Festival

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Noah acordou às quatro da manhã após um pesadelo, infelizmente acordar assustado e suado já fazia parte da sua rotina, o rapaz tinha pesadelos constantes e sempre envolvendo a sua família. Ele olhou para o lado e viu Joshua ainda dormindo tranquilamente, era a primeira vez que via o canadense parecendo tão em paz consigo mesmo, fazendo Noah pensar como devia ser ter uma boa noite de sono, sem pesadelos ou com a cabeça cheia de preocupações.

Devia ser ótimo.

Urrea se levantou e foi tomar um banho, tentou ao máximo relaxar mas o seu corpo todo continuava tenso e sua cabeça começava a doer, ele vestiu uma calça jeans e um moletom rosado fofinho, ele saiu do banheiro e se sentou no sofá pequeno, pegando uma das suas malas e tirando de lá o seu notebook. Já era de manhã em Nova York então Sina devia estar acordada.

— Ainda é muito cedo aí, o que está fazendo acordado? — a Alemã perguntou aparecendo na tela com um pequeno sorriso no rosto.

— Pesadelo, de novo.

— Joshua acordou?

— Ainda não, sorte que dessa vez eu não acordei gritando de medo e parece que não me mexi muito, de todos os meus pesadelos esse chegou a ser o mais leve de todos.

— Um dia eles vão embora, ok? Eu sei que vão.

— Só no dia que eu morrer, Sina, até lá serão longos anos sem uma única boa noite de sono.

— Não fale assim, parece impossível mas a sua vida pode virar de cabeça 'pra baixo em questão de segundos, sabia? E eu nem estou falando de uma forma negativa, pelo contrário, as vezes é questão de tempo para que coisas boas comecem a acontecer.

— Eu já tenho mais de 20 anos e a única coisa boa que aconteceu na minha vida foi você.

— Mas ainda não é o fim, seja mais otimista, Urrea — Sina sorriu e Noah devolveu, mesmo que não conseguisse acreditar no que disse, para ele não existia como escapar da sua triste realidade de vida.

Conversou com sua amiga por mais um tempo até ela avisar que precisava voltar para o trabalho, Noah deixou o seu notebook de lado e após ver o horário, 06:32, logo teria que sair então ficou olhando para o nada esperando que Joshua acordasse.

— Finalmente, pensei que iria perder a hora — Noah diz assim que Josh desperta e começa a se espreguiçar, o rosto dele estava vermelho e um pouco inchado por conta do sono e os olhos pequenos e bem vermelhinhos. Noah amaldiçoou Joshua ainda mais agora por achá-lo bonito. Não era possível alguma pessoa ficar tão bonita logo após acordar.

— O que estava fazendo parado aí olhando 'pro nada? — A voz de Josh estava rouca e então se levantou da cama, indo abrir sua mala e pegar suas roupas.

— Eu acordei muito cedo e fiquei esperando a sua vontade de levantar da cama, vai logo tomar um banho para sairmos.

Joshua não rebateu e foi para o banheiro, saiu minutos depois já pronto e falando que deviam comer algo antes de irem para o festival que iria ter na cidade, lá onde Noah teria uma entrevista para falar sobre a sua revista e o sucesso da família Urrea, o de sempre.

Os dois foram para um restaurante que ficava próximo ao hotel e comeram uma torta de morango e suco de laranja, sem trocarem nenhuma palavra o tempo todo. Logo em seguida, foram para o festival que já estava ocupando o parque todo e até mesmo as ruas, tudo estava decorado lindamente e pessoas corriam de um lado para o outro se divertindo.

Beauchamp ficou em um canto escutando Noah dando sua entrevista, falando manso e dando um sorriso doce e inocente, como se ele fosse um amorzinho de pessoa, como um anjinho. Ah, se soubessem..

— Acabou, vamos aproveitar um pouco do festival ou você vai ser chato e me obrigar a voltar para o hotel? — Noah perguntou se aproximando.

— Bom, você tem outra entrevista para um programa de fofoca mas é apenas de noite, então sim, você pode aproveitar o festival mas não saía do meu campo de visão — Noah deu de ombros e saiu andando sem olhar para trás.

O rapaz sabia aproveitar uma boa comemoração, mas por ser um festival onde todas as pessoas poderiam o ver, sabia que devia se conter e agir direito para que os veículos de fofoca não falasse besteiras. Josh assistiu o menino se enchendo de doces e qualquer coisa que fosse comestível, parecia que ele não comia há muito tempo mesmo que tivesse comido a torta mais cedo.

O canadense se sentou no banco após comprar um potinho de salada de frutas, de longe podia ver Noah dividindo o seu algodão doce, que havia acabado de comprar, com duas crianças fofinhas. Não queria assumir, mas acabou sorrindo ao ver aquela cena e a achou extremamente fofinha, aquele Noah não parecia nada com o que ele conhecia, quem dera se fosse dessa forma com todos.

— Joshua, Joshua... Ô cacete, me escuta — Josh estava tão perdido nos seus pensamentos que não tinha notado que Urrea já estava na sua frente, quase o batendo para que voltasse para a realidade.

— O que foi, caramba?

— Então, nós precisamos ir embora agora.

— Já? Pensei que estivesse gostando do festival.

— E estava, mas você não entende, eu preciso ir embora agora — Noah parecia assustado e olhava de um lado para o outro, procurando por alguém e voltando a olhar para o canadense — Vamos logo, caralho, antes que eles me vejam.

— Ok, vamos — Josh largou o potinho com salada de frutas e se levantou, segurando a mão de Noah e o arrastando para fora do parque. Naquele momento os dois não tinham nada na cabeça além de uma única coisa, voltarem o mais rápido possível para o hotel.

Quando pararam de andar, esperando os carros passarem para atravessar a rua, Josh sentiu que Noah estava tremendo e o estadunidense apertava a mão de Joshua sem se importar com o fato de odiar o canadense.

Demoraram alguns minutos até voltarem e assim que chegaram, Urrea foi logo para o banheiro e se trancou lá.

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