Capítulo 2

3.8K 436 13
                                    

- Você é Malia? - Pergunta o estranho ao nos aproximarmos dele.

Seu carro parece tão caro quanto Angel falou, e o mesmo posso dizer se suas roupas elegantíssimas para um lugar tão simples quanto Del Norte.  

Ele está vestindo um smoking preto, uma camisa bordô, e uma gravata da mesma cor da camisa. Seus cabelos estão perfeitamente alinhados para trás, e parece que nem um fio está fora do lugar.

- Sim. - Respondo.

- Me chamo Bruce. - Ele me estende a mão.
 
- O que está fazendo em frente a minha casa Bruce? - Retribuo o cumprimento.

Olho de relance para minha amiga, e já vejo seu olhar malicioso enquanto olha para Bruce de cima em baixo com interesse.

Ele é um homem lindo, mas seu ar arrogante acaba com todo encanto. Ele nem ao menos precisa abrir a boca para saber que ele se acha o centro do universo, só a forma superior de me olhar já diz tudo.

- Provavelmente já deve ter ouvido falar que algumas mudanças que terão nesse condado. - Bruce fala.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Estão planejando construir um grande hotel e um parque, e metade dos moradores apoiam a ideia do prefeito, e a outra metade não.

Apesar de amar a calmaria desse lugar, acho que seria uma boa ideia, pois renderia muitas vagas de emprego, e isso também chamaria muito mais turistas do que o normal.

 Del norte é conhecido por ser um local turístico, e é bem visitado por estrangeiros, e se realmente for feito tudo que planejam, ajudará muito na economia desse lugar.

- Bem... - Ele se cala por alguns segundos. - Sua residência está a venda senhorita?

- Não. - Nego com a cabeça.

- Gostaria ao menos de ouvir uma proposta?

- Quer comprar minha casa? – Indago surpresa.

- Sim. - Bruce balança a cabeça em confirmação.

- Por quê? - Questiono.

- Ela está localizada em uma área onde planejamos construir o hotel. – Responde.

- Sinto muito, mas minha casa não está a venda.

Esse é o único bem que eu e meus irmão possuímos, e eu não serei burra em me desfazer disso.

- Mas...

- Como eu já disse, minha casa não está a venda. - O corto.

- Nem ao menos quer saber a proposta?

- Não. - Nego com a cabeça. - Agora se me der licença eu preciso entrar.

Passo por Bruce e abro o portão de casa, enquanto Angel me segue calada. Estou surpresa por minha amiga não ter aberto a boca para dar em cima do Bruce, mas por incrível que pareça ela está calada.

- Passarei aqui amanhã novamente, então...

- Não perca seu tempo senhor. - O corto. - Por que eu não irei vender minha casa.

Ele me olha com certa irritação, e como não estou nem um pouco preocupada com o que ele pensa, caminho até a porta da minha casa e a abro.

Entro no recinto com Angel em meu encalço, e quando olho para ela vejo seu largo sorriso nós lábios.

- Nem perca seu tempo minha amiga. - Gargalho alto. - Aquele cara deve ser o tipo que sai com lidas modelos ricas e frescas, e com toda certeza não olha para meras mortais pobres como nós.

- Você não é rica, mas é linda, e se algum homem não acha isso é porque é cego.

- Eu sou linda mesmo. - Me jogo no sofá.

Angel se senta ao meu lado, e seu sorriso largo não sai dos lábios um segundo sequer.

- Ele é lindo não é?

- Sim, porém achei ele meio arrogante.

- Eu também seria se fosse podre de rica. - Ela assume.

- Talvez seja por isso que não é rica.

Dinheiro nunca te fará imortal, então no final das contas acabará virando pó como qualquer pessoa, então por quê ser arrogante e se achar superior apenas porque tem uma poupança melhor?

- Você sabe que ele vai ficar vindo atrás de você, não sabe?

- Deixei bem claro que não irei vender minha casa, por isso vai perder seu tempo mais uma vez que aparecer aqui.

- Aquele homem tem cara de que convence alguém a fazer o que ele quer apenas com um olhar. - Angel fica pensativa.

- Se isso realmente for verdade, acho que ele acabou de encontrar alguém que não está disposta a fazer o que ele deseja.

Ele que compre outras terras ou até mesmo desista desse hotel nessa localidade, porque eu não irei me desfazer da minha casa só porque ele quer.

Tenho certeza que ganharia um bom dinheiro, mas iria fazer o quê depois? Não vendo porque essa casa é uma herança que minha avó deixou para mim e meus irmão, e eu não irei me desfazer dela nem por todo dinheiro do mundo.

Antes de falecer vovó percebeu que meu pai estava se afundando em dúvidas e em bebidas, como também estava acabando com tudo que havia construído ao longo dos anos, por isso ela acabou dando seu imóvel para mim, Bryan e Ava.

Minha casa foi a única coisa que meu pai não foi capaz de vender por causa de suas dúvidas, porque ela já estava em meu nome há muito tempo, caso contrário meus irmãos e eu estaríamos na rua.

Antes de falecer, papai tentou me convencer a vendê-la várias vezes, mas eu não lhe dei ouvidos e ignorei seu pedido. Ele deveria estar cuidando de sua família e não o contrário, por isso pedi para ele nunca mais tocar nesse assunto novamente, mas ele não respeitou meu pedido.

Papai percebeu que eu não iria lhe dar ouvido e falou coisas cruéis que me magoaram muito, e foi nesse mesmo dia que ele e minha mãe faleceram.

Após brigar comigo ele saiu de casa, e algumas horas depois minha mãe recebeu uma ligação pedindo para buscá-lo em um bar porque ele estava bêbado e caçando briga com as pessoas, e naquela noite na volta para casa, não se sabem ao certo o que causou o acidente, mas eles morreram porque minha mãe bateu com o carro de frente com uma árvore.

Talvez ela tenha dormido no volante, ou talvez meu pai tenha feito alguma coisa para fazê-la perder a direção do veículo, e isso nunca saberei ao certo.

Me senti culpada por muito tempo pela morte de ambos, porque eu dizia a mim mesmo que se tivesse aceitado vender nossa casa, ele não teria saído de casa para beber, e mamãe não teria que ter ido buscá-lo no bar.

Hoje eu vejo que a culpa não foi minha, mas em alguns momentos eu ainda me pergunto se realmente estou certa em não me culpar.

- Se ele pedisse para sair com ele eu iria sem pensar duas vezes. - Angel fica toda sonhadora.

- Acorda Angel, isso não vai acontecer.

- Não custa nada sonhar. - Ela sorri enquanto da de ombros.

- Até em sonho isso será impossível de acontecer.

Espero que Angel não se iluda achando que Bruce irá querer alguma coisa com ela, porque tenho quase certeza que ele não se envolve com meras humanas.

- Você é muito pessimista.

- Eu sou realista. - Sorrio de canto. - É bem diferente de ser pessimista.

Angel vive em um mundo fantasioso onde acha que tudo que ela deseja estará aos seus pés em um piscar de olhos. Eu já penso totalmente diferente da minha amiga, e sou mais cética em muitos detalhes, porém eu ser pé no chão, não quer dizer que eu seja pessimista.

Apenas sei quando algo é para mim, e quando eu vejo que vale a pena o esforço, caso contrário nem perco meu tempo com algo que eu tenho certeza que iria falhar.

- Eu vou conquistar esse homem. - Angel fala com convicção. - Ele vai comer em minha mão.

Paixão Indesejada Onde histórias criam vida. Descubra agora