- acordo

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Wang Yibo não sentia nada.

Para não dizer de forma literal, ele sentia uma pequena emoção constante e incômoda a cada dia: tédio.

Tão rico em dinheiro quanto em beleza, seu rosto atraente fazia desejar qualquer um que passasse por este.

A postura, os olhos imersos em uma frieza intocável e um quê de algo indizível misturados ao mistério de como alguém poderia nascer com tantos bons aspectos e mover o mundo a sua maneira pela forma que quisesse era algo que pairava ao redor.

Wang Yibo, CEO do conglomerado YISHU, havia acabado de perder o próprio avô, último parente vivo.

Alguém que o repreendeu grande parte da vida, o havia deixado dentro de um colégio interno por anos, o enviou para uma faculdade em outro país... Aquele homem havia partido.

A única pessoa que poderia ter lhe dado o que procurava, embora não dissesse em voz alta a resposta.

Algo que ele não se permitia se ver desejando.

Dentro da limousine, Wang Yibo observou a cidade do lado de fora da janela.

Estava chovendo, o céu estava sem graça e feio, as pessoas corriam com e sem guarda-chuva, o trânsito parava de minuto em minuto...

Lá fora tudo era caos.

Dentro, o caos se mantinha, mas não no espaço onde estava.

Caos era a denominação perfeita da mente de Wang Yibo que não cessava pensamentos.

Ele era conhecido como o rosto que não se expressa. No entanto, Wang Yibo não via aquele título como um ultraje, senão, sua própria verdade.

Embora parecesse não dar o mínimo de importância para o que acontecesse, Wang Yibo só nunca tinha aprendido tal coisa.

Não havia pranto. Não havia uma gota sequer de lágrimas que poderia derramar.

E ainda assim, o tédio crescia, enquanto o coração escondia quais deveriam ser as sensações a sentir.

"Pare o carro." Ele pediu para o motorista.

"Ainda não chegamos na residência, senhor."

"Quero ficar aqui." Ele disse sem pestanejar. O motorista, acostumado com o jeito rígido e insípido, rapidamente encostou o automóvel ao lado da rua.

Wang Yibo não tinha um guarda-chuva. Ele trajava um sobretudo elegante, que custava mais do que várias casas somadas. Ele escondeu os anéis dentro de seus bolsos e virou-se uma última vez para o motorista, afirmando que o mesmo não precisava se preocupar.

"Para onde irá, senhor?" Ele perguntou completamente preocupado pelo CEO.

Wang Yibo olhou ao redor sem se preocupar se os segundos transcorriam e seu corpo molhava com as incessantes gotas do céu.

Para algum lugar onde eu não consiga me encontrar. Ele desejou falar.

"Não se preocupe." Reforçou-se a dizer.

Dando as costas, Wang Yibo caminhou lentamente, de cabeça baixa. Não haviam toldos ou tetos que pudessem salvá-lo da água que nele caía.

Ele passava ao lado de vitrines de todo o tipo de loja. Ele não sabia dizer se algumas pessoas na rua o haviam identificado, mas ele não passou despercebido.

Aquilo incomodava mais do que o tédio conseguiria.

Ele apertou o passo para passar pela maioria das pessoas que andavam na calçada, até encontrar, de repente, a frente de um local que era bem iluminado, porém vazio.

ABSTRATO | YIZHANOnde histórias criam vida. Descubra agora