposentará. E Dário quer continuar na Itália. Não quer vir morar aqui no Brasil.

— Tá, pai, eu não vou discutir. — Volto a comer em silêncio.

— Amanhã a família Morelli virá para o almoço de noivado, e você poderá conhecer seu futuro marido pessoalmente e passar um tempo com ele — minha mãe diz, animada.

Não me importo com esse desespero em fazer nosso noivado. Amanhã estarei bem longe daqui.

— Ok.— Um longo silêncio se estende enquanto comemos. — Já terminei. Vou pro meu quarto, com licença.

Em Suas Mãos (Família Morelli Vol.1) Onde histórias criam vida. Descubra agora