O recomeço

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JULHO DE 2014

Menos de 6 meses que eu tinha voltado para o Rio de Janeiro (minha cidade natal), depois de passar 4 anos da minha vida em Natal (Rio grande do Norte), em um relacionamento que afirmo ter sido confuso e destruidor. Ainda estava me refazendo do estrago que essa relação me causou psicologicamente. Já não nutria nenhum sentimento positivo pela minha ex, era indiferente para mim a existência dela e mesmo lutando dia e noite para esquecer um passado tão presente, existia sequelas daqueles anos perturbadores que insistiam em atormentar minha mente.

Quando cheguei no Rio, fui morar na casa da minha avó com meu filho. Foi complicado! Meu tio morava na parte de cima da casa e nós nunca nos demos muito bem, além de ser um machista do caralho é um homofóbico babaca e achava que eu não deveria morar lá. Mas minha avó sempre contornava a situação e ele tinha que engolir minha presença. Mesmo assim não me abalava por causa dele, só queria mesmo esquecer o passado e começar uma nova fase da minha vida.

Alguns dias se parraram... Tentando uma nova fase, minha avó que já trabalhava como camareira em uma peça de teatro conseguiu um trabalho para mim na bilheteria. Trabalhava apenas as quintas, sextas, sábados e domingos, das 18:00 as 22:00 horas, era moleza. Conseguia ganhar uma grana e tinha dias que nem lembrava do inferno que passei em Natal. A verdade é que estava sendo uma terapia e cada vez eu me reencontrava e rasgava uma página ruim, a vida estava sorrindo e me mostrando como era bom viver novamente.

Nos meus dias de folga eu frequentava minha casa de Umbanda (sim, sou espirita; me orgulho disso, e caso isso seja um empecilho para você não continuar lendo, lamento). Passava vários dias lá e me sentia muito bem. A casa era da minha mãe, que não fazia muita questão da propriedade e assim deixou meu irmão e eu cuidando. Antes de ir morar em Natal a casa estava vazia, quando voltei meu irmão estava morando junto com sua namorada e um amigo/irmão nosso e acabou cedendo o espaço para nossa mãe de santo tocar a Umbanda dela, até ela organizar outro lugar para fazer sua própria casa de santo. Durante os dias de sessões a casa ficava bem cheia era uma festa só. Eu ficava mais lá do que na casa da minha avó que sempre reclamava por eu frequentar as "macumbas" segundo ela.

Alguns meses depois, já estava bastante recuperada, me sentia livre e dona de mim. Me permiti fazer novas amizades, conversava em sites de relacionamentos, conheci algumas mulheres loucas, rs, mas nada sério. Só queria amizade, relacionamento estava fora de questão, não tinha estrutura nenhuma para algo sério.

Era uma segunda-feira, estava entediada em casa, até conversei um pouco com umas amigas, mas elas tiveram que sair. Então só pra passar mesmo o tempo entrei no Facebook. Eu até participava de alguns grupos de paqueras e amizades, mas sempre achei perda de tempo. Até que nesse dia um dos grupos que eu participava estava fazendo uma brincadeira que teríamos que deixar o nosso número de celular para fazer novas amizades. Achei legal, então deixei o meu. Caso alguém mandasse mensagem já deixaria claro que procurava só amizade mesmo.

No dia seguinte, 26 de agosto de 2014, acordei umas 10hrs, peguei o celular e fui em direção ao banheiro. Coloquei o carregador na tomada que tinha na porta do banheiro e liguei o celular. Enquanto ligava, fui tirar a roupa. Me enrolei na toalha e fui verificar as mensagens que iam chegando. Fiquei na porta do banheiro respondendo algumas e notei que havia recebido duas mensagens de dois números diferente que não estavam salvos em meu celular.

Abri a primeira mensagem que logo de cara tinha a foto de uma mulher e dizia o seguinte: "Oi gata, afim de tc"? "tá solteira vc"?

Nem me dei trabalho de responder. Achei a abordagem muito sem noção, muito desesperada e não hesitei em apagar. Já estava esperando por essas coisas, mesmo assim arrisquei e deixei meu número. Em seguida fui abrir a outra mensagem do número desconhecido. No primeiro momento já fiquei meio desconfiada, porque o número em questão não tinha foto de ninguém, era apenas um fundo preto e nele escrito: LUTO. E na mensagem consistia a seguinte frase: "Oi, vi teu número na postagem de um grupo no face. Um abraço e ótimo dia."

Uma verdade para abraçar, sempre!Onde histórias criam vida. Descubra agora