Não há como negar || Compreender (Parte 2/3)

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 Ao acordar e se deparar com cobertores fofinhos numa cor verde limão, certamente sabia que não estava no hotel, muito menos em sua própria casa. Bakugou levantou-se no mesmo instante com sua cabeça latejando como o inferno, a boca seca tinha um gosto amargo e não perguntou coisa alguma ao pegar o comprimido em cima da cômoda, em seguida a água.

Porra! Tinha feito muita merda. Simplesmente ficou bêbado e foi levado para a casa de um estranho e... Não, não era a porra de um estranho, senão sequer teria tomado aquele remédio. Ele sabia muito bem quem poderia ter um fodido cobertor verde para caralho, ainda mais quem possui tantos quadros espalhados pelo quarto. Então suas mãos pressionaram o tecido e o copo quase ao ponto de sentir que o vidro iria trincar. O loiro disse coisas demais e agora estava com as mesmas roupas do dia anterior, deitado na cama alheia. Lembrava-se de ter apagado no sofá, ele ainda havia sido carregado? Puta inferno...

— Kacchan? Que bom que acordou, bom dia! Estou pensando em fazer uma receita que aprendi, exclusiva do meu professor do quarto semestre. Você vai gostar! — Izuku entra no quarto com muita naturalidade, ostentando somente uma toalha pendendo nos quadris, que denunciava o banho recente, assim como os cabelos pingando um pouco, as gotículas caindo sobre o peitoral e descendo.

Katsuki não deveria estar olhando tanto.

— Que porra eu to fazendo aqui? — Bakugou questiona mesmo tendo pouca ciência da resposta, somente porque era difícil crer que ele tinha sido tão idiota a esse ponto. Ainda sentado na cama, olhou para o colega sem saber como se portar, ciente de cada frase que disse, embora fora burro em não notar que estava dizendo para a última pessoa que deveria ouvir.

— Você lembra de ontem? Da balada e tal... Nossos amigos e... — Midoriya acaba não continuando com a frase, baixando a voz cada vez mais enquanto coça a nuca desconcertado. Se Bakugou não lembra-se do que disse, tem total direito de estar bravo e confuso, mas ao contrário do que o esverdeado esperava, ao encarar o loiro novamente, encontra-o fitando de volta com ainda mais intensidade.

— Sim, eu chorei que nem um idiota no balcão do bar, falei um monte de coisa e alguém trocou meu pedido de "mais whisky" por uma água, mas eu não cheguei a beber. Aliás, alguém não... — Katsuki não seria tão aberto normalmente, porém tudo o que tinha a esconder já está no ar, então por que tentaria negar mais? — Você.

Izuku fica paralisado por um instante, segurando fortemente a toalha presa na cintura e respirando fundo ao manter aquele olhar. Portanto era verdade, ainda é. Entretanto, ele não precisaria se preocupar em ter que confirmar o que tivera. Contudo, vagava um pouco na mágoa por não o ter dizendo exatamente o que queria ouvir.

Determinado em saber até onde aquela coragem do loiro podia chegar, Midoriya inspira profundamente, acalmando-se o máximo possível, dando passos lentos até chegar perto o bastante da cama para ficar quase na frente de Bakugou, sentado na beirada.

— Sim, mas você não pretendia dizer aquilo pra mim, não é? — Ainda era um tanto doloroso pensar que Katsuki apenas revelou seus sentimentos, por achar que a pessoa escutando era um outro qualquer, que porventura esbarrou em sua infelicidade e quis saber mais sobre ela. Izuku queria que a declaração fosse espontânea, mas sabia que era pedir demais.

— Não, e se você puder esquecer, eu agradeço. Agora licença, eu preciso voltar pro hotel — Katsuki sentia-se um covarde por optar ir pelo caminho mais fácil, se mantendo em negação para alimentar os temores que sempre lhe pegavam, quando pensava na possibilidade de dizer a verdade. Não podia manchar a alegria que Izuku exalava com todo seu estresse e mal humor, por mais que trabalhasse isso em terapia desde que se afastou e entrou na faculdade de Química. Deku já havia sido assunto com sua psicóloga diversas vezes, mas até hoje a terapeuta não tinha conseguido o ajudar a tirar isso da mente.

Only BakuDeku || One Shot's e Short Fic'sOnde histórias criam vida. Descubra agora