Proposta?

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— Antes de qualquer coisa, como você conseguiu o meu número? — Josh perguntou se sentando de frente para Sina, a cafeteria que estavam era bem chique, de cores escuras e a música clássica que tocava deixava o ambiente mais aconchegante.

— Me desculpe por isso, eu consegui com uma amiga modelo que já trabalhou para a sua revista por um tempo — A garota sorriu envergonhada — Eu sei que essa notícia é ruim para você assim como é para o Noah, mas isso me fez pensar numa proposta um pouco louca, confesso.

— E qual seria essa proposta?

— Noah tem uma viagem para Florença, na Itália, só que... Bom, ele tem algumas inimizades por lá.

— Isso não me surpreende nem um pouco, Senhorita Deinert.

— Se não for pedir muito, eu quero que você o acompanhe nessa viagem, eu sei que parece loucura mas... Joshua, você é um homem decidido e sabe tomar decisões certas mesmo nos momentos de cabeça quente, o Noah precisa de alguém assim nessa viagem para que cuide dele e não permita que faça nenhuma loucura.

— Você está doida? Por que eu toparia uma coisa dessas? Se está preocupada com isso então vá você para Itália com ele.

— Eu não posso, eu vou para Alemanha visitar a minha mãe que está acamada e doente, por favor Joshua, eu não tenho mais ninguém para pedir esse favor, o Noah precisa dessa segurança mesmo que não assuma. O meu melhor amigo pode ser uma pessoa imatura, mas eu juro que ele jamais seria capaz de algo errado como os pais deles fizeram, você vai perceber isso também — O olhar de Sina demonstraram que ela não mentia, pelo contrário, eles pareciam implorar pela ajuda de Josh.

O canadense ficou em silêncio pensando na hipótese de aceitar essa proposta, claro que ele não odiava Noah Urrea, apenas não gostava de sua personalidade e forma de agir já eram tão parecidas com a de alguém que Joshua desejava esquecer todos os dias. Any e Diarra com certeza diriam não sem pensar duas vezes e esperavam que Josh fizesse o mesmo, mas... Ele havia sido abençoado e amaldiçoado com um coração muito bom que era incapaz de recusar ajudar alguém.

E naquele momento, ele não estava pensando em ajudar Noah, e sim tranquilizar o coração da alemã que parecia querer chorar a qualquer instante. O que ele poderia fazer? Iria aguentar Urrea por algumas semanas apenas? Dias ou até meses? Ele não sabia se valia a pena deixar a sua revista nas mãos de outra pessoa apenas para cuidar de um cara que sempre o ofendia.

— Sina, eu não posso deixar o meu trabalho de lado e espero que entenda isso, então me explique quanto tempo durará essa viagem e o que eu devo fazer e apenas assim poderei tomar uma decisão.

— É apenas uma semana, tudo que você precisa fazer é acompanhar Noah para todos os lugares que ele for, lugares que sejam importantes, não o deixe ir para lugares que não estejam na agenda, as vezes Noah consegue ser pior que uma criança.

— Ou seja, eu preciso ser babá de Noah Urrea por uma semana?

— Eu juro que não estaria pedindo isso caso não me preocupasse com a vida do meu melhor amigo — Josh também não gostava de se meter em coisas perigosas, viajar com Noah poderia ser considerado uma dessas coisas perigosas, mas era algo a se questionar.

— Eu tenho tempo para pensar?

— Dois dias até a viagem, pense com carinho, eu irei retribuir da forma que quiser assim que voltarem da Itália — Sina sorriu e se levantou — Preciso ir, nos falamos em breve.

Josh ficou naquela cafeteria olhando para o além e bebendo um copo de chá de camomila, ele realmente estava pensando e muito nessa história, uma semana longe de sua revista não iria afetar os negócios e sabia muito bem disso, então não afetaria o seu trabalho, no entanto, como ficaria o seu psicológico?

Ele não conhecia Sina o suficiente para saber se ela era confiável ou não, se estava brincando consigo ou realmente estava preocupada com a segurança de Noah, talvez tudo isso não passasse de uma brincadeira para que o estadunidense pudesse rir e zoar com a cara de Josh. Era difícil tomar uma decisão, mesmo que recebesse uma bronca o canadense sabia que só poderia tomar uma decisão após falar com Any Gabriely.

Sua melhor amiga precisava saber disso e dar a sua opinião sobre os próximos passos de Joshua, apenas assim ele se sentiria mais confiante.

Ele voltou para o seu prédio e continuou o seu trabalho tranquilamente, terminou de organizar as fichas e as deixou de lado. No final do dia foi para o seu carro e esperou que Any viesse e se sentasse no banco do passageiro.

— Você está com cara de quem quer me contar uma bomba e necessita da minha opinião sobre o assunto, diga logo — As vezes Joshua se surpreendia com a capacidade de Any de conhecê-lo tão bem, parecia que conseguia ler a sua mente e o seu coração melhor que o próprio.

— Sina Deinert me fez uma proposta — Enquanto dirigia para o prédio que ambos moravam, Josh detalhava tudo que havia acontecido no seu horário de almoço e prestava atenção nas expressões de Any, que por enquanto não entregavam se estava interessada ou com ódio.

— Bom, eu entendi — Any começou a dizer assim que Josh terminou — Eu diria que não iria de forma alguma, mas sei que o seu coração é muito bom e algo dentro de si está dizendo que deve ajudar Sina, não Noah, apenas a garota.

— Então o que faço?

— Se sentir melhor ajudando então vá em frente, eu cuido da Doll Face por essa uma semana e estarei sempre disponível para que você desabafe sobre o quão insuportável Noah Urrea consegue ser — Os dois riram e Josh estacionou o seu carro na garagem do prédio que moravam — De verdade, siga o seu coração, Josh, eu irei te apoiar em qualquer decisão.

— Muito obrigado por me ouvir, Any.

— Não precisa agradecer, bobo, somos melhores amigos e estamos sempre juntos nos momentos bons e principalmente nos ruins — A brasileira beijou a bochecha de Joshua e logo se despediram, cada um seguindo seu caminho para a própria casa.

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